FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Especialistas da FEI, Poli-USP, FEA-USP e da Universidade Waseda, de Tóquio, discutiram também o novo regime automotivo brasileiro

O Centro de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) promoveu, no dia 25 de março, o Simpósio “As Estratégias das Montadoras Asiáticas para o Brasil – O Impacto do Novo Regime Automotivo”.

O palestrante Ugo Ibusuki, da Faculdade de Engenharia Industrial de São Bernardo do Campo (FEI), apresentou dados sobre o novo regime automotivo brasileiro, o Inovar-Auto, política governamental que deverá ser implementada em 5 anos, mas que ainda apresenta pouca informação disponível. Ibusuki destacou o cenário econômico no qual a indústria automotiva brasileira está inserida, sendo o Brasil hoje o 4º maior mercado automotivo do mundo. O professor destacou a sustentabilidade do crescimento da economia brasileira, baseada no desenvolvimento econômico, no aumento de renda familiar e nos mega eventos e construções, como a Copa e as Olimpíadas. Ugo Ibusuki explicou as bases do INOVAR-AUTO, que tem como objetivo proteger a indústria e o mercado interno, estimular investimentos em inovação e melhorar a eficiência energética dos veículos produzidos no Brasil. Para os fabricantes de autopeças, Ibusuki identificou novas oportunidades, como o aumento da demanda local, melhoria da tecnologia e incentivos fiscais.

O professor Hideo Kobayashi, presidente do Research Institute of Auto Parts Industries da Universidade Waseda, de Tóquio, Japão, apresentou a palestra “As Estratégias da Toyota no Brasil”, e indicou uma perspectiva de crescimento da montadora no mercado interno. Segundo ele, a produção do Etios e de motores flex demonstram que a Toyota está se adaptando ao mercado e ao consumidor brasileiro para ganhar uma fatia maior do mercado. No entanto, a localização de um grande centro de pesquisa e desenvolvimento na China e o desenvolvimento do Etios na Índia, assim como os dados de vendas e de produção, sugerem que outros mercados emergentes desempenham um papel mais importante para a estratégia global da Toyota. O professor destacou ainda que o aumento do conteúdo local – uma das exigências da política Inovar-Auto – já está planejado e deve diminuir o custo por unidade produzida no Brasil.

As Estratégias da Hyundai no Brasil foram apresentadas pela pesquisadora do Research Institute of Auto Parts Industries da Universidade Waseda, de Tóquio, Japão, Yingshan Jin. Na palestra a pesquisadora fez uma comparação entre a estratégia da Hyundai até 2011, e a partir de 2012. Segundo ela, até 2011 a Hyundai exportava carros para o Brasil, mas os custos eram um problema, junto ao aumento das taxas de importação. Apesar do aumento de vendas do carro i30 ter chegado a 125%, a Hyundai possuía apenas 2% a 4% do mercado nacional, a décima maior produtora. A partir de 2012, a montadora estabeleceu uma produção local, o que assegurou, imediatamente, a competitividade de seus preços. A Hyundai Motors pretende usar a fábrica no Brasil como base fornecedora para exportar para nações vizinhas como a Argentina, explicou a pesquisadora.

André Soares, coordenador de pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China, apresentou a palestra “FDI Chinês no Setor Automotivo no Brasil: O Case da Chery Automobile”, sobre o investimento chinês no setor automotivo brasileiro. Segundo o pesquisador, entre os motivos que levaram ao investimento de empresas chinesas no Brasil estão os efeitos da recessão nos Estados Unidos e Europa, o mercado e a plataforma de produção brasileira (nova classe média e base industrial bem estabelecida) e fatores internos chineses, como o acesso seguro a recursos naturais e a não autossuficiência em alimentação. Segundo Soares, os investimentos chineses anunciados no Brasil totalizam 60 projetos que remontam a 68,5 bilhões de dólares, dos quais até agora 39 foram confirmados, totalizando 24 bilhões de dólares. Desses investimentos, 75% estão no setor automotivo. Com a nova regulamentação do setor automotivo brasileiro, a montadora Chery trouxe fornecedores chineses para produzir em sua nova fábrica, em Jacareí (SP), e selecionou fornecedores brasileiros para suprir os requisitos de conteúdo local, tornando-se a primeira empresa chinesa aprovada na política do Inovar-Auto. A Chery deve investir 0,15% da sua receita em pesquisa e desenvolvimento, e 0,5% em engenharia e desenvolvimento de fornecedores locais.

Outras palestras realizadas no evento foram de Takio Karasawa, pesquisador visitante do Research Institute of Auto Parts Industries da Universidade Waseda, de Tóquio, Japão, que apresentou as estratégias das empresas de autopeças japonesas no Brasil, e do professor Gilmar Masiero, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, que teve como tema “Uma Visão Geral das Diferentes Ondas de FDI (Investimento Direto Estrangeiro) da Ásia no Brasil”. Todas as apresentações estão disponíveis no site http://www.automotiva-poliusp.org/.

A organização do evento foi uma iniciativa do professor Paulo Kaminski, coordenador do curso de especialização em Engenharia Automotiva da Poli-USP.

 

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