FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Como parte do estudo, serão construídos três modelos físicos em escala reduzida

e um modelo computacional de todo estuário santista.

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) assinou na última segunda-feira (21/12) o contrato com a Universidade de São Paulo – USP, a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica – FCTH e a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia – FDTE para desenvolvimento de uma série de estudos multidisciplinares com intuito de avaliar as possibilidades técnico-econômicas de ampliação sustentável das atividades do Porto de Santos, sem perder de vista os impactos ambientais sobre as praias adjacentes. Os estudos serão conduzidos pela Escola Politécnica da USP, e sob coordenação técnica do engenheiro José Carlos de Melo Bernardino, Coordenador da Área de Modelos Hidráulicos da FCTH.

O setor portuário brasileiro apresenta um cenário de crescimento da movimentação de mercadorias. Deste modo, a demanda por navios maiores é crescente, em virtude da maior competitividade proporcionada por menores custos de frete. Isto faz com que sejam necessárias maiores profundidades e larguras, tanto no canal de acesso como nos berços de atracação, devido às dimensões destas embarcações serem superiores às atuais.

Para que este objetivo seja atendido, obras de intervenções são necessárias, tais como dragagens, construção de estruturas de abrigo e direcionamento de correntes, entre outras. Evidentemente, obras de engenharia como estas trazem necessariamente algum tipo de consequência sobre o meio natural em seu entorno. Desta forma, para o estudo detalhado destas intervenções faz-se necessária a utilização das ferramentas mais avançadas de que a engenharia dispõe atualmente, onde se aplica o uso integrado dos modelos físicos e computacionais, os chamados modelos híbridos.

No caso de Santos, vários problemas surgem em conjunto, o que não é surpreendente, por se tratar de um cenário tão complexo, envolvendo o maior porto do País. Por exemplo, o alargamento do canal de acesso ao porto em seu trecho 1 para 220 metros levantou questões sobre a influência desta intervenção na erosão na Ponta da Praia e sobre a necessidade de se manter tal largura. Sobre este assunto, o Ministério Público solicitou à Codesp que verificasse se a largura de 170 metros não seria suficiente para garantir às maiores embarcações previstas um acesso seguro ao porto, trazendo como benefício uma mitigação do processo erosivo nas praias adjacentes.

Outro assunto em grande destaque é a questão do aprofundamento do canal de acesso de Santos para a cota -17 m, de tal forma a permitir a entrada de navios de maior calado. Neste caso, a questão principal é quais são os tipos de intervenção necessários para atingir este objetivo, e quais seriam suas consequências em áreas adjacentes. Além disso, caso esta meta não possa ser atingida, o estudo deve definir qual seria o limite de capacidade operacional do porto, até onde ele poderia se expandir e de que forma.

Modelos físicos e estudos

Neste âmbito, a FCTH, entidade de apoio ao Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental da Escola Politécnica da USP, ficou responsável pelo desenvolvimento dos estudos em modelos físicos e computacionais que vão permitir uma avaliação técnica das possibilidades de intervenções no canal de acesso ao Porto de Santos, e alternativas para redução da erosão nas praias de Santos.

Para isto serão construídos três modelos físicos em escala reduzida e um modelo computacional de todo estuário santista, estando previstos os seguintes estudos: (1) verificação do impacto referente à redução da largura de 220 metros para 170 metros no trecho 1, tanto do ponto de vista da navegação, quanto das consequências nas áreas adjacentes, com aplicação de modelo computacional para verificação da questão da movimentação de sedimentos e influência no transporte litorâneo, e modelo físico para avaliação das condições de manobrabilidade de embarcações no trecho; (2) verificação da possibilidade de aumento da profundidade de todo o canal para a cota -17m, possibilitando assim a entrada de navios de maiores calados, propondo-se planos de dragagem, indicações de possíveis obras fixas necessárias para sua consolidação (guias-correntes), além de avaliação das condições de amarração e manobra das embarcações; e (3) avaliação dos efeitos morfológicos nas áreas adjacentes ao porto, sugerindo-se o indicativo de eventuais medidas mitigadoras e compensatórias em todos os cenários estudados, inclusive o cenário atual do porto.

De modo integrado aos estudos da FCTH, a FDTE dará apoio ao Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica da USP no desenvolvimento dos estudos de avaliação logística e econômica das obras de melhoria do Porto, que serão desenvolvidos pelas equipes do Centro e Estudos em Gestão Naval (CEGN) e Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (CILIP), bem como das simulações de manobras de navios em ambiente computacional, que serão desenvolvidas pelo Tanque de Provas Numérico (TPN).

“Portanto, por meio do Contrato entre a Codesp e USP foram integrados diversos centros de pesquisa dentro da Universidade, com diferentes especialidades, de tal forma a garantir uma avaliação integrada sob o ponto de vista técnico, econômico e ambiental das possibilidades de ampliação da capacidade do maior Porto da América Latina, com enfoque no desenvolvimento sustentável de toda a região do estuário de Santos”, conclui o engenheiro José Carlos de Melo Bernardino. 

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