FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Levantamento do referencial é fundamental para garantir, por exemplo, a precisão das medições de altitude em obras como pontes, túneis e reservatórios de hidrelétricas

O Laboratório de Topografia e Geodésia (LTG) do Departamento de Engenharia de Transportes (PTR) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) está atuando dentro da iniciativa do International Height Reference Frame (IHRF), que pretende estabelecer uma referência altimétrica global, válida para todos os países do mundo. Isso é fundamental para a padronização global das medidas de altitude, utilizada na construção de grandes projetos de engenharia, como pontes, túneis e reservatórios de hidrelétricas, entre muitas outras aplicações.

A equipe do LTG está estabelecendo o Referencial Altimétrico no Brasil e na América do Sul, que integrará o IHRF. Para contribuir no referencial altimétrico é preciso estabelecer as chamadas Redes de Gravidade Absoluta (RGA), a partir de medições absolutas da aceleração de gravidade em estações previamente selecionadas.

Até recentemente o cálculo do referencial altimétrico era feito a partir do nível médio do mar, monitorado através dos marégrafos. No Brasil, o referencial altimétrico utilizado até o momento é o nível médio da estação maregráfica de Imbituba, que fica no litoral de Santa Catarina.

“No momento, estamos estudando e promovendo alterações para estabelecermos uma nova referência uma vez que o nível médio do mar não representa a mesma superfície de equilíbrio em todos os pontos do globo. Quando determinamos o nível médio do mar em Santos, em Belém, ou em uma estação costeira dos Estados Unidos, do Japão ou da Europa, notamos que o nível médio não materializa a mesma superfície de equilíbrio (equipotencial) em todos os pontos e precisamos ter referências que possam ser consistentes para todos”, explica Denizar Blitzkow, professor colaborador do LTG.

Por isso, os pesquisadores estão determinando agora as medidas gravimétricas na superfície da Terra, pois são bem mais precisas. Para isto, utilizam-se aparelhos chamados gravímetros, que podem ser absolutos ou relativos. São feitas medições em diferentes pontos do País. “Nosso laboratório tem trabalhado no estabelecimento de redes de referência de gravidade absoluta. Estamos fazendo isso em toda a América do Sul”, conta.

Os pesquisadores definem pontos para medir a aceleração de gravidade a cada 100 quilômetros, aproximadamente, criando uma rede extremamente densa de pontos medidos e que constituem a Rede de Gravidade Absoluta (RGA) da região. Alguns países já tiveram os pontos referenciais estabelecidos e completaram a sua RGA, como a Argentina e a Venezuela.

Em agosto último foi concluída a medição e o estabelecimento da rede do Equador. No Brasil vem-se trabalhando gradualmente para completar a rede. A partir da referência absoluta realizam-se trabalhos de densificação. No Brasil já existe por volta de um milhão de pontos gravimétricos. O Estado de São Paulo é o mais bem servido em dados, graças a um trabalho realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

“Com o uso dos dados de gravimetria, vamos estabelecer uma superfície de referência que seja globalmente aceita, e todos os países poderão usar esssa referência para altimetria”, explica. Ele cita como exemplo prático as dificuldades enfrentadas pelos engenheiros na construção do gasoduto Brasil-Bolívia porque havia duas referências altimétricas diferentes para se usar nos cálculos: a brasileira e a boliviana. “Com o estabelecimento de um indicador comum para toda a América do Sul, poderemos trabalhar de um país para o outro usando a mesma referência”, completa.

Ao concluir os trabalhos, o Brasil e demais países da América do Sul terão um novo referencial altimétrico para utilizar que será comum a todos. “Com isso, vamos abandonar o uso da medição do nível médio do mar”, diz. Além de ter uma medida padrão para todos os países que pode ser usada internacionalmente, o uso da medida dos gravímetros torna o cálculo mais preciso e o resultado mais exato, já que os gravímetros trabalham com medidas físicas reais do terreno.

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