FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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O debate, levado ao ar nesta segunda (25/3) no programa Encontro com Fátima Bernardes, foi motivado pelo prêmio Templeton recebido pelo físico brasileiro Marcelo Gleiser

O professor Gustavo Assi, da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), esteve nesta segunda (25/3) no

Gustavo Assi e Marcelo Gleiser tiraram dúvidas sobre ciência e religião no Encontro — Foto: Sonia Schneiders-Gshow

Programa Encontro com Fátima Bernardes para um debate sobre a relação entre a ciência e a fé. O tema foi motivado pelo prêmio Templeton recebido no último dia 19 pelo físico Marcelo Gleiser, primeiro brasileiro e primeiro latino americano agraciado com a honraria. Além de Assi, Fátima e do próprio Gleiser, também participaram do debate a atriz Regina Casé, o ator Cadu Libonatti, o cantor Pabllo Vittar e o repórter Lair Rennó.

Prêmio Templeton é considerado o “Nobel da espiritualidade”, e entregue desde 1973 pela Fundação John Templeton, sediada nos Estados Unidos. Nomes como Dalai Lama e Madre Tereza de Calcutá já receberam o prêmio além de diversos cientistas que atuam neste campo.

A discussão no programa girou em torno da origem da vida e do universo; da ocorrência de fenômenos “inexplicáveis”, que alguns creditam ao acaso, outros a milagres, ou à sorte; e da polêmica entre ciência e religião.

“Os problemas dessa falsa crise entre ciência e religião ocorrem quando uma quer pisar no pé da outra. Existem vários cientistas que são pessoas de fé. Quanto mais entendem as coisas da natureza, mais admiram as obras de Deus. Agora, quando a ciência diz que resolveu os problemas do mistério da vida, e sabemos que isso não é verdade, ou quando a religião diz que há problemas que não podem ser objeto da ciência, porque só a religião explica, é aí que acontecem as dificuldades”, resume Gleiser.

Para Gustavo Assi, o nó da questão é que as discussões sobre esse assunto geralmente ficam no plano da polêmica. “As pessoas gostam de polêmicas, mas é preciso ir além. Há coisas muito mais profundas e positivas. E o que o Marcelo fez durante sua carreira foi trazer essa dimensão. São duas visões complementares de mundo, e uma tem muito a oferecer a outra.”

Neste momento, a apresentadora Fátima Bernardes convidou para o debate Margarida Müller, vítima de um ‘quase atropelamento’ registrado por câmeras de segurança no centro da cidade de Santa Maria (RS). Ela aguardava para atravessar a rua quando quase foi atingida por um veículo que subiu a calçada após uma colisão. “Eu considerei o ocorrido como um livramento”, disse ela.

Para Regina Casé, é preciso dar a devida importância ao acaso. “Gosto de tratar o acaso como um Deus, ele também tem papel fundamental na vida. Achar que alguma coisa aconteceu por acaso não deve ser tratado como algo ‘menor’. Sou uma pessoa super religiosa e adoro ciência, mas é muito bacana lidar com o mistério”, afirmou ela.

Gustavo Assi, que se identificou como cristão evangélico presbiteriano, crê que Deus está no controle de todas as coisas, tanto as que se consegue explicar pela ciência e pela causalidade, quanto as que não se consegue. “Eu consigo explicar cientificamente aquele quase acidente, o livramento de que falou a Margarida, mas isso não tira Deus da jogada. Porque foi o próprio Deus quem criou todas as leis da natureza. Nós só não entendemos os planos de Deus em sua total profundidade.”

Durante o debate, ele e Gleiser participaram do quadro “Tô querendo Saber”, respondendo a perguntas do auditório. “Como surgiu o universo” e “o que é alma” foram alguns dos questionamentos feitos pelos presentes. Inspirado, Assi respondeu da seguinte maneira à segunda pergunta: “Alma é algo que a ciência não consegue tocar, que não está no plano do natural, mas do sobrenatural. A religião vai lhe dizer que alma é a essência que nos permite um relacionamento pessoal com Deus.”

O professor Gustavo Assi é Diretor da Associação Brasileira de Cristãos na Ciência (www.cristaosnaciencia.org.br) uma instituição que trabalha na aproximação entre os campos da ciência e da fé cristã no Brasil. Ele também pesquisa filosofia da tecnologia e sua proximidade com o ensino e a prática de Engenharia.

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