Donna Hrinak conheceu laboratório onde empresa está realizando pesquisa em cooperação com a Escola
O Centro de Engenharia de Conforto (CEC) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) recebeu, na tarde desta quarta-feira (26/10), a visita da presidente da Boeing para a América Latina, Donna Hrinak. A empresa está realizando um projeto de pesquisa em conjunto com o Centro, que reproduz na Poli um mini aeroporto, com sala de espera, rampa de acesso para o embarque e uma cabine de avião em tamanho real (simulador–), onde são simulados voos para testes de conforto.
O projeto com a Boeing já começou, e os primeiros testes com voluntários estão em andamento. Os participantes embarcam em simulações de voo para avaliar condições de conforto. “Parece mesmo um avião real, estou muito bem impressionada”, disse a executiva. Segundo ela, os resultados dessa pesquisa vão ser aplicados tanto em aviões que já estão em serviço quanto para novos modelos de aeronaves.
A Boeing têm 11 centros de pesquisa e desenvolvimento, seis deles fora dos Estados Unidos, e escolheu desenvolver seu estudo sobre o conforto dos passageiros no Brasil por várias razões. A primeira delas é que existem apenas dois simuladores desse tipo no mundo: o da Poli e um instalado na Alemanha. “Ficamos sabendo das possibilidades de fazer o projeto aqui por meio da nossa colaboração em pesquisa e desenvolvimento com a Embraer. Esse projeto é da Boeing, mas sabemos que a parceria com o Centro foi uma experiência muito produtiva para a Embraer, algo que esperamos repetir agora com nosso trabalho conjunto”, afirmou.
De acordo com a executiva, o objetivo do projeto é melhorar a experiência do passageiro. “Vários fatores, além do espaço entre as cadeiras, afetam essa experiência: a iluminação, o ruído, a pressão. Queremos melhorar os aviões que fabricamos para os passageiros, especialmente nas viagens longas”, explicou. Como exemplo, ela citou estudos sobre iluminação, elemento que estão procurando utilizar para amenizar os efeitos de jet leg, causados pela diferenças de fuso horário. “Uma cor mais alaranjada pode ajudar na aclimatação das pessoas que estão chegando em um local onde está amanhecendo”, apontou.
Um segundo fator que pesou na decisão da Boeing de fazer a pesquisa no Brasil é justamente conhecer a opinião do passageiro brasileiro. “Sabemos que a questão do conforto é um elemento que varia de acordo com os países. Para uns, conforto está relacionado ao espaço, outros à iluminação”, justificou. O crescimento do mercado latino-americano também justificou fazer a pesquisa aqui: estimativas apontam que os países da região deverão adquirir cerca de 3 mil novos aviões nos próximos 20 anos.
Durante a visita, Donna foi acompanhada pelo coordenador do CEC, professor Jurandir Itizo Yanagihar, que lhe deu explicações detalhadas sobre o CEC e seu funcionamento, os tipos de simulações possíveis de serem executados e os projetos que podem ser desenvolvidos.
Ela visitou todas as instalações do Centro e participou de uma breve simulação da operação de decolagem e voo de cruzeiro, ficando impressionada com o realismo da sensação de se estar voando proporcionada pelo simulador. Ela também conversou com alguns voluntários que haviam concluído o teste do dia. “Os resultados dessa pesquisa serão compartilhados com a universidade, o que é muito positivo para o setor acadêmico e também para o empresarial”, concluiu.