FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Entre os projetos, destaque para sensor que avisa idoso a hora de ir ao banheiro, roupa que ameniza impacto de quedas e sistema de monitoramento do ambiente.

Incontinência urinária, quedas, depressão e ansiedade são problemas frequentes na terceira idade. Pensando nessas questões, estudantes de graduação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e da USP São Carlos, em conjunto com alunos de universidades de outros países, desenvolveram inovações que ajudam os idosos a lidar com essas dificuldades, desenhando um plano de negócios completo para as tecnologias propostas.

Os planos de negócio foram apresentados durante a Technology and Management International Business Plan Competition (T&MIBPC). A competição, que aconteceu entre 2 e 11 de janeiro, teve a participação de alunos e professores de cinco instituições: Universidade de Bayreuth – UBT (Alemanha), Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong – HKUST (China), Universidade de Illinois em Urbana-Champaign – UIUC (Estados Unidos), e a USP.

Seis estudantes da Poli – Benjamin Teng, Carolina Montesi, Francisco de Azevedo, Gabriel Pinto, Juliana Lopes e Rafael Souza – e dois da USP São Carlos – Renata Grass e Gustavo Lahr – competiram. Para acompanhá-los, estiveram presentes os professores Larissa Driemeier, do Departamento de Engenharia Mecatrônica e de Sistemas Mecânicos (PMR) da Poli, e Marcelo Becker, do Departamento de Engenharia Mecânica da USP São Carlos.

Os projetos – O IncontAlert, dispositivo produzido pelo grupo no qual participou o aluno Benjamin Teng, da Poli, conquistou o primeiro lugar da competição. Ele consiste em um aparelho instalado na região do púbis, por meio de um adesivo médico, que pode indicar o momento ideal em que o usuário deve ir ao banheiro, evitando assim uma possível incontinência urinária. “O dispositivo mede a oxigenação do sangue e a quantidade de água na bexiga usando luz infravermelha, e com isso é possível monitorar a bexiga enquanto ela enche e esvazia. Assim, o dispositivo consegue alertar o usuário quando sua bexiga está se aproximando do ponto em que não conseguirá segurar e sugere a ele usar o banheiro”, explica Teng. “O alerta pode ser feito por notificação de celular, pulseiras inteligentes ou outros dispositivos.”

Outros grupos também se concentraram em incidentes recorrentes e preocupantes no cotidiano dos idosos. O AirTrust, por exemplo, detecta o momento de uma possível queda e aciona um sistema de colchões de ar dentro da roupa do indivíduo. “A solução é promissora, pois já é utilizada com sucesso para motociclistas,”, conta Rafael Souza, aluno da Poli e participante do projeto.

Já Carolina Montesi, também estudante da Escola, contribuiu no desenvolvimento do SmartSens, um sistema de monitoramento que integra dados da casa do usuário obtidos por meio de sensores de tipos variados (temperatura, luminosidade, presença, sono). Esses sensores analisam o cotidiano do idoso – se ele sai de casa, a qualidade do seu sono e alimentação – e fornecem, então, indicadores de risco de doenças como depressão e ansiedade.

“A ideia é, no futuro, incluir previsões de outras enfermidades como Alzheimer”, afirma Carolina. “Para mim, o grande desafio foi desenvolver algo novo em apenas uma semana. Isso exigiu bastante pesquisa e também a integração de muitas tecnologias que já estão sendo estudadas ou já estão no mercado, como é o caso dos vários sensores que seriam usados para obter os dados do ambiente e da saúde do idoso”.

A competição – O tema da terceira idade para a competição em Hong Kong foi escolhido com seis meses de antecedência. Durante o evento, os participantes fizeram visitas culturais e técnicas a empresas e assistiram palestras relacionadas à temática. Os oito grupos foram divididos após uma análise de perfil dos estudantes, tornando a divisão mais igualitária e os times mais homogêneos (com nacionalidades variadas).

Durante os dez dias do evento, os alunos foram deixados sob a orientação dos professores mentores e tiveram que pesquisar a respeito das tecnologias mais recentes disponíveis para, então, elaborarem os produtos e seus respectivos planos de negócios, que incluíam propostas de valor do serviço oferecido, análises competitivas de mercado e os modelos de negócios mais viáveis para cada ideia.

Ao final da competição, os três melhores projetos foram premiados. A Poli ficou bem colocada: além do primeiro lugar com o IcontAlert, do grupo integrado pelo aluno politécnico Benjamin Teng, o AirTrust, do grupo do estudante Rafael Souza, conquistou o terceiro lugar. “Participar da competição foi uma das experiências mais incríveis que já vivi. Sempre gostei muito de tecnologia e tenho o sonho de abrir meu próprio negócio desde pequeno” conta Teng.

Trabalhar em equipe foi um aspecto que chamou a atenção de Rafael Souza. “O desafio proposto foi um prato cheio para engenheiros empreendedores: conceber, em uma semana, uma solução tecnologicamente e financeiramente viável. Integrar uma equipe de alto nível, de diferentes culturas e formações, extremamente motivada para desenvolver um trabalho de qualidade e competitivo, foi o elemento extra desta experiência,”, aponta o estudante.

A Pró-Reitoria de Graduação e de Pós-Graduação da USP, o Departamento de Engenharia Mecânica (PME) da Poli e a Diretoria da Escola deram apoio aos estudantes para a participação no evento. Além disso, os alunos fizeram uma campanha de financiamento coletivo pela internet para obter o total de recursos necessários para a viagem. Um vídeo com detalhes do evento está disponível no Facebook

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