FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Comparado ao método convencional, o tempo de construção

pode ser reduzido em até 40%.

Um sistema construtivo feito por brasileiros, que representa um avanço na qualidade em relação aos tijolos ecológicos, está concorrendo a uma vaga na etapa regional do Hult Prize 2017, da Hult International Business School e da Clinton Global Initiative. Se vencer, seus idealizadores terão US$ 1 milhão para executar o projeto que foi concebido para ajudar refugiados. Em todo o mundo, estima-se que o número de refugiados seja superior a 65 milhões de pessoas No Brasil são cerca de 9 mil refugiados reconhecidos, além de cerca de 80 mil haitianos com vistos humanitários ou autorizações de trabalho.

O projeto foi desenvolvido por pesquisadores do grupo de pesquisa NAP Mineração, liderado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), em parceria com as empresas i9 Building, Prensil, e S.R. Termoplásticos EPP. “Nossa ideia é oferecer moradia digna, além de capacitar e empregar refugiados na construção das casas. É um método facilmente replicável, barato e que pode ser utilizado em mutirões”, conta Fernando Rocha, pesquisador do NAP Mineração.

Inovação – Por esse sistema, os blocos de concreto têm pequenos furos nas bordas e se encaixam por meio de conectores de plástico. A argamassa é usada apenas para colar os primeiros blocos na base e no reboco, cujo revestimento tem apenas dois milímetros de espessura. Nas vigas e pilares é usado outro tipo de argamassa, o graute. “Os atuais tijolos ecológicos, produzidos de forma artesanal, a partir de areia e resíduos ou escórias de indústrias, apresentam variabilidade de matéria-prima e consequente perda de qualidade”, conta o pesquisador.

“Nosso sistema visa aproveitar os benefícios do sistema construtivo de blocos encaixados, que também dispensa o uso de argamassa, e superar as deficiências dos tijolos ecológicos”, explica. Os blocos encaixados, chamados de tijolos de solo-cimento, quebram mais facilmente, dificultando muitas vezes o encaixe entre blocos. “Isso não ocorre com o nosso método, devido aos nossos conectores de plástico”, acrescenta.

Economia – Comparado ao sistema tradicional, que usa argamassa para assentar os blocos, o custo de uma obra com esse sistema chega a ser 35% menor. “E o tempo de execução da obra pode cair quase pela metade”, destaca. Em valores, enquanto o metro quadrado de tijolos usando esse sistema sai por cerca de R$ 43,00, no sistema que usa tijolo ecológico custa R$ 68,00.

O impacto no meio ambiente também é menor. Além de gerar menos resíduos na obra (os blocos já vêm vazados para embutir encanamento e fiação, o que evita quebradeira), a inovação usa pouquíssima argamassa – matéria prima cuja fabricação é responsável por uma parte considerável da emissão de gases de efeito estufa. Os conectores, por sua vez, são feitos de plástico reciclável.

Peneira – Na primeira fase da competição, o projeto dos pesquisadores brasileiros foi selecionado como um dos 300 melhores entre 50 mil apresentados por equipes de várias partes do mundo. Eles, agora, concorrem à etapa regional do prêmio que, nesta edição, busca iniciativas inovadoras e empreendedoras que ajudem refugiados de todo o mundo a se restabelecer.

Na etapa regional, as equipes que tiveram seus projetos selecionados farão apresentações para a comissão julgadora. Os aprovados nessa fase passarão por um processo de aceleração e receberão apoio técnico para aprimorar os projetos e concorrer na final, que deve ser em setembro. O melhor projeto receberá US$ 1 milhão. Para arrecadar recursos e participar da etapa regional em Boston, o grupo brasileiro lançou uma campanha na internet. As contribuições podem ser dadas pelo site de crossfunding Kickante: http://bit.ly/2kb83gp

Mesmo que não cheguem à final, os pesquisadores veem no projeto um potencial produto para ser explorado por empresas brasileiras. Um sistema de franquia está sendo pensado pelos pesquisadores e pela i9, que patentearam a inovação. “Se um fabricante de blocos se interessar pela tecnologia, não precisará fazer grandes alterações em sua planta industrial. “Basicamente terá de adequar os equipamentos para usar nossos moldes de bloco”, diz Rocha.

Um vídeo sobre essa tecnologia está disponível na rede para os interessados: https://www.youtube.com/watch?v=FNSAIdk36rM&

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Érika Coradin 

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