FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Estudantes da Poli-USP recebem reconhecimento por projeto que utiliza IA para potencializar a educação básica brasileira


Plataforma desenvolvida pela equipe pretende auxiliar escolas públicas a destinar recursos financeiros para áreas estratégicas e melhorar  desempenho dos estudantes no vestibular

-Por Yasmin Araújo

O educ.AI, um grupo formado por três estudantes da Escola Politécnica, ganhou recentemente uma premiação na Brazil Conference, um evento organizado por alunos brasileiros que estudam nas Universidades de Harvard e Massachusetts Institute of Technology (MIT), em reconhecimento a um projeto que utiliza Inteligência Artificial (IA) na educação.

Com uso da tecnologia, Yasmin Feitosa (Engenharia Elétrica), Giovana Dovich (Engenharia Elétrica) e Augusto Villar (Engenharia da Computação) desenvolveram uma plataforma que tem como objetivo auxiliar escolas públicas a administrar o seu orçamento de maneira a contribuir para a melhora da performance dos alunos no ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio).

A solução foi apresentada nos dias 6 e 7 de abril na 10° edição da Brazil Conference, um evento promovido por estudantes brasileiros da região de Boston, que tem como finalidade impactar o desenvolvimento do País por meio da promoção de discussões e colaborações que caminham no sentido da inovação. A conferência foi responsável por premiar os três finalistas.

Esta edição, que teve como tema “O encontro de vários de Brasis” trouxe, pela primeira vez, o projeto AI4Good, de nome homônimo ao prêmio concedido ao grupo. O Desafio de Inteligência Artificial é direcionado a resolução de problemas sociais e a geração de inovação nas áreas da saúde, do meio ambiente e da educação.

 

Desenvolvimento da educ.AI

Yasmin Feitosa conta que, após assistir workshops disponibilizados pela Brazil Conference sobre IA, o grupo teve o desejo de “pensar em propostas que resolvessem um problema real do País utilizando tal tecnologia”.

A educ.AI nasce em novembro do ano passado e captura parte importante da trajetória de seus integrantes. “Por eu e Giovana termos estudado sempre em escola pública, veio naturalmente a ideia de resolver o problema da gestão de recursos. Para o desafio, nós passamos pouco mais de uma semana em novembro realmente fazendo a prova de conceito”, explica a estudante.

A plataforma

"É essencial uma ideia com impacto na sociedade e que tenha viabilidade em seu desenvolvimento"

A educ.AI é alimentada pelos dados do Ministério da Educação e do Censo das Escolas da Educação Básica do Brasil aliados ao uso de uma série de instruções em linguagem Python. Relacionando as bases de dados, é possível avaliar de que forma a condição da infraestrutura das escolas reflete na performance dos estudantes no vestibular. A partir das informações, a inteligência artificial desenvolvida instrui, de maneira estratégica, para quais áreas os recursos financeiros devem ser destinados.

Augusto evidencia como as aulas na Poli foram essenciais para pensar a estrutura do projeto e a importância de fomentar iniciativas com impacto social. “Acreditamos que a estruturação de um projeto é extremamente importante e algo que tivemos a oportunidade de aprender em nossas diversas matérias dentro da Poli. É essencial uma ideia com impacto na sociedade e que tenha viabilidade em seu desenvolvimento. No projeto, criamos uma ferramenta para gestão de recursos utilizando nossos conhecimentos de Inteligência Artificial, mais especificamente de Machine Learning”.

Reconhecimento internacional e futuro da educ.AI

O grupo foi o terceiro premiado e subiu no pódio juntamente a outros dois projetos. Um deles utiliza a AI para predizer áreas costeiras em Salvador que serão impactadas pelo aumento do nível marítimo e fornecer dados para o fomento de políticas públicas. O outro, é uma iniciativa que auxilia a prática da Yoga para pessoas com deficiência. O aplicativo Shanti une a Inteligência Artificial ao uso da câmera do celular. 

Giovana celebra a premiação e fala sobre o futuro do projeto. “É uma grande honra ver todo o reconhecimento do nosso projeto em duas das melhores faculdades do mundo e poder divulgá-lo para grandes nomes da área de educação e inovação. Foi, realmente, uma oportunidade única. Seguimos firmes com o propósito do projeto e acreditamos que a proposta pode impactar a vida de inúmeros jovens estudantes. 

A estudante ainda fala sobre os próximos passos do projeto, que irá incluir uma diversidade maior de dados e variáveis e consequentemente abranger um número maior de realidades. “Pensando no futuro do educ.AI, gostaríamos de aperfeiçoá-lo e garantir a solução cada vez mais eficiente, considerando recortes e infraestruturas específicas, como, por exemplo, se a escola é de zona rural ou urbana, o nível de inclusão (se é uma escola especial), entre outros detalhamentos. Mas, acima de tudo, queremos ver todo esse potencial aplicado e buscar vias públicas de implementação para que seja real a melhoria que o projeto pode trazer para uma escola pública”.

A equipe contou com o apoio da Fundação da Universidade de São Paulo (FUSP), por meio da qual viabilizaram as passagens aéreas de um dos integrantes. 

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