FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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O projeto já recebeu um prêmio da Odebrecht, e concorre a outro em agosto.

Selecionar mudas de cana-de-açúcar em condições favoráveis para o plantio se tornou uma tarefa fácil graças à tecnologia criada pelos politécnicos Fernando Lopes, Fernando Veloso e Henrique Oliveira, sócios fundadores da startup Mvsia, incubada no Inovalab@Poli da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). O projeto já ganhou o Prêmio Odebrecht de Desenvolvimento Sustentável e concorre agora ao Prêmio Inovacana, promovido pelo Grupo IDEA nos dias 9 e 10 de agosto.

A ferramenta faz a seleção das mudas utilizando visão computacional e inteligência artificial e se baseia em critérios como o enraizamento da mesma, sua cor, diâmetro do caule e altura para diferenciar aquelas com melhores condições para o plantio. Ainda há um sistema mecatrônico que separa as consideradas boas das ruins.

Com a capacidade de analisar e separar uma muda por segundo, a ferramenta contribui para aperfeiçoar a produção e reduzir custos com mão de obra. “Sem falar na qualidade do produto final, que é difícil de mensurar”, acrescenta Lopes. “Quem faz isso geralmente é uma pessoa, e o olho humano cansa. A nossa ferramenta faz a seleção durante 10 horas sem perder produtividade”, explica ainda. Ele garante que o investimento feito gera lucros que alcançam o preço da tecnologia em até um ano e meio.

O politécnico conta que a criação é quase exclusiva no mercado, uma vez que a técnica do plantio da cana utilizando a muda foi criada no Brasil, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e é usada somente no país. Esse foi um dos motivos que levaram os sócios a escolherem o aprimoramento da produção de cana-de-açúcar como projeto. “Temos muito contato com pessoas do ramo do agronegócio. A gente sabe que o mercado da cana é muito grande, principalmente no Brasil, o maior produtor mundial”, destaca Lopes.

Apesar do sucesso e destaque nas premiações, a ferramenta ainda é um protótipo, e não há previsão do seu lançamento no mercado. Isso porque os politécnicos esperam contar com o apoio de empresas do agronegócio interessadas na tecnologia. Lopes explica, no entanto, que eles aguardarão para tocar este projeto em específico, uma vez que outras ferramentas parecidas, também desenvolvidas por eles, já estão disponíveis no mercado. É o caso da seletora de mudas de eucalipto, que recebeu o Prêmio Santander de Empreendedorismo em 2015.

Premiações – Fernando Lopes esteve em Nova Iorque durante a semana do dia 17 de julho para receber o Prêmio Odebrecht de Desenvolvimento Sustentável na categoria Person of the Year (POY) Fellowshipa Award, concedido pela Câmara de Comércio Brasil-EUA e pelo comitê da premiação. A cerimônia contou com a presença de Albert Fishlow, professor emérito da Universidade de Columbia (NY) e um dos maiores especialistas em economia brasileira; Paulo Vieira da Cunha, economista e ex-diretor do Banco Central (BC); e dirigentes da Câmara e da Odebrecht.

Para Lopes, experiências como essa são imprescindíveis para o crescimento da startup. “A premiação em dinheiro é muito importante para nós, porque estamos investindo na empresa. Além disso, ganhamos muito com a divulgação do projeto”. A premiação foi criada em 2008 e já foi realizada em oito países.

Além disso, eles também concorrem ao Prêmio Inovacana, promovido pelo Grupo IDEIA, consultora especializada na indústria canavieira. A premiação foi criada com o intuito de incentivar a criação de inovações voltadas ao setor sucroenergético, e acontecerá nos dias 9 e 10 de agosto. Nesses dias, três projetos selecionados (incluindo o dos politécnicos) deverão apresentar um resumo de suas invenções aos julgadores em Ribeirão Preto, SP.

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