POLI 130 ANOS

Tradição e modernidade

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Especial 130 anos

Poli-USP teve participação ativa e de destaque na Revolução de 1932

Além da fabricação de artefatos de guerra, Escola Politécnica participou politicamente articulando e defendendo os ideais da revolução 

Granadas, lança-chamas, foguetes luminosos e bombas de fumaça foram alguns dos artifícios produzidos pela Escola Politécnica da USP durante a Revolução de 1932. A Poli foi convocada pelo Estado e prontificou-se a dar assistência. Sua contribuição, no entanto, não se restringiu apenas à produção bélica, mas também à participação política ativa. O evento histórico foi motivado por uma série de insatisfações, resultando em um confronto armado entre forças majoritariamente paulistas contra o governo de Getúlio Vargas.

“A 9 de Julho de 1932 irrompeu neste Estado um grande movimento armado animado do mais puro idealismo, sob as aclamações calorosas de crianças, de moços e de velhos, sublevação heróica com o incondicional apoio de ricos e pobres, homens e mulheres. E a nossa Escola, através de todo o seu corpo docente e discente, unânime e coesa, apressou-se em hipotecar completa e irrestrita solidariedade ao movimento assim deflagrado”, descreveu a Revista Politécnica, produção criada pelo grêmio em 1904. Durante os meses de conflito, a Poli se tornou uma fábrica de guerra, com inúmeros voluntários. 

 

Reprodução/Ricardo Della Rosa

Reprodução/Ricardo Della Rosa

O Governador da época, Pedro de Toledo, solicitou o apoio da Escola e todos seus laboratórios para constituírem o Serviço de Engenharia da Força Pública do Estado. A Congregação da Politécnica acatou formalmente o pedido, e o professor Mário Whately assumiu a direção como delegado do governo. O objetivo da Revolução era a derrubada do governo provisório de Getúlio Vargas, a promulgação de uma nova constituição e a convocação de uma Assembleia Constituinte. Ainda que em caráter provisório, Vargas iniciou o processo de centralização do poder, extinguindo os órgãos legislativos em todos os níveis, nomeando interventores estaduais e suspendendo direitos constitucionais. 

 

O apoio não se dava apenas para alimentar as forças paulistas, mas politicamente a Escola estava solidarizada com a causa. A campanha Pró-Constituinte teve participação do Grêmio Politécnico. “O Grêmio tem apoiado com entusiasmo todos os movimentos que possam apressar a volta da Constituição. A história dirá que a mocidade acadêmica paulista contemporânea da Revolução de 1930 cumpriu o seu dever”, escrevia a Revista Politécnica. Armando Salles, politécnico que posteriormente viria a fundar a Universidade de São Paulo, também foi um dos articuladores da Revolução de 1932, exercendo papel de oposição, segundo a pesquisadora da Universidade de Brasília Carolina Soares Souza, em artigo apresentado no XXVII Simpósio Nacional de História. Além disso, muitos integrantes da Poli estiveram presentes no confronto diretamente nos campos de batalha. “A sua eficiência técnica, ao lado de um patriotismo sem limites, conseguiu elevar o conceito em que era tida a Escola Politécnica a um nível não alcançado por qualquer outra corporação que tomou parte da luta”, escreveram os estudantes no Relatório do Grêmio meses após o ocorrido.

Reprodução/Ricardo Della Rosa

Mesmo com o apoio de boa parte da população de São Paulo, após três meses de batalha, os paulistas se renderam. De acordo com dados oficiais, cerca de 830 combatentes morreram, somente do lado de São Paulo, conta matéria publicada no site do Governo de São Paulo. Apesar da derrota militar, os paulistas se consideravam vitoriosos em termos políticos, devido à realização de eleições para a Assembleia Nacional Constituinte. Em 18 de setembro de 1935, foi inaugurado o monumento em memória dos mortos na Revolução Constitucionalista, e a cerimônia contou com homenagens aos politécnicos que morreram durante a luta.

“As diversas seções de bombardas, granadas, munições para fuzil, máscaras contra gases asfixiantes, blindados, trabalhos cartográficos, bombas para avião, aparelhos de precisão, capacetes de aço, etc, dirigidas pelos lentes, auxiliados pelos alunos, permitiram levar a luta até um ponto não previsto pelo inimigo”, conta o relatório do Grêmio no ano de 1933. Os engenheiros desenvolveram equipamentos que nem mesmo o exército possuía.

Artefatos e estratégias

 Os politécnicos fizeram ainda projetos e execução de trincheiras, construção e reparação de estradas e pontes, instalação de telégrafos e telefones, além de abastecimento às tropas. O serviço de cartografia da Escola executou plantas dos diferentes setores de luta, fazendo cópias, ampliações, corrigindo detalhes e modernizando antigas plantas.

Máscara contra gases [Reprodução/IPT]

A Poli fabricou um foguete luminoso que estourava a 500 metros de distância, produzindo uma claridade com duração de 35 segundos, o que permitia identificar as posições inimigas. A pólvora para as granadas, o projétil de explosão, bombas para aviões, projéteis, morteiros, bombas de fumaça para dificultar a visibilidade das forças federais e munições para armas também foram fabricados.

 “Quantas vezes na fabricação, na trituração, na utilização do amonal, os químicos e os técnicos da Escola tiveram de resolver problemas que nunca imaginaram defrontar-se e, o que é mais, expor-se com pleno conhecimento do perigo e com fria coragem, no laboratório ou na fábrica, à iminência de uma explosão fatal”, descreve relato na Revista Politécnica.

Periscópios que permitiam ver o inimigo de dentro das trincheiras foram estudados e construídos. Binóculos doados por meio de campanha pública eram enviados à Escola, que os transformava em telêmetros para artilharia, dispositivos de precisão destinados a medir distâncias em tempo real.

Outros itens bélicos foram um canhão lança-minas, que lançava minas de 2 kg a 800 metros de distância, arame farpado, cavalos de Frisa e outros equipamentos de defesa na trincheira, além da elaboração de folhetos com instruções sobre as armas. Veículos como trens, carros e lanchas passaram por blindagem realizada na Poli. 

 A fiscalização técnica de toda produção cabia ao Laboratório de Ensaio de Materiais, que em 1934 ganhou autonomia em relação à Poli, tornando-se o Instituto de Pesquisas Tecnológicas. 


Outras informações sobre este momento histórico podem ser conferidas nas matérias abaixo:

https://www.saopaulo.sp.gov.br/ultimas-noticias/historia-saiba-o-que-foi-a-revolucao-constitucionalista-de-32/

https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=329170

http://br802.teste.website/~buxclu62/arquivos/leia-um-trecho/revolucao_de_1932.pdf


Escola Politécnica
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