FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Momento histórico: Poli elege primeira mulher para diretoria

 8 de março de 2018

A igualdade de gênero é uma bandeira defendida em diversos momentos históricos importantes, por mulheres de diferentes países e realidades culturais, econômicas e sociais. Em 1975, a Organização das Nações Unidas (ONU) estabeleceu o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher, transformando os esforços da luta política por direitos em metas como a eliminação da discriminação de gênero. Se os direitos das mulheres vem sendo conquistados por meio de muita reivindicação desde o século XX, alcançar altos postos de liderança é um desafio, para o qual são exigidos dedicação, tempo e o exemplo de outras mulheres bem sucedidas, como inspiração.

Hoje, 8 de março de 2018, uma mulher é eleita, pela primeira vez, diretora da Escola Politécnica da USP. O fato coroa uma trajetória iniciada quando uma aluna, formada há 37 anos em Engenharia Civil, resolveu dedicar-se  à carreira docente na Universidade de São Paulo, exercendo atividades de ensino, pesquisa e extensão. Bernucci tornou-se uma referência em sua área, Infraestrutura de Transportes, e por toda sua contribuição para o desenvolvimento da Engenharia chegou ao topo da carreira docente em 2006, quando tornou-se professora titular. Ao lado do vice-diretor, professor Reinaldo Giudici,  Bernucci chega a mais este posto de liderança com o objetivo de conduzir a Escola Politécnica na continuidade pela busca da excelência, cumprindo seu papel histórico de contribuir para o desenvolvimento da sociedade paulista e brasileira.

A professora Titular da FFLCH-USP e coordenadora do USP Mulheres, Eva Alterman Blay, afirma ter certeza de que ela será “um grande estimulo às e aos estudantes: às mulheres pois ela rompeu o telhado de vidro que limita a ascenção profissional das mulheres apesar da competência, estudo e formação”. Liedi conseguiu. Conseguiu também o respeito dos estudantes que passam a ver nela uma profissional completa. Assim outras poderão trilhar o caminho que ela com competência abriu. Lembremos que as mulheres constituem 19,6% dentre alunos da graduação da Poli. Ou seja para cada 10 estudantes da graduação apenas 2 são mulheres.O desequilíbrio de gênero na universidade exclui competências. Se queremos uma universidade com qualidade não podemos desperdiçar a inteligência e criatividade de todos e todas .. Bem-vinda Liedi a essa importante posição”.

Liderar pelo exemplo

Apesar de não ter sido eleita por ser mulher, mas pelo reconhecimento de sua competência, sua eleição carrega forte simbolismo, especialmente no contexto brasileiro. Basta lembrar que o Brasil ocupa a 90ª colocação no relatório Global Gender Gap Report 2017, do Fórum Econômico Mundial, um ranking que analisa a igualdade de gênero.

A pesquisa “Women in business”, da Grant Thornton, lançado no último ano, demonstra que as mulheres conquistaram, em 2016, o patamar de 25% de presença na liderança das organizações, e que no Brasil a presença de mulheres em cargos de CEO aumentou de 11% para 16% no mesmo período. O dados da última edição da pesquisa, desenvolvida anualmente há 13 anos, que ouviu 5.500 executivos, em 36 das principais economias mundiais. Nesse contexto, ter uma mulher dirigindo uma das maiores Escolas de Engenharia do Brasil é um grande exemplo.

Sobre a participação feminina nas Engenharias, a nova diretora acredita que o resultado é maior quando há exemplos de conduta, de sucesso na conjugação de uma vida pessoal e profissional. Alguns exemplos ilustram bem para as jovens o que é possível. “Se as mulheres de gerações anteriores tiveram uma carreira de sucesso na Engenharia, isto é possível também para elas. Não é uma campanha para que mais mulheres sejam engenheiras, mas sim de possibilitar que as pessoas façam aquilo que elas têm talento, que elas gostam e se sentem bem desempenhando”.

Bernucci acredita que todos devem ter liberdade para escolher suas profissões baseadas em suas aptidões, independente de gênero. “As pessoas devem escolher suas atividades pelo seu talento nato. Ter exemplos de mulheres que seguiram a Engenharia, e tem sucesso em sua carreira, é muito mais forte do que tentar aumentar a porcentagem de alunos”.

“Seja 60% de mulheres, ou 20%, ou 30%, o que esperamos é que as pessoas possam seguir os seus sonhos, e se realizem profissional e pessoalmente. Que os jovens façam livres escolhas, pautadas nos seus talentos, nos seus ideais de vida, naquilo que acham que será útil para sociedade, tendo em vista esses exemplos que ilustram quais são as suas possibilidades”.

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