FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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UFSCar e USP estão entre as universidades nas quais os estudantes conseguiram aprovação

A primeira edição do cursinho oferecido para estudantes da Zona Leste de São Paulo pela Escola Politécnica da USP em parceria com o Anglo Vestibulares já trouxe bons resultados. Pelo menos três participantes conseguiram boas notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e aprovação em universidades públicas, além de bolsas para estudar em entidades particulares. Os alunos, que são oriundos da rede pública de ensino, receberam uma bolsa integral para fazer o curso preparatório para os vestibulares. O Anglo ofereceu o material didático e disponibiliza seus professores para a turma. Além disso, as aulas ocorreram em sua unidade no bairro do Tatuapé, no período noturno.

Dos 57 estudantes selecionados por líderes da comunidade da região de Ermelino Matarazzo e que começaram o curso semi-intensivo em agosto do ano passado, 35 concluíram o semestre. Segundo o Anglo, a evasão ficou nos patamares registrados em outras modalidades do cursinho. Com base em relato dos próprios alunos para professores, monitores ou a direção, o Anglo estima entre 15 e 20 o número de alunos aprovados em diversos vestibulares em 2016.

Não foi possível verificar quantos alunos passaram pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU), sistema gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo qual instituições públicas de ensino superior oferecem vagas a candidatos participantes do Enem. O sistema é informatizado e não divulga lista de aprovados, como ocorre com vestibulares com o da Fuvest, da Unicamp e da Unesp.

“Quando fechamos a parceria, pensamos em uma turma de 25 alunos, então concluímos o ano com mais estudantes do que o esperado, uma surpresa positiva”, lembra Paulo Moraes, diretor de ensino do Anglo. “Apesar de termos formado uma turma específica para eles, já que precisávamos considerar as demandas desses alunos, especialmente em relação ao currículo, destacamos os mesmos professores e desenvolvemos os mesmos conteúdos das demais turmas, e eles foram muito bem”, destaca. “Tivemos resultados fantásticos com essa primeira turma, considerando que a base curricular que muitos deles tinham antes do cursinho não seria suficiente para atingirem as notas necessárias”, completa.

Foi o caso do estudante Paulo Otávio Nascimento Ferreira de Oliveira. “O cursinho ajudou muito, gostei do sistema. Aproveitei o conteúdo, tive bons professores”, afirma ele, que passou em Engenharia Agronômica na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), mas a distância em relação à família pesou e ele decidiu não se matricular. Oliveira também passou em duas faculdades privadas e chegou até a segunda fase da Unicamp –, onde prestou Engenharia de Telecomunicações. Isso não o desanimou, contudo. Ele está cursando Engenharia Mecânica em uma universidade particular, com apoio de bolsa. “As matérias vão me ajudar no vestibular. Vou prestar novamente, na Unesp no meio do ano, e na USP e na Unicamp depois, e tentar fazer o cursinho novamente, se tiver outra turma, para reforçar o conteúdo da área de Ciências Humanas”, conta.

A estudante Daniela Priscila Nunes Mendes foi outra a comemorar: ela passou no curso Ciências da Natureza da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. “O cursinho me ajudou bastante, especialmente em Matemática”, aponta. Seu objetivo agora é se formar na USP, trabalhar em pesquisa, e dar aulas para alunos do ensino superior.

Outro estudante que passou na UFSCar, em Enfermagem, foi Bruno Vinícius dos Santos. Ele também havia passado em uma faculdade particular em São Paulo, mas as condições financeiras de sua família não permitiram que se matriculasse em nenhum dos cursos este ano. “Fiz o último ano do ensino médio e o cursinho juntos. Foi puxado, mas valeu pela experiência e o conhecimento”, diz. Ele vai prestar novamente vestibular, dessa vez a Fuvest e a Unicamp. “O cursinho me ajudou a fazer uma revisão completa e reforçou o conteúdo que eu estava vendo na escola. Se houver uma nova edição do cursinho, vou tentar me matricular”, comenta.

Já Letícia Barbosa Macedo não se sentiu preparada para prestar vestibular para as universidades públicas. Ela passou em duas faculdades particulares, no entanto, o que lhe deu ânimo para tentar novamente, e dessa vez incluir as universidades mais disputadas. “O cursinho me ajudou muito, não só em relação aos conteúdos, mas aos conhecimentos do dia a dia de quem está estudando para o vestibular, com dicas úteis sobre o que fazer antes e durante as provas etc”, recorda.

A Poli e o Anglo vão discutir a renovação da parceria para oferecer novamente o curso no segundo semestre deste ano. A iniciativa é da Diretoria da Escola, em conjunto com lideranças de movimentos sociais da região de Ermelino Matarazzo, coordenadas pelo padre Ticão, da paróquia São Francisco de Assis, que fica neste bairro da Zona Leste. 

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