FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Em workshop realizado na Poli-USP, academia, governo e indústria discutem tecnologias para ampliar participação do insumo na matriz energética

A importância do conhecimento produzido na universidade para o desenvolvimento de tecnologias e inovações que possibilitem a produção e exploração do gás natural para energia e obtenção de insumos para segmentos como a indústria petroquímica, por exemplo, foi destaque na abertura do Workshop Natural Gas & Future Energy System, realizado nesta sexta-feira (11/11) na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Com o aumento da extração do petróleo nas camadas do pré-sal no litoral paulista, a produção de gás natural ganhou caráter estratégico para o Estado e o País. Nesse contexto, a articulação entre os setores acadêmico, empresarial e governamental é fundamental para aproveitar todo o potencial produtivo desses campos.

A participação do gás natural na matriz energética paulista foi destacada pelo secretário estadual de Energia e Mineração de São Paulo, João Carlos de Souza Meirelles. “O Estado de São Paulo tem um Conselho de Política Energética para o qual o gás natural é um tema absolutamenta fundamental”, afirmou. Segundo ele, o governo está empenhado em colocar o Estado como protagonista nesse segmento, pondo todo seu instrumental à disposição para estar no estado da arte no que se refer à busca por soluções para problemas e atender demandas relacionadas a energia e sustentabilidade. “Temos uma subsecretaria, com status de secretaria, para cuidar dos assuntos relacionados ao petróleo e ao gás natural, e estamos muito interessado nos resultados deste workshop”, finalizou.

Produzir conhecimento para resolver questões complexas e apoiar o desenvolvimento de setores econômicos capazes de levar o Brasil ao crescimento é um objetivo que integra o histórico da Poli, lembrou o diretor da Escola, professor José Roberto Castilho Piqueira. “No começo do século XX, a Poli foi responsável pelos testes de acreditação dos materiais usados para a construção de São Paulo. Poteriormente, a Escola fez o mesmo em relação ao sistema de eletrificação da cidade, e agora, com iniciativas como a do RCGI, que é sediado na Poli, estamos participando da construção do Brasil do século XXI”, destacou.

O diretor se referiu, no caso, ao Centro de Pesquisa para Inovação em Gás – Research Center for Gas Innovation (RCGI), um centro mundial de estudos avançados no uso sustentável do gás natural, biogás, hidrogênio e em redução das emissões de gás carbônico, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), e que atua em parceira com empresas privadas. “Não só a indústria de petróleo e gás precisa muito de inovação, mas o Brasil requer uma remodelação industrial fundamentada na pesquisa, no desenvolvimento, daí a importância do RCGI e seu trabalho de pesquisa de altíssimo nível”, continuou Piqueira, que destacou, ainda, a necessidade de se levar aos alunos da graduação os temas discutidos no workshop, já que a Poli objetiva formar profissionais no mesmo nível das principais escolas de engenharia do mundo.

Ampliação da produção – “Num momento em que estamos aumentando significativamente a produção de gás na Bacia de Santos e entregando uma quantidade equivalente ao que se entrega com o gasoduto Brasil-Bolívia, é importante contarmos com um seminário como esse, pois precisamos de tecnologia a todo instante”, pontuou Osvaldo Kawakami, gerente geral da Petrobras Santos.

Ele citou um exemplo prático de desafio vencido pela empresa graças à investigação científica e desenvolvimento tecnológico. Eles enfrentaram uma limitação na produção de gás porque o revestimento do gasoduto se mostrou inadequado. O gás atingia uma temperatura maior do que a ideal para o processo e, como resultado, a produção era bem menor do que a capacidade projetada. Ao encontrar a solução para o problema, a empresa chegou próxima dos patamares projetados. “Isso demonstrou como o conhecimento e a inovação são importantes”, apontou.

Desafios como o citado pelo executivo da Petrobras são o que move a pesquisa do RCGI, conforme ressaltou o diretor acadêmico do centro e professor da Poli, Julio Romano Meneghini. “Procuramos desenvolver pesquisas que tenham foco e estejam diretamente relacionadas com atividades de empresas, não apenas no Brasil, mas em nível global, e que enfrentem o grande desafio do século XXI, a questão da sustentabilidade”, disse.

Olhar o mercado global faz sentido num cenário globalizado e com a atuação de grandes empresas no Brasil no setor de gás natural, caso da Mitsui & Co., que, junto com a Petrobras, distribui hoje cerca de 30 milhões de metros cúbicos de gás por dia no País. “Nossa empresa estimula as novas ideias e o uso do conhecimento para produzirmos um mundo melhor”, ressaltou o presidente da empresa no Brasil, Shinji Tsuchiya.

Para a USP, a cooperação entre o RCGI e as empresas privadas é um exemplo positivo dos benefícios que se pode obter da interação entre os setores acadêmico e produtivo. “Isso exemplifica a relevância estratégica da Poli e da parceria universidade-empresa para a USP para desenvolver tecnologias de ponta, de modo inteligente e ágil”, comentou o controlador geral da USP, professor Fernando Menezes, que representou o reitor da universidade, Marco Antonio Zago, no evento. 

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