FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

-Com informações do RCGI

Espaço que será um misto de museu, simulador e estúdio artístico tem o objetivo de reunir pesquisadores, empreendedores, tomadores de decisão e estudantes para ampliar o debate sobre soluções de mitigação de emissões de gases de efeito estufa e descarbonização, por exemplo.

Um novo Laboratório da Universidade de São Paulo (USP) irá reunir em um só lugar: museu de ciência, simulador de produtos e tecnologias e estúdio artístico. A ideia é que o espaço de 400 m2, que fica instalado dentro do prédio do Inova USP, em São Paulo, abrigue tecnologias imersivas e de realidade virtual para exposição e experimentação de soluções para um público diverso, formado por estudantes, pesquisadores, tomadores de decisão e empreendedores. A inauguração aconteceu na segunda-feira, 8 de abril.

Batizado de USP-RCGI Digital Lab, o laboratório reúne a expertise de alguns laboratórios da USP, como o Laboratório de Interação Fluido-Material, do Centro de Pesquisa e Inovação em gases de Efeito Estufa (RCGI), o de Simulações Aplicadas a Materiais: Propriedades Atomísticas, do Instituto de Física (IF), e Núcleo de Dinâmica de Fluidos (NDF), da Escola Politécnica

“O laboratório vai ao encontro das pesquisas que vêm sendo desenvolvidas no RCGI, com foco na mitigação de emissões de gases de efeito estufa e descarbonização. Irá atender várias demandas que temos para fomentar discussões entre diferentes comunidades, como pesquisadores, empresários, estudantes e tomadores de decisão tanto do governo como das indústrias”, declara Julio Romano Meneghini, professor da Escola Politécnica da USP e diretor científico do RCGI.

Para Caetano Rodrigues Miranda, professor do IF-USP e diretor de Difusão do Conhecimento do RCGI, “o USP-RCGI Digital Lab irá permitir que as pessoas possam experienciar o problema das mudanças climáticas de uma escala molecular até planetária”, conta “Iremos usar a arte como forma de fazer a divulgação dos conceitos que trabalhamos no RCGI”, acrescenta.

Uma das tecnologias que serão usadas é o molecularium, uma espécie de planetário, só que de moléculas. “O molecularium envolve não apenas visualizar as moléculas como também interagir com elas em realidade virtual. Sabemos da importância da arte e seu poder em aumentar o engajamento das pessoas. Por isso, vamos criar programas de residência artística no laboratório para unir arte e ciência”, afirma Miranda.

Para Meneghini, “outra aplicação é a visualização de escoamentos com aplicações em aerodinâmica, hidrodinâmica, compressores e selos de vedação de CO2, hidrogênio e gás natural, entre outras.  Também possibilita visualizar células a combustível, reatores, turbinas eólicas, entre outros”.

O espaço tem um estúdio para a produção de vídeos em 360°. Além da interação e “manuseio” das moléculas virtuais, o projeto possibilita transformar algumas das propriedades dessas moléculas em som. “Com isso, é possível criar, por meio do design sonoro, elementos para composição e também um instrumento para instigar, fazer com que as pessoas se interessem mais por assuntos como mudanças climáticas, eventos extremos, sequestro de carbono e tantos outros”, diz.

Um exemplo para essa possibilidade de apresentar interações que ocorrem em escala molecular seria o dióxido de carbono (CO2). “Por meio de tecnologia imersiva, é possível visualizar a transformação da molécula de CO2, um agente do efeito estufa, em outro produto que possa ser utilizado para outros fins, ou ainda compreender um processo de aprisionamento de CO2 em reservatórios geológicos. São processos que envolvem uma parte de catálise e o pesquisador, por exemplo, poderia vivenciar o que seria o mundo na escala atômica”, diz.

O laboratório também permite a simulação em escala planetária. “Essas tecnologias imersivas, ou como a indústria chama de digital twins – a reprodução em ambiente virtual de equipamentos, processos, fabricas inteiras, ou planetas, sendo alimentado por dados reais – permite verificar a dinâmica em escala planetária, de alguns efeitos que estão acontecendo, o que possibilita prever cenários dentro desse ambiente imersivo”, afirma. “Isso torna os processos de exploração muito mais naturais e podem surgir situações completamente diferentes do previsto. O resultado dessas simulações e da visualização do problema são tecnologias e soluções propostas mais adequadas para mitigar as mudanças climáticas”, afirma.

O laboratório vai atuar em diferentes frentes. Um dos objetivos é trabalhar com educação para que as futuras gerações tenham uma melhor compreensão das mudanças climáticas e de tecnologias e soluções para combatê-las. Além disso, os poderosos simuladores podem ser utilizados não apenas por pesquisadores, mas também por empreendedores e startups para validar seus produtos e serviços inovadores. Tudo isso com a preocupação de unir ciência e arte para que a divulgação do conhecimento tenha maior engajamento e um aspecto inovador.

Repercussão: Revista Circuito

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