FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

Evento realizado pela Associação de Engenheiros Brasil – Alemanha (VDI) teve as presenças de representantes de instituições de ensino e de importantes empresas brasileiras e multinacionais.

Uma pequena sondagem feita pela Associação de Engenheiros Brasil – Alemanha (VDI) junto a um grupo de docentes de instituições de ensino superior paulistas e representantes de algumas empresas de origem alemã mostrou que o Brasil ainda tem muito espaço para avançar na questão do relacionamento universidade-empresa. Problemas com a burocracia e insegurança jurídica no que se relaciona a propriedade intelectual ainda são as principais barreiras na relação academia-indústria no Brasil, mostraram as respostas ao questionário da VDI.

Essa sondagem foi uma atividade prévia do workshop sobre a relação entre a indústria e as universidades brasileiras realizado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) na última quarta-feira (13/06). No evento, os participantes da sondagem discutiram, na forma de grupos de trabalho, algumas possíveis soluções para facilitar a parceria entre universidades e empresa no Brasil, observando as práticas na Alemanha.

Participaram da atividade representantes de empresas como a Bosch Rexroth, Mercedez-Benz, Simens, Volkswagen e ThyssenKrupp e de universidades paulistas como o Ensino Superior de Negócios, Direito e Engenharia (Insper), Instituto Mauá de Tecnologia e a própria Poli. Antes do workshop, os participantes responderam a um questionário avaliativo da relação indústria brasileira\universidades.

Marcio Lobo Netto, docente da Escola e um dos organizadores do evento, conta que a ideia do workshop nasceu a partir da realização de algo parecido em 2016. Nele, foram convidados engenheiros e estudantes para responder a perguntas sobre a indústria 4.0 e pensar no papel da profissão após a revolução tecnológica. Esse ano, foram chamadas apenas pessoas já formadas atuantes no mercado de trabalho e professores universitários.

Netto, que possui muito contato com a VDI e com universidades alemãs,  abriu o workshop com sua análise sobre o assunto. Segundo ele, as universidades e empresas possuem muitos pontos em comum que podem render ótimas parcerias. Porém, ele ressaltou que a relação entre os dois campos no Brasil ainda é bem fraca quando comparada com a situação existente no país europeu.

Johannes Klingberg, da VDI, explicou que a ideia do workshop nasceu com a inquietação que as empresas têm a respeito da mudança brusca e da rapidez com que novas tecnologias são inventadas hoje em dia. Ele passou então a palavra a Maurício Muramoto, vice-presidente da VDI, que fez uma breve apresentação sobre os desafios que a indústria tem pela frente.

Livaldo Aguiar dos Santos, vice-presidente da VDI, concordou com o parecer de Marcio Lobo Netto ao afirmar que, na Alemanha, há mais diálogo entre os dois setores do que no Brasil, e explicou que a pesquisa apontou justamente isso: a falta de comunicação e de parcerias efetivas entre as empresas e instituições de ensino. Segundo ele, o principal objetivo do evento foi tentar mover iniciativas e soluções para o problema, seja por meio da criação de núcleos ou da formação de clusters – concentração de empresas que se comunicam por possuírem características semelhantes e discutirem os mesmos assuntos.

Na pesquisa, a maioria dos presentes sinalizou que a própria empresa não tinha um acordo de colaboração em criação tecnológica com universidades, e apontou que a questão da propriedade intelectual era uma barreira. Além disso, grande parte afirmou ter consciência de que o relacionamento entre empresas e universidades é fraco no País por dificuldades geradas devido às burocracias jurídicas. “As universidades possuem limites na questão dos entraves burocráticos”, confirmou Aguiar. Ele finalizou com um desafio. “A gente tem que trazer para as empresas associadas à VDI mais discussão com as universidades e mais sugestões para melhorar o cenário brasileiro”.

Após a apresentação dos resultados do questionário, iniciou-se a dinâmica. Os participantes foram divididos em grupos de quatro a cinco pessoas e orientados por Flavia Ursini, da empresa Inova na Conversa. Eles foram então incentivados a pensar nas problemáticas e possíveis soluções que melhorariam a relação entre as empresas e as instituições de ensino por meio do método do design thinking, processo criativo voltado para o desenvolvimento de soluções que tenham a empatia como pressuposto. Na sequência, foram discutidas propostas para a resolução do problema, convergindo em um grupo de ideias principais. Todo o material será devidamente compilado e disponibilizado em breve por Netto, que ficou muito contente com os resultados do dia.

“Foi o primeiro passo numa importante aproximação entre instituições que reconhecem o valor das parcerias, mas têm dificuldades para implementá-las no nível em que gostariam. O evento mostrou ainda que os participantes tem interesse e disposição para prosseguir com algumas das iniciativas propostas”, afirma.

Além de Netto, participaram da atividade os professores da Poli Gilberto Martha e Jaime Sichman, presidente e vice da Comissão de Pesquisa da Escola. Confira as fotos do evento no álbum do Flickr da Escola. 

(Amanda Panteri)

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