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Link: https://jornal.usp.br/radio-usp/fluidez-e-seguranca-sao-contradicoes-da-mobilidade-urbana/
Data: 21/05/2025
Docente da Poli entrevistado: Mauro Zilbovicius é professor da Escola Politécnica da USP (Poli-USP) e ex-diretor da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de São Paulo.
Resumo:
O Estado de São Paulo registrou 1.416 mortes em acidentes de trânsito entre janeiro e março de 2025, segundo o Infosiga, sistema do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). A categoria de pedestres foi a mais acometida pela análise, com cerca de 288 vítimas. A problemática faz parte de discussões sobre a mobilidade urbana — a capacidade de as pessoas se deslocarem, de modo coletivo ou individual.
Mauro Zilbovicius, professor da Escola Politécnica (Poli) da USP, explica que a mobilidade envolve uma disputa entre fluidez e segurança. “Tem uma questão fundamental sempre, que é garantir, ao mesmo tempo, no tráfego, segurança e fluidez, dois objetivos que são contraditórios. Quanto mais fluidez no trânsito, menos segurança. Quanto mais segurança, menos fluidez”, explica. Para o especialista, a mobilidade vale para todos: pedestre, motociclista, ciclista, carroceiro e motoristas. “Todo mundo tem direito de se mover. E tem direito à segurança.”
O ex-diretor da CET esclarece que é importante que o Estado fiscalize e puna violações às leis de trânsito e às manutenções dos veículos. Para o professor, o Código Brasileiro de Trânsito é fruto de pressões políticas: “Na gestão presidencial anterior foi aumentado o número de pontos, que permite fazer mais infrações que antes. É o Governo falando: ‘Pode fazer, não tem problema’”.
Na visão de Zilbovicius, as multas aplicadas aos motoristas são efetivas, desde que gerem prejuízos a quem comete infrações: “Se você sabe que vai ser punido, que vai custar caro e que efetivamente toda infração vai ser cobrada, não vai ter infração”. De acordo com o Detran-SP, foram aplicadas 2,3 milhões de multas entre janeiro e agosto de 2024. Dentre as principais causas, estão o uso de celular durante a direção, falta de registro e licenciamento dos veículos e falta de uso do cinto de segurança. Para o especialista, o pouco debate acerca do destino do dinheiro arrecadado pelas multas e as propagandas são fatores que colaboram para o cenário.
Ele também defende o incentivo ao transporte coletivo. “O ideal é que o automóvel seja usado em complemento ao sistema público”. Para Zilbovicius, a segurança do percurso entre a moradia, o trabalho e o meio de deslocamento fazem parte da mobilidade urbana.
Repercussão: