FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Ingressantes da Poli-USP tem aula inaugural com renomado cientista Paulo Artaxo

Foto: Fábio Durand.

Para apresentar a importância da atuação do engenheiro nos desafios tecnológicos globais da sociedade, foi convidado para ministrar a aula inaugural aos ingressantes de 2020 da Poli o professor  Paulo Eduardo Artaxo Netto, que trabalha com física aplicada a problemas ambientais, principalmente nas questões de mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia, física de aerossóis atmosféricos, poluição do ar urbana e outros temas. O cientista apresentou, ao longo de sua palestra, quais os desafios para a engenharia em um planeta em mudança rápida e quais são as questões principais em várias áreas do conhecimento.

Paulo Artaxo começou parabenizando os  novos alunos pelo ingresso na Poli, ressaltando que o ensino da Escola é público, o que significa que é um investimento da sociedade, e que isso traz uma dívida de responsabilidade social muito importante, para construir um mundo melhor “em vários aspectos diferentes como: na questão ambiental, tecnológica, científica, cada um irá trabalhar em milhares de coisas diferentes”. Ainda sobre a missão, Artaxo ressaltou a missão dos futuros engenheiros de melhorar a vida das pessoas menos favorecidas, que por falta de oportunidades não puderam ocupar uma vaga na USP.

O professor Paulo Artaxo passou então a explicar o que a USP e a Poli esperam dos alunos. “Não queremos um bando de carneirinhos, que escutam e falam ‘ok, professor’. Agindo desta maneira vocês não vão aprender. Questionem, questionem os seus docentes. Nunca aceite o conhecimento de modo passivo. Isso tem que ser feito de maneira crítica o tempo todo. Se vocês forem alunos que argumentam o tempo inteiro, vocês vão aprender mais e melhor, e de uma maneira crítica. O conhecimento para ser realmente assimilado tem que ser pensado profundamente e questionado o tempo inteiro”.

Artaxo então abordou o que se espera de um profissional de qualquer área hoje, principalmente de um engenheiro, o que ele chama de uma visão humanística integradora. “Não é resolver um problema específico, é pensar grande, é pensar na humanidade e pensar na sociedade. O estigma do engenheiro é ser o cara que vai resolver problemas, mas na verdade nossa função é mais que isso. É pensar soluções para a sociedade e para a humanidade”. Ele conta que isso é o que as empresas querem hoje. “O que é o empreendedorismo, é ser criativo e achar soluções para problemas que ainda ninguém encontrou soluções. E você só faz isso se consegue pensar mais amplo, humanística e integradora. Isso é extremamente importante ao longo de todo o curso de vocês”.

O professor ressaltou também a missão do cientista e engenheiro de pensar o futuro. “O planeta está mudando de maneira muito rápida, mais do que conseguimos acompanhar”. Então ele abordou as  sete grandes transformações necessárias para o mundo em 2050: consumo e produção de bens sustentáveis, revolução digital, capacitação humana, demografia, cidades sustentáveis, alimentos e energia. “Estes desafios são necessários para se construir um mundo minimamente sustentável em 30 anos, e a tarefa da engenharia é essencial e estratégica”. 

Citando os Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, como a erradicação da pobreza, igualdade de gênero, entre outros, Artaxo afirmou que serão necessárias soluções de engenharia para atingir muitos desses objetivos. Ele então apresentou um gráfico que elenca todas as necessidades da nossa sociedade, e os limites de recursos naturais que o planeta pode nos oferecer. “Basicamente precisamos encontrar um lugar seguro e justo para a humanidade para fazer o link entre as necessidades básicas e os limites físicos do nosso planeta, que estamos chegando perto desses limites. Para isso, precisamos de uma ciência sólida e interdisciplinar para construir este espaço”.

O palestrante então apresentou dados que mostram como nós, seres humanos, estamos mudando a composição da atmosfera terrestre, alterando a concentração de gases de efeito estufa, e ressaltou a importância da Amazônia no balanço climático. Por fim, ele ressaltou que aqueles que menos contribuíram com a emissão de gases estufa serão os maiores impactados pela mudança climática. 

Esta palestra faz parte de toda uma Semana de Recepção, que visa acolher os calouros na universidade e apresentar as possibilidade que se abrem com o ingresso na vida universitária, principalmente em uma universidade de pesquisa. A cobertura completa da Semana está no site da Poli.

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