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[Foto: Editor Goiano/ Wikimedia Commons]

 

Link: http://apublica.org/2025/07/do-amianto-as-terras-raras-cidade-de-goias-vive-entre-passado-e-futuro-da-mineracao/

Data: 01/07/2025

Docente da Poli-USP entrevistado: Fernando Landgraf é professor no departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da USP e coordenador do programa de Terras Raras do Instituto de Ciência e Tecnologia.

Resumo: Uma pequena cidade no norte de Goiás, onde ainda funciona a única mina de amianto das Américas, vem atraindo atenção mundial por abrigar a primeira operação fora da Ásia a produzir em escala comercial as principais terras raras – um conjunto de minérios fundamental para a transição energética e que está no centro da disputa comercial entre China e Estados Unidos.

A expectativa em torno da incipiente produção brasileira de terras raras se dá em um momento de preocupação global com a cadeia produtiva desses minérios – depois que a China, principal produtora desses minérios no mundo, restringiu suas exportações em resposta ao tarifaço promovido por Donald Trump.

Para a cidade e seus 27 mil habitantes, a nova exploração mineral é a promessa de um recomeço. Fundada por causa da extração de amianto, usado por décadas na construção civil, Minaçu viu o que considerava sua vocação econômica ameaçada por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que, em 2017, baniu toda a produção e comércio de amianto no país pelos problemas de saúde causados pela exposição ao minério. Hoje, mais de 65 países proíbem ou restringem a exploração e o uso do amianto.

A cidade, porém, conseguiu retomar a produção, ainda que em menor escala, depois de uma lei estadual de 2019 autorizar a mineração apenas para exportação. A legislação é questionada e está em julgamento no STF há seis anos (em março, o ministro Kássio Nunes pediu vistas), colocando o futuro da economia de Minaçu em um limbo. Até a descoberta de terras raras.

Terras raras é o nome dado a um conjunto de 17 minerais com propriedades de enorme interesse econômico, como o alto magnetismo e a capacidade de absorver luz, o que os torna úteis para várias aplicações tecnológicas – dos superímãs de carros elétricos a discos rígidos de computadores e telas de celular. São chamados de “raros” porque costumam ser encontrados em baixas concentrações e misturados a outros elementos, o que dificulta a extração e, principalmente, a separação.

Cada elemento é usado para uma aplicação diferente. Mas a maior demanda global é por neodímio, praseodímio, disprósio e térbio, fundamentais para superímãs potentes usados nos motores elétricos e turbinas de geração eólica.

“Um carro elétrico usa 2 kg de ímãs, sendo que um terço do ímã é terras raras. Hoje a demanda mundial é de 15 mil toneladas de terras raras, mais ou menos. A demanda vai crescer num certo ritmo e já existem pelo menos três iniciativas nos Estados Unidos, cada uma falando em cinco mil toneladas por ano de terras raras. Onde estão as fábricas de ímãs para absorver tudo isso?”, questiona Fernando Landgraf, professor de engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e coordenador do programa de Terras Raras do Instituto de Ciência e Tecnologia.

Até agora, em Minaçu, o passado de extração mineral e a aposta na continuação desse modelo para o futuro trouxe mais promessas do que desenvolvimento de fato. 

 


Repercussão:

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