FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

Escola sedia centro do Programa Nacional de Formação de Projetistas de Circuitos Integrados (CI Brasil), do MCTI

A primeira turma do Centro de Treinamento para Projetistas de Circuitos Integrados (CT3-EPUSP), sediado no Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos (PSI) da Escola Politécnica da USP (Poli), concluiu as duas primeiras fases da formação com a realização da “Job Fair” (Feira de Empregos), nos dias 2 e 3 de julho, na qual 18 alunos assistiram palestras de dez empresas e institutos de pesquisa do setor e foram entrevistados para vagas em estágios e programas de trainees.

A “Job Fair” foi realizada nas dependências do Departamento de Engenharia de Energia e Automação (PEA) e do PSI da POli. A atividade integra a formatura da primeira turma do CT3, iniciativa do Programa Nacional de Formação de Projetistas de Circuitos Integrados (CI Brasil), do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Os participantes do programa recebem bolsas do CNPq.

O trabalho em empresas e instituições de pesquisa é a última fase do treinamento, que durou um ano e foi direcionado para as três principais áreas de desenvolvimento de projetos de Circuitos Integrados: Sistemas Digitais, Sistemas de Sinais Mistos e Sistemas de Rádio Frequência. Participaram da “Job Fair” o Senai Cimatec, a Unitec, o Ceitec, a Freescale, o Centro VonBraun, a LSITEC, a Smart, a Cadence e a DF Chip.

“Estamos aqui para formar recursos humanos altamente qualificados e unir esses formandos às empresas do setor. O Brasil precisa muito desse grupo de empresas, pois elas são altamente inovadoras e inovação é fundamental para a competitividade do Brasil”, destacou João Antônio Martino, docente do PSI e coordenador do CT3, que é gerenciado pela doutora Paula Ghedini Der Agopian.

Entre as instituições que se apresentaram e entrevistaram os formandos do CT3 está o Senai Cimatec, que fica na Bahia. “É muito difícil achar profissionais com experiência em microeletrônica em nosso Estado, então recorremos a “Job Fair”. Já participamos da feira em Porto Alegre e contratamos bolsistas desse CT”, contou Rodrigo Tutu, projetista de circuito integrado digital do Cimatec. Dos três bolsistas que já foram admitidos pelo Cimatec, dois foram contratados após o período de estágio. Atualmente o instituto tem duas vagas para estágio.

A startup mineira Unitec, de Ribeirão das Neves (Região Metropolitana de Belo Horizonte), foi criada em 2012 e esta foi sua primeira participação em uma “Job Fair”. Ela ofereceu quatro vagas. “Nossa empresa está comprometida com a formação das pessoas e queremos ter esses talentos crescendo junto conosco”, destacou Camila Scorsatto, gerente de Recursos Humanos da empresa.

Entre os selecionadores na “Job Fair” na Poli estava Alcides Silveira da Costa, um dos profissionais que trabalharam na estruturação do primeiro Centro de Treinamento do CI Brasil, do CT1, de Porto Alegre. Hoje gerente de EDA da empresa estatal Ceitec, localizada na capital gaúcha, ele foi instrutor no CT1 quando este começou suas atividades em 2008 e participou da sua implementação. “É interessante, eu vi nascer a “Job Fair” e agora estou do outro lado do balcão, apresentando a empresa onde atuo e selecionando os profissionais”, afirmou.

Um dos alunos da primeira turma do CT3 é Renan Toniolo de Oliveira é formado em Engenharia da Computação pela Universidade Federal de Itajubá (Unifei), de Minas Gerais. “Sempre tive interesse pela área de microeletrônica e participar do treinamento é o caminho mais provável para ingressar no mercado”, disse. Segundo ele, é difícil sair da graduação e ocupar de imediato uma vaga no setor. “Ele requer uma pesada formação em ferramentas e em fluxo. O programa proporciona esse link entre a graduação e o mercado”, prosseguiu.

Outro que se interessou por microeletrônica ainda na graduação foi Roberto Rangel da Silva, formado em Engenharia Elétrica com Ênfase em Sistemas Eletrônicos pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). “Vi que o CI Brasil era um dos maiores programas para a área, além dos mestrados existentes nas universidades, e resolvi participar”, contou. “Não fiz mestrado porque achei interessante justamente esse viés mais aplicado, com foco na indústria, na realização de projetos”, revelou.

Segundo ele, o curso atendeu expectativas, apesar dos problemas de implantação que costumam ocorrer quando são iniciados cursos novos. “O apoio dos professores da USP, que têm enorme experiência, e dos instrutores do CI Brasil fez toda a diferença. O conhecimento adquirido aqui é muito vasto, equivale a muitos anos de estudos”, concluiu.

O interesse de Vitor Andrade Przedzmirski pela área de microeletrônica veio muito antes de sua graduação em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). “Quando eu era pequeno, meu sonho era fazer chips”, comentou. Para ele, as palestras foram úteis, pois mostraram como está o mercado. “O que mais importa, para mim, é a qualidade da empresa e o crescimento profissional que eu posso ter lá”, disse.

Os planos de vir para a região Sul-Sudeste, onde se concentra o mercado, foram antecipados por Przedzmirski, ao passar no processo de seleção para o CT3. “O curso me trouxe para perto do mercado, justamente por oferecer essa especialização tão boa e necessária para quem quer atuar nessa área”, afirmou. “Disponibilizam um treinamento muito bom na área, tanto na parte de circuitos, quanto a parte de ferramentas. As empresas querem que você saiba usar as ferramentas deles, mas ninguém fornece treinamento nisso, que é parte crucial para quem quer se desenvolver em microeletrônica”, comentou.

Como essa é a primeira turma formada pelo CT3, foi também a primeira vez que a Poli organizou a “Job Fair”. Por conta do inedistismo, Martino visitou o CT1, o Centro de Treinamento do CI Brasil montado em Porto Alegre (RS), e Tatiana Costa, assessora administrativa do CT1, deu suporte para a realização da “Job Fair” na Poli. O processo de seleção de alunos para a segunda turma do CT3 está em andamento e é feito pelo CI Brasil. 

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