FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES


Pesquisador, pai e professor: A trajetória de Gustavo Roque da Silva Assi

 

Gustavo Roque da Silva Assi é professor titular de Transição Energética e Energias Renováveis e integra o Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica (Poli) da USP. Suas pesquisas concentram-se nos fenômenos de interação fluido-estrutura e vibrações induzidas pelo escoamento, além de desenvolver trabalhos em dinâmica dos fluidos, sistemas oceânicos, filosofia da tecnologia e engenharia e energia renovável do oceano. Entre os projetos que lidera, está a direção do Núcleo de Filosofia da Tecnologia e do Offshore Technology Innovation Centre (OTIC), o mais novo Centro de Pesquisa em Engenharia da USP, junto ao professor Kazuo Nishimoto. 

 

Gustavo aprecia uma vida simples e valoriza momentos com a família. É casado com Lilian há 19 anos, e pai de Cecília e Daniel. O professor gosta de viajar, passear, cozinhar e cantar com a família. Seus interesses incluem construção de projeto em madeira e restauração de antiguidades. Ele toca viola caipira e violoncelo em uma orquestra, e também se interessa por atividades rurais como apicultura, tratores, cavalos e vacas leiteiras, e aprecia produtos típicos da roça, como pão de queijo e pé de moleque. Além disso, aprecia ler, dar aulas e palestras, organizar eventos, festas e conferências, e servir na Igreja Presbiteriana. Gustavo também estuda teologia, filosofia e a relação entre a fé cristã e a cultura, incluindo ciência, tecnologia e artes.

 

O docente defende que o ensino de engenharia deve resgatar a função do engenheiro como um agente do empreendimento tecnológico. Já que, o engenheiro “cria o mundo que ainda não existe”. Embora acredite que uma formação técnica sólida seja essencial, defende que uma Escola de Engenharia deve dedicar-se a forjar engenheiros com visão crítica no sentido mais profundo do termo.

 

“O engenheiro observa a sociedade e, utilizando bem a técnica, desenvolve tecnologia útil e de qualidade. Este ato essencialmente altruísta requer profunda reflexão ética e moral. As experiências técnicas advindas da pesquisa e das relações internacionais enriquecem esse processo, mas a essência do ensino da engenharia deve focar no cerne do engenheiro: aquele que cria com responsabilidade”, pontua Assi.

 

Contribuições em pesquisa, ensino e extensão

As contribuições acadêmicas de Gustavo estão centradas nos temas de interação fluido-estrutura e energia renovável oceânica, com o objetivo de promover o avanço do setor de energia offshore rumo a um futuro mais eficiente e sustentável. No futuro, ele almeja participar da transição energética global, aproveitando os recursos e vocações brasileiras de forma eficaz. Seu compromisso com o ensino da Engenharia é profundo: busca inspirar os engenheiros a adotar uma reflexão crítica e a valorizar uma sólida filosofia da tecnologia e da engenharia, como legado para as futuras gerações.

 

“A Escola Politécnica é um modelo de formação em Engenharia e deve preservar a essência que transmite aos seus alunos. Esta essência deve ir além da técnica: o engenheiro politécnico precisa se relacionar de forma construtiva com a indústria tecnológica e a sociedade. Uma escola de engenharia que se distancia desses contextos é comparável a uma escola de medicina sem hospital e sem pacientes”, destaca Gustavo.

 

O conceito de “universidade do amanhã” o inspira a construir algo concreto em um futuro próximo, pois “o amanhecer sempre renova as esperanças”. Para ele, a universidade do amanhã deve ser um ambiente vibrante. Como ambiente, deve oferecer um espaço adequado para que as diversas experiências humanas se articulem de maneira respeitosa e rigorosa. “Neste contexto, a escola de engenharia é mais do que a soma de suas áreas técnicas. “Como comunidade, reúne pessoas com diferentes histórias e habilidades em um esforço conjunto para preservar e gerar conhecimento para o bem comum”.

 

Impacto da Poli

 

O professor decidiu seguir a carreira acadêmica por valorizar a incerteza da pesquisa, o estudo, a criação e a interação entre alunos e professores, além da liberdade e autonomia universitárias.

 

Sua principal inspiração profissional foi seu pai, Jéder Assi, um engenheiro curioso e pai amoroso. Durante a graduação, recebeu o apoio do professor Oscar Brito Augusto e, posteriormente, do professor Julio Meneghini, que atuou como orientador e mentor. Outros professores da Poli, como José Augusto Aranha, Celso Pesce, Clóvis Martins e Kazuo Nishimoto, também foram fontes de inspiração. Após iniciar sua carreira docente, Bernardo Andrade e André Bergsten têm sido conselheiros leais.

 

A Poli é uma verdadeira casa-escola, onde vivemos e crescemos. Aqui, contribuímos para formar a próxima geração. Esta casa-escola tem um propósito fundamental: educar internamente para servir externamente. Sinto alegria e orgulho por ter sido educado neste ambiente e experimento grande satisfação e responsabilidade em contribuir para esta instituição.

-Gustavo Roque da Silva Assi. 

 

 

Tudo sobre o professor

Formação

Graduação: Engenharia Naval, Poli-USP, 1999-2003 Mestrado: Engenharia Mecânica, Poli-USP, 2004-2005 Doutorado: Engenharia Aeronáutica, Imperial College London, 2006-2009 Livre-docência: Engenharia Oceânica, Poli-USP, 2021

Professor no exterior

Unversity of Oxford, Reino Unido, 2013-2014 California Institute of Technology, EUA, 2016-2017 Texas A&M University, EUA, 2023-2024

Disciplinas Lecionadas

Ética e Filosofia da Tecnologia Interação fluido-estrutura Supressão e amplificação de vibrações induzidas pelo escoamento Dinâmica de Sistemas Mecânica dos Meios Contínuos Laboratório de Eng Nava

Prêmios

Continuamente listado entre 100 mil cientistas mais influentes no mundo nos anos entre 2019 e 2023. Divulgado na "Updated science-wide author databases of standardized citation indicators", uma lista que classifica os cientistas mais influentes do mundo em suas respectivas áreas de atuação

Associações

Fundador e atual vice-presidente da Associação Brasileira de Cristãos na Ciência. Fundador da Associação Beneficente Maria Pequena (ONG para atendimento de crianças em Poço Fundo, Sul de Minas Gerais.) Membro do Conselho Consultivo do Sistema Mackenzie de Ensino, Instituto Presbteriano Mackenzie. Membro da Assembleia do Instituto Presbiteriano Gammon, Lavras MG.

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