FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Com uma incrível estrutura física e de suporte à pesquisa, KAUST é oportunidade de aperfeiçoamento para engenheiros e pesquisadores

A Escola Politécnica (Poli/USP) recebeu, no dia 4 de novembro, a visita de representantes da King Abdullah University of Science and Technology (KAUST) da Arábia Saudita para apresentar a universidade e seus programas de mestrado e doutorado.

Durante a palestra, Michelle Duschang, diretora associada de admissões da KAUST, apresentou a proposta da universidade de oferecer uma estrutura completa para que se produza conhecimento, principalmente em tecnologia, tirando o foco do país apenas da exploração de Petróleo. Segundo Duschang, o objetivo do rei Abdullah Bin Abdulaziz Al Saud’s é deixar um legado para o país, que se baseia na projeção da KAUST como universidade de ponta mundialmente reconhecida até 2020. Para isso, a universidade conta com o apoio de grandes empresas multinacionais, como a Boing, a IBM e a Shell, que oferecem ótimas oportunidades de estágio para os estudantes.

A KAUST é uma universidade internacional de nível de pesquisa, ou seja, são admitidos apenas alunos de Mestrado e Doutorado, todos com bolsa integral. Além da bolsa, os alunos aprovados pelo processo de admissão, que envolve proposta de pesquisa e análise de currículo, recebem moradia e assistência de saúde e odontológica. A estrutura do câmpus compreende, além das estruturas de laboratórios e salas de aula, uma série de serviços de lazer, como shopping center, restaurantes, redes internacionais de fast food, cinema, marina para prática de esportes, campo de golfe, e uma estrutura completa de serviços, como atendimento de emergência, creche, escola, internet banda-larga gratuita, serviço de telefonia interno, etc. Além disso, um conjunto de prédios abriga os 40 mil moradores originados de todas as partes do mundo, o que faz com que a cidade tenha um estilo de vida internacional.

As pesquisas da KAUST tem foco nas áreas de interesse para a Arábia Saudita, para a região e para o mundo, por isso as disciplinas envolvem energia e meio-ambiente, dessalinização da água, Biotecnologia industrial e computação científica. Todas as aulas são realizadas em inglês, e a universidade criou e dá suporte a homens e mulheres de todo o mundo para que estes desenvolvam suas pesquisas. Segundo a professora doutora Suzana Pereira Nunes, brasileira e professora associada na KAUST, há a possibilidade de desenvolver pesquisas interdisciplinares em engenharia.

Para conhecer a proposta da KAUST e se candidatar a uma vaga de mestrado ou doutorado, acesse o site www.kaust.edu.sa. As inscrições vão até 25 de janeiro de 2012.

Confira a entrevista com a aluna de mestrado da KAUST, a chilena Pia Wiche, que se especializa em Engenharia Biológica (M.S. Biological Engineering) e passou dois meses na Poli/USP para complementar sua pesquisa.

– Por que você escolheu ir para a KAUST?

Na verdade, eu fui aceita na KAUST no ano 2008. Eu gostei da ideia porque, nesse tempo, a KAUST ainda era um projeto, e eu gostei da proposta da Arábia Saudita de mudar o foco do petróleo para o conhecimento. Além disso, eu tinha interesse em conhecer a cultura islâmica, porque não conseguia acreditar nas coisas que via na TV.

– Qual o diferencial da KAUST? O que ela tem de melhor em relação a outras universidades?

A KAUST tem várias coisas muito particulares. A primeira e mais óbvia é a comunidade internacional. Temos pessoas de mais de 80 países, entre professores e alunos. Ademais, a KAUST fica na sua própria cidade: o campus tem bairros, escolas, supermercado, praças, clínica, bombeiros, polícia, clubes, etc. Você encontra quase tudo aqui no campus. E quando não encontrar, pode pegar um ônibus para Jeddah e procurar lá.

– Que possibilidades a KAUST te ofereceu?

Aqui eu conheci pessoas de muitas culturas diferentes, aprendi muito a trabalhar e ser tolerante em todos os aspectos da vida. No plano mais profissional e material, a KAUST oferece bastantes coisas. Se ficar mais de um ano estudando, tem direito a uma passagem de avião até seu país de origem. A bolsa é muito boa – dá para gastar e viajar-, os professores são de excelente qualidade e os laboratórios são um sonho. Além disso, se você precisar de alguma coisa para sua pesquisa, não é muito difícil que a Universidade compre para você. Os Árabes têm muitos recursos e estão muito interessados em que a Universidade produza boa ciência.

– Você veio ao Brasil, para a Politécnica da USP, para complementar sua pesquisa? Conte um pouco sobre esse intercâmbio.

Eu fui para o Brasil para fazer pesquisa em Avaliação do Ciclo de Vida com o Professor Gil Anderi da Silva e seu time no Grupo de Prevenção da Poluição (GP2). Meu professor na KAUST foi muito gentil em abrir a possibilidade de passar dois meses no Brasil apreendendo aquilo que gosto muito: ACV. Agora estou fazendo uma pesquisa um pouco diferente (Pegada de água), mas estou aplicando as coisas que aprendi no Brasil.

– Como é a vida das mulheres na Arábia Saudita? Há mesmo muitas restrições como é dito aqui?

Então, aqui na Arábia tem dois mundos diferentes: dentro dos câmpus e fora. Fora do campus é a Arábia mesmo. Muitos homens vão de “thobe” e as mulheres vão de “abaya”. Usar uma abaya não é nada de outro mundo, é como uma camisa comprida. Os shoppings são engraçados. As lojas em geral se dividem em “singles” para homens solteiros e “family” para mulheres e grupos mistos. As mulheres nunca têm problemas com isso, e Jeddah é uma cidade bem aberta. Dentro do câmpus (KAUST tem um câmpus enorme) a vida é muito mais parecida com o Brasil, só que tem que ter um pouco de bom senso. Aqui temos pessoas de 80 países, de todas as religiões, então não é muito bom sair de minissaia! Todos os que moram aqui têm um pouco de cuidado com esse tipo de detalhe. No mais é muito normal. Tenho tido muitas discussões filosóficas e religiosas com amigos de variadas religiões e todos gostam de compartilhar.

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