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Laboratório de Física Atmosférica no IFUSP analisou 300 máscaras comumente usadas pela população para se proteger do COVID-19

O uso de máscaras faciais é obrigatório em locais públicos em muitos países e tem se mostrado fundamental para retardar a disseminação da pandemia da COVID-19. Nos países em desenvolvimento, máscaras caseiras com formatos e tecidos variados são usadas ​​diariamente pela população. Estudos científicos indicam que a proteção contra o SARS-CoV-2 varia significativamente neste tipo de máscara, e por isso uma equipe de pesquisadores da USP e do IPEN realizou um extenso estudo com os materiais típicos das máscaras usadas pelos brasileiros, que acaba de ser publicado na revista Aerosol Science & Technology.

As máscaras caseiras mais comuns utilizam uma ou mais camadas de tecidos de algodão ou tecido não tecido, chamado de TNT. O físico Fernando Morais, que liderou o trabalho, mediu a eficiência de filtração de aproximadamente 300 máscaras faciais, com diferentes combinações de tecidos, e comparou seu desempenho com o de máscaras cirúrgicas e N95. As medidas foram feitas no Instituto de Física da Universidade de São Paulo.
Os valores de eficiência de filtração foram medidos produzindo-se partículas de aerossol de tamanhos variados e observando a concentração no ar antes e depois da filtragem pela máscara. Outro fator importante é a respirabilidade do tecido. Um tecido com trama muito fechada pode filtrar muito bem, mas será certamente removido do rosto por quem o utiliza. As medidas de respirabilidade foram realizadas nos laboratórios da Escola Politécnica da USP e, junto com a eficiência de filtração, permitiram calcular o Fator de Qualidade (FQ) de cada máscara.

As máscaras N95 apresentaram a maior eficiência para todos os tamanhos de partículas, em torno de 98% e com bom Fator de Qualidade, e foram consideradas como referência para avaliação de desempenho de máscaras caseiras de tecido. As máscaras cirúrgicas têm uma ótima eficiência de 89% e um bom FQ. As máscaras de TNT mostraram uma eficiência média de 78% com um excelente FQ, podendo ser considerado o melhor material para a fabricação caseira de máscaras. Entretanto, o material mais comumente usado para máscaras caseiras é o algodão, que apresentou uma eficiência de filtração muito variável, entre 20% e 60% e com baixo FQ, portanto, não se mostrando a melhor opção para a confecção de máscaras.

Ainda assim, as máscaras faciais sempre reduzem as gotículas e aerossóis emitidos por pessoas com COVID-19, sintomáticas ou assintomáticas, e por isso reduzem a disseminação do vírus. Entretanto, o resultado do estudo mostra que grande parte da população pode estar utilizando máscaras que não protegem significativamente.

O ideal é sempre utilizar máscara, mas preferencialmente que sejam máscaras produzidas industrialmente com padrão N95/PFF2, ou máscaras caseiras de TNT. É importante também manter o distanciamento social e estar sempre em locais ventilados, para reduzir a disseminação do vírus e proteger a saúde de todos.

O projeto “Respire USP” é desenvolvido por uma grande equipe multidisciplinar e busca contribuir para melhorar a oferta de máscaras seguras para proteger a população brasileira. Mais informações obre o projeto “Respire USP”:

O trabalho completo está disponível no site da revista. Fernando G. Morais, et al. (2021): Filtration efficiency of a large set of COVID-19 face masks commonly used in Brazil, Aerosol Science and Technology. Link: https://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/02786826.2021.1915466