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Rui Oyamada, professor da Poli, tem trajetória de contribuições para engenharia de estruturas reconhecida em premiação

Destaque na docência na engenharia consultiva de estruturas de Pontes e Grandes Estruturas, engenheiro vê o conhecimento da teoria das estruturas e o avanço tecnológico como importantes aliados para a evolução da construção de pontes no País

[Imagem: Divulgação/Instituto Brasileiro do Concreto]

A Ponte dos Arcos, localizada em Indaial (SC), recebe um fluxo de pessoas, ciclistas e automóveis diariamente há quase um século. A estética e o uso do concreto na construção foram mudanças que revolucionaram a arquitetura e a engenharia no interior do então município de Blumenau, em 1926.

Outra obra de referência do Engenheiro Emílio Baumgart foi a Ponte sobre o Rio do Peixe – Santa Catarina, em 1930, considerada a primeira Ponte de Concreto, construída pelo método dos balanços sucessivos no mundo. O vanguardismo na técnica lhe deu o título de “pai do concreto armado” e, hoje, um importante prêmio do Instituto Brasileiro do Concreto (IBRACON) recebe o seu nome.

O vencedor do Prêmio Emílio Baumgart de 2024 foi o engenheiro Rui Oyamada, professor do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica na Escola Politécnica (Poli) da USP. Reconhecido como “mestre das pontes” pela Revista Estrutura, ele também é co-proprietário da Outec Engenharia de Projetos, uma das empresas de pontes mais reconhecidas do País.

Experiente em projetos de grandes obras – como a Ponte Estaiada Mário Covas –, o professor nunca teve dúvidas sobre a escolha de sua carreira. Oyamada afirma que desde jovem era um admirador das construções, principalmente das estruturas civis. Segundo ele, a vocação aliada à paixão pela área enriqueceu a sua capacidade de ensinar conceitos básicos da engenharia de pontes aos jovens engenheiros.

“A engenharia é uma atividade muito cativante e ser engenheiro, principalmente na área de estruturas, possibilita que os nossos sonhos acabem sempre sendo materializados e eternizados, servindo a sociedade e melhorando a qualidade de vida das pessoas”, declara Oyamada.

Da aeronáutica à Academia das estruturas

Apesar das construções civis terem o encantado desde pequeno, o professor deu início aos seus estudos em outro campo da engenharia: na aeronáutica. Foi no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) que Rui Oyamada percebeu que deveria seguir o seu sonho de cursar Engenharia Civil na Poli-USP, em 1977. 

Na Poli, ele seguiu todas as etapas necessárias para construir a sua carreira acadêmica: a graduação, a pós-graduação, o mestrado e o doutorado. Dentre os momentos que o incentivaram a seguir a carreira de docente, Oyamada reconhece o período em que estagiou com o seu então professor Hideki Ishitani, que considera um importante tutor em sua formação.

Dentre as obras que fizeram parte da respeitada carreira do professor Rui Oyamada, um dos destaques foi a construção do monotrilho da Linha 17-Ouro e Linha 15-Prata do metrô [Foto: Rui Oyamada/Acervo pessoal]

Como recém-formado, o professor Rui Oyamada também cultivou a sua carreira ao trabalhar com o engenheiro Ricardo França em projetos de estruturas de edificações e, posteriormente, na Maubertec, onde atuou junto da equipe de Fernando Stuchi. A experiência adquirida nesses anos também influenciaram a maneira como o professor passou a encarar o ensino de Engenharia.

Para Oyamada, e alinhado ao professor Kalil Skaf, a sua principal motivação é poder transmitir aos estudantes, sobretudo aos da Poli, a importância do conhecimento da teoria de estruturas, dos sistemas estruturais e a metodologia constitutiva das grandes obras. Além do conhecimento técnico, o professor considera a parceria e a coletividade fundamentais para o desenvolvimento de bons projetos da área.

“O sucesso da Engenharia é o trabalho em equipe, multidisciplinar, muitas vezes. Um conselho aos jovens engenheiros: sempre se apoie nos engenheiros mais experientes, não se envergonhe, pois a capacidade todos têm, mas a experiência só é adquirida com o tempo”, ressalta.

Estruturar a engenharia no Brasil

Ao o longo da sua trajetória profissional, Oyamada encarou problemas diversos da engenharia de estruturas, sobretudo aqueles relacionados às mudanças tecnológicas. Para os mais jovens engenheiros, o professor diz ser fundamental a dedicação a pesquisar sobre as inovações na área. “O engenheiro de estruturas tem sempre a necessidade – e obrigação – de ampliar continuamente o seu conhecimento”, afirma.

A Engenharia brasileira está bem colocada quando comparada com outros países, mas ainda carece de obras de infraestrutura, como rodovias, ferrovias, malhas metroviárias, portos e aeroportos [Foto: Júlia Sardinha/Comunicação Poli-USP]

A dedicação tem colhido frutos dentro desse campo. Segundo o engenheiro, o futuro da Engenharia brasileira é promissor, mas frente à queda de alunos interessados em ingressar na área da ciência, é necessário estimular os jovens a acreditarem na importância de sua atuação para o desenvolvimento e o crescimento da sociedade. 

No que diz respeito à engenharia de estruturas, as últimas décadas contaram com avanços na evolução das construções das obras de pontes, por exemplo. Diferente do que ocorria com os projetos do passado, como explica Oyamada, as construções atuais apresentam maior complexidade nas metodologias construtivas devido aos avanços tecnológicos nas construções e na evolução das ferramentas computacionais.

Para além da técnica, o professor acrescenta que o Brasil tem apresentado significativos avanços nas normas técnicas, essenciais para o andamento de um bom projeto de engenharia. As normas nacionais estão mais aderentes às prerrogativas internacionais, mas sem deixarem de estar adequadas à realidade social e tecnológica do País.