FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Diretor da Poli realizou uma palestra sobre sua área de pesquisa, conceito novo na engenharia

A terceira edição do Workshop do Petróleo da USP começou nesta terça-feira, dia 3 de novembro, no Mendes Plaza Hotel. O diretor da Escola Politécnica da USP, prof. José Roberto Castilho Piqueira, abriu o evento com sua palestra sobre Engenharia dos Sistemas Complexos, sua área de pesquisa e que, como explicou o docente, é uma das verdadeiras novidades em conceitos na engenharia. Graduado em Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP) em 1974, Piqueira obteve o título de Doutor em Engenharia Elétrica pela Poli, em 1987, no qual se dedicou ao estudo do caos e oscilações, e iniciou seus estudos na área de sistemas complexos em engenharia.

O professor iniciou sua palestra perguntando ao público o que há de comum entre fenômenos como o pânico em populações, o aparecimento de células cancerígenas, acidentes vasculares, a ruptura de uma estrutura, um desastre natural como um tsunami, as mudanças climáticas ou a evolução. Segundo Piqueira, a ciência do século XIX e XX achava que não havia similaridade entre esses eventos. Com uma visão compartimentada, separava os conhecimentos de física, química, matemática, biologia, e havia pouca interação entre as ciências exatas, humanas e biológicas, sempre utilizando as teorias de probabilidade para descrever os fenômenos. “Só que a física, a química, a matemática e a computação, mesmo raciocinando de maneira compartimentada, fizeram grandes progressos científicos e tecnológicos, e vários fenômenos começaram a ser modelados computacionalmente”. O professor explicou que hoje temos o que é chamado de Big Data, ou seja, há uma infinidade de dados sobre qualquer assunto, o que foi impulsionado pela acessibilidade à memória computacional, que ficou mais barata. “Hoje é muito fácil obter dados sobre qualquer fenômeno em grande profusão. A visão compartimentada foi tão boa que gerou um mecanismo de tratamento de dados. Temos tanto mais dados sobre os fenômenos, que talvez possamos fazer modelos mais interessantes sobre eles”.

Para explicar o que é a Engenharia dos Sistemas complexos, o professor comentou os conceitos desenvolvidos por estudiosos como Henri Poincaré, Alan Turing, Andrei Kolmogorov e Shannon, e como Edward Lorenz e Mitchell Feigenbaum chegaram ao conceito de caos determinístico. Em uma de suas simulações computacionais, o climatologista Lorenz obteve um resultado completamente diferente do anterior. Ele então obervou equações que apresentavam sensibilidade à condição inicial, ou seja, uma pequena mudança na condição inicial provocava uma grande mudança na solução, que era uma característica da não-linearidade, o que ele chamou de efeito borboleta.

O professor esclareceu que as equações de climatologia tem sensibilidade à condição inicial, por isso a previsibilidade de um sistema climático é curta, de curto prazo. É necessária uma grande capacidade computacional para ter previsibilidade de longo prazo. “Por isso houve um grande progresso na climatologia nos últimos anos e as previsões do tempo ficaram muito mais confiáveis, porque os computadores tem BigData e podem trabalhar com uma grande quantidade de dados e portanto com uma grande precisão”.

Após essas explicações, e retomando os fenômenos citados no início da palestra, Piqueira comentou que os mesmos tem uma propriedade chamada emergência, que é o aparecimento de um comportamento novo, que não é a simples soma ou superposição das partes, há a emergência de um novo tipo de comportamento, um novo tipo de organização, e há também a sensibilidade à condição inicial. Os matemáticos e físicos criaram uma teoria para sistemas que apresentam emergência e sensibilidade à condição inicial, que é a teoria dos sistemas dinâmicos não lineares. “E a nova engenharia é essa, é a unificação pelo big-data e pelo conceito de complexidade. É misturar todas essas coisas num conceito só, num conceito de complexidade”, definiu.

O diretor da Poli explicou que três grupos já se dedicam ao estudo da Engenharia dos Sistemas Complexos na Escola. Uma visão humanística do problema de complexidade é abordada pelo departamento de Engenharia de Produção, os estudos sobre confiabilidade em sistemas de computação são realizados no Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais, e um grupo do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica estuda a prevenção de desastres.

Sobre o Workshop

Os estudantes do Capítulo Estudantil da Sociedade dos Engenheiros de Petróleo (SPE) da Poli Santos realizam, de 3 a 6 de novembro, a terceira edição do Workshop de Petróleo da USP, evento que pretende difundir conhecimentos técnicos e pessoais de profissionais da área de petróleo, aproximar os alunos universitários da indústria e promover uma interação entre as universidades da região. A inscrição é gratuita e pode ser feita no local do evento. O Workshop de Petróleo da USP está sendo realizado na Sala Cristal do Mendes Plaza Hotel, que fica na Av. Marechal Floriano Peixoto, 42 – Gonzaga, Santos –SP.

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