Pesquisa da Poli desenvolve um meio de catalogar e qualificar informações sobre a diversidade dos seres vivos postadas nas redes sociais
Ajudar a preservar a biodiversidade por meio de uma postagem nas redes sociais pode soar desafiador, mas um projeto desenvolvido pelo Laboratório de Automação Agrícola (LAA) do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Poli/USP, em conjunto com o Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Computação (BioComp), trabalha para tornar isso possível. A tese de doutorado do engenheiro Etienne Cartolano tem o objetivo de trazer para as redes sociais essa questão, fazendo de seus usuários importantes membros na observação da variedade biológica, uma tendência denominada de citizen science, a participação do cidadão no “fazer ciência”.
Na prática, o projeto traz a ciência para mais perto dos cidadãos, transformando-os em agentes da preservação e identificação da biodiversidade, e para isso utiliza plataformas populares no cotidiano, as redes sociais. Mesmo havendo diferenças entre a qualidade das informações passadas por pesquisadores e por leigos, “o que eles observaram é a mesma coisa, é a mesma biodiversidade”, comenta o doutorando. A ferramenta pode ser acessada pelo site Http://www.biocomp.org.br/biobr.
Com o intuito de organizar a grande massa de informação, de diversas redes sociais, o projeto utiliza ferramentas e técnicas associadas ao conceito de big data, que tratam de informações em grande volume e variedade em uma velocidade aceitável para a tomada de decisão. Assim, a pesquisa tem a finalidade de “capturar informações sobre a biodiversidade que estão nas redes sociais e utilizá-las a seu favor, como mais uma fonte de informação, além das convencionais: papers, coleções, sistemas especializados e etc”, explica Etienne.
Para isso, duas principais frentes estão em desenvolvimento. A primeira corresponde ao trabalho feito por um grupo de estudantes da graduação, e a segunda, pela tese de doutorado de Cartolano.
A frente elaborada por alunos do segundo ano do curso de Engenharia de Computação em uma disciplina básica, “Práticas de Eletricidade e Eletrônica II”, compreende a busca de informações sobre biodiversidade postadas nas redes sociais, e o mapeamento dessas informações de acordo com a localização do usuário no momento da postagem. “Começamos pelo Twitter, pois é mais fácil para aprender a fazer, depois vamos expandir para outras redes sociais. Estamos rastreando sete hashtags no momento. Assim que ela é postada, passa para um banco de dados, onde são coletadas não só as informações completas da postagem, incluindo a localização geográfica que estiver ativada, mas também as informações públicas sobre o usuário da rede social”, explica Adriano Dennanni, que desenvolve o projeto em conjunto com César Rodrigues, João Henrique Kersul e Mateus Fonseca.
As sete hashtags em questão são: #FaunaUSP, #FloraUSP, #BioUSP, #FloraBR, #FaunaBR, #BioBR e #WorldBIO. Enquanto o sistema é desenvolvido, apenas as que estiverem ligadas à USP serão processadas, mas, posteriormente, elas serão ampliadas para o Brasil.
Na segunda parte, o objetivo de Cartolano é analisar todos esses dados que serão obtidos através das redes sociais e criar um método para classificar os indivíduos que os publicaram, com a finalidade de dar maior credibilidade à informação. “Hoje, as pessoas têm muitas informações públicas na internet, então, com certeza, devem ter algumas que as descrevam e que as associam à biodiversidade, de modo a qualificá-las para falar sobre aquilo. A proposta da tese de doutorado é criar este qualificador da pessoa baseado nas informações dela na internet para um determinado assunto”, comenta o pesquisador.
O Laboratório de Automação Agrícola (LAA)
O LAA, grupo de pesquisa do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais da Poli/USP, foi criado em 1989 e trabalha com o desenvolvimento de tecnologia da informação (TI) nas diversas áreas do agronegócio e do meio ambiente. Ele é coordenado pelo professor Antonio Mauro Saraiva.
A TI aplicada ao Agronegócio tem um papel importante na modernização e no aumento da competitividade desse setor, que é vital na economia do Brasil. A sua aplicação ao ambiente pode auxiliar a realização de pesquisas para avançar o conhecimento e divulgá-lo junto à sociedade, e prover apoio à tomada de decisão sobre o uso sustentável dos recursos naturais.
Os projetos de pesquisa do LAA são desenvolvidos em parceria com grupos do Brasil e do exterior, com apoio de agências de fomento e de empresas. As linhas de pesquisa abrangem diversas áreas da instrumentação inteligente, dos sistemas de monitoração e controle de processos; e dos sistemas de informações e de suporte a decisão: Big data, qualidade de dados, interoperabilidade de sistemas, ferramentas de modelagem e arquiteturas de sistemas.
Pela sua ampla área de atuação, a sua equipe é multidisciplinar, contando com alunos de graduação e pós-graduação, professores e colaboradores de diversas áreas.
Conheça mais sobre o laboratório no site http://www.laa.pcs.usp.br.