FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Em primeiro dia de treinamento para startups na Poli-USP, participantes aprendem primeiros passos para desenvolver seu modelo de negócio

No primeiro dia do treinamento (05/08) para empreendedores realizado na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), os dez grupos participantes, liderados por professores da Poli, aprenderam os primeiros passos para o desenvolvimento do modelo de negócio de suas startups. Cada um dos grupos apresentou, ainda, o produto ou tecnologia que será trabalhado ao longo do treinamento, que segue a metodologia do programa i-CORPS, do governo norte-americano, e está sendo aplicado pelo consultor Flavio Grynszpan, do Instituto i–CORPS Brasil. Nesta sexta-feira (12/08) será realizado o segundo dia do treinamento.

Nos Estados Unidos, o i-CORPS oferece formação para empreendedores, com o objetivo de incentivar a criação de startups a partir de pesquisas desenvolvidas em universidades. A Diretoria da Poli está apoiando a realização desse piloto do programa na Escola. Os grupos são formados cada um por um docente, um aluno ou ex-aluno da Poli-USP, e um mentor externo.

No primeiro dia de treinamento, Grynszpan apresentou um histórico do programa i-CORPS nos EUA. A metodologia foi criada pelo empreendedor Steve Blank, que a aplicou como professor nas universidades de Stanford e Berkeley. O National Science Foundation (NSF) e o National Institute of Health (NIH), duas das maiores agências financiadoras de projetos científicos norte-americanas, incorporaram o programa. No Brasil, o i-CORPS já foi aplicado em 21 empresas do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Na sequência, o consultor explicou os conceitos básicos do treinamento. “Startup não é uma empresa, é uma organização temporária projetada para procurar por um modelo de negócios que seja escalável e repetitível. Tratar uma startup como empresa é como tratar uma criança como adulto pequeno”, comparou. O objetivo do i-CORPS, portanto, é aumentar as chances de uma startup crescer e se transformar em uma empresa. “Essa metodologia permite limitar o tempo e o investimento ao mínimo necessário antes de se decidir por continuar ou abandonar o negócio”, explica.

Na busca pelo modelo de negócios, o grupo de empreendedores está aprendendo sobre o Customer Development. Trata-se de um processo aplicado à formatação do modelo de negócios no qual a ação básica consiste na realização de entrevistas nas quais o objetivo é descobrir qual é o problema ou a demanda dos clientes. As entrevistas partem do CANVAS, ferramenta digital de planejamento e gerenciamento estratégico, usada para desenvolver modelos de negócio. Cada um dos grupos participantes fez um CANVAS inicial relacionado à sua startup. “Ao final, cada grupo vai mostrar o que mudou no CANVAS a partir das entrevistas”, afirma.

Formatos de startup – Na primeira aula do treinamento, Grynszpan apresentou os ‘tipos’ de startups existentes. Há aqueles empreendedores que gostam de alguma atividade e criam uma empresa para exercê-la, sem meta de crescimento ou lucro. Outro tipo são as startups familiares, os pequenos negócios que servem para custear as despesas de uma família. Há ainda startups que se iniciam com o objetivo de resolver alguma grande questão social e se aproximam mais de modelos de organização não governamental, sem objetivo de lucro.

O treinamento aplicado na Poli foca as startups que querem retorno financeiro. Nesse caso, há o modelo que busca lançar uma inovação para o mercado global, como foi Google e Facebook; outro que depende de investidores, com os de capital de risco, ou do lançamento de ações (IPOs). Há ainda startups montadas para serem compradas. “Esse modelo é o que me parece ser mais apropriado ao Brasil, pois aqui nossas indústrias não são competitivas, não conseguem inovar, algo que a startup faz. A startup se torna um veículo para tornar as empresas mais inovadoras”, aponta.

O consultor também chamou atenção para o fato de que a estratégia para empresas de base tecnológica, na qual se recomenda a construção do business plan, não se aplica a startup. “Nesse caso, primeiro deve achar o modelo de negócio, que vai dizer se vale a pena ou não seguir adiante, para depois partir para o business plan”, comenta. Criada a startup e definido o modelo de negócio, parte-se para as etapas convencionais de desenvolvimento do produto, testes, contratação de equipe etc.

A seguir, os participantes apresentaram o CANVAS de cada uma das startups. Na última parte do primeiro dia do treinamento, os empreendedores receberam instruções gerais para aprimorar seu CANVAS e para realizar as entrevistas que devem fazer ao longo das próximas semanas. O treinamento deve acabar em setembro. 

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