Pesquisador da Poli estuda as vantagens do uso dessas ferramentas na pesquisa e ensino, e destaca o menor custo e a segurança no armazenamento dos dados, além de possibilitar educação a distância
Foi muito antes da pandemia começar que o professor do Departamento de Engenharia Mecatrônica da Escola Politécnica (Poli) da USP, José Reinaldo Silva, planejou um projeto de pesquisa interdisciplinar, com unidades da USP e de outras faculdades, para explorar como as ferramentas disponíveis na nuvem poderiam aprimorar as atividades de ensino e pesquisa de grupos da Universidade.
A linha de pesquisa contou com a parceria firmada entre a USP e a Amazon Web Services (AWS), companhia norte-americana que fornece serviços de Tecnologia da Informação (TI), que permitiu e ofereceu aos pesquisadores e grupos as ferramentas necessárias para testarem a utilização desses recursos na nuvem. Agora a computação em nuvem – modelo de serviço que fornece acesso à uma rede de recursos compartilhados, servidores, sistemas de armazenamentos e aplicativos – está sendo utilizada intensamente para manter em funcionamento as atividades de ensino e pesquisa da Universidade durante a pandemia.
O professor Reinaldo conta que a ideia inicial dessa iniciativa era que tanto a pesquisa como o ensino tivessem a demanda pelo uso da nuvem, isso fora de um contexto pandêmico, e a segunda constatação, que deu o pontapé para o desenvolvimento da pesquisa, é de que o uso da nuvem ainda era tímido: “então, começamos a perguntar como a nuvem seria integrada ao ensino e a pesquisa? Antes da pandemia começamos a usar fortemente esse mecanismo com os grupos da Faculdade de Medicina e da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), ambas da USP, unidades da USP de São Carlos e o IPT ”. A iniciativa deu tão certo que, hoje, segundo o professor, os docentes o procuram para saber mais sobre o uso da ferramenta.
Quais as vantagens do uso da nuvem dentro da pesquisa e do ensino?
Quando comparado ao uso tradicional, em que , professores armazenam dados e fazem o seu processamento com recursos e servidores locais, a nuvem dispensa a necessidade de recursos de suporte digital como servidores e redes internas. Reinaldo explica que por não precisar de tais recursos, a primeira vantagem direta é a financeira, pois a nuvem dispensa a manutenção física e técnica de recursos locais de processamento e armazenamento.
“A nuvem permite, se bem utilizada, o armazenamento perene e com baixo custo de manutenção dos dados obtidos com a pesquisa financiada pelo público. Na verdade, armazenaria qualquer pesquisa financiada por quem quer que fosse , mas no caso de pesquisa realizada com recursos públicos, seria perigosa a constatação de que tanto a pesquisa como os , resultados obtidos, ultrapassados , cinco anos poderiam em “backups” feitos em mídia já obsoleta, como discos, disquetes e em unidades de servidores desativados.
Além do custo benefício, referente aos gastos financeiros, Reinaldo Silva enfatiza que o uso da Nuvem torna possível a internacionalização e compartilhamento de estudos, pesquisas, dados, entre unidades da própria instituição de educação e diversas universidades e pessoas espalhadas pelo mundo. “Na graduação isso permitiria também o surgimento de currículos realmente unificados, compartilhando disciplinas, módulos e materiais”. Isso permite uma democratização do acesso ao conhecimento produzido no âmbito acadêmico e o aumento da colaboração entre pesquisadores, docentes e alunos.
O professor Reinaldo finaliza explicando que o desenvolvimento de ambientes virtuais, de ensino e pesquisa, é uma contribuição que pode ser feita por todas as áreas de conhecimento, como Educação, Biologia, Química, Matemática, Ciências Sociais e também a Engenharia. “O que diferencia a Engenharia das outras áreas é a possibilidade de compor os interesses de forma mais direta, isto é, juntar, em um modelo interdisciplinar, os temas de Educação – e em especial Educação Superior -, computação, automação, Engenharia de Serviços, modelos formais, e técnicas de gestão, além da expertise em desenvolvimento de projetos. Engenheiros que despertarem para esse fato podem ter boas oportunidades, seja no mercado ou na pesquisa.”
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