FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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O Simpósio conta com palestras, apresentações de trabalhos acadêmicos sobre o tema, oficina de discussão e visita técnica.

 

Evitar o acúmulo de resíduos urbanos nos rios ao diminuir a quantidade de lixo nas ruas, ocupar as margens dos mesmos com instalações que podem ser inundadas (como piscinões, parques e quadras poliesportivas) e desenvolver projetos paisagísticos para eles são algumas das soluções utilizadas hoje em diferentes cidades ao redor do mundo e que serão discutidas durante o II Simpósio de Revitalização de Rios Urbanos, realizado na Escola Politécnica de São Paulo (Poli-USP) entre os dias 23 e 27 de outubro. As inscrições  são gratuitas para a comunidade USP e variam de preço para externos.

O evento é coordenado pelos docentes José Rodolfo Scarati Martins e Monica Ferreira do Amaral Porto, ambos do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (PHA). Porto explica que a importância da discussão do assunto se deve, sobretudo, pelo fato de que a recuperação de um rio poluído ir muito além do tratamento do esgoto despejado em seu corpo. “Para requalificar um rio, é necessário também um grande esforço para que esses corpos hídricos reintegrem a paisagem urbana”, ressalta.

Esforço esse que, para ela, exige a mobilização de diferentes setores. “Obrigatoriamente é uma dedicação coletiva. Precisamos de um boa parceria entre a entidade que é responsável pela coleta e tratamento de esgoto, as prefeituras municipais e a população”.

Atualmente, as cidades influenciam na contaminação dos rios de diversas maneiras. Além do despejo de esgotos não tratados, os corpos hídricos podem sofrer com a chamada carga difusa, que consiste no acúmulo de resíduos tipicamente urbanos – como partículas de asfalto, óleo, gasolina, bitucas de cigarro e embalagens de todo tipo. Por ser o ponto mais baixo da topografia da bacia, o rio acaba servindo como um acumulador de lixo, que é trazido pela água da chuva.

Outro problema apontado por Porto diz respeito à ocupação urbana não respeitar as margens dos rios. “Nosso padrão usual de ocupação das cidades é ir até a beirada da margem com avenidas e casas”. Os corpos hídricos costumam ter dois volumes de leito durante o ano: o leito menor, que corresponde à vazão que ocupam durante o tempo seco, e o leito maior, resultado das sublimações naturais em épocas mais chuvosas. O que acontece, explica Porto, é que as construções geralmente são feitas tendo em vista o leito menor. “Por isso, quando vem a cheia, nos queixamos que a cidade sofre com inundações”. Parte do processo de requalificação seria, então, dar mais espaço aos rios.

Com o intuito de resolver o problema, Porto ainda exemplifica a iniciativa da Prefeitura da cidade de São Paulo, em uma parceira com a Sabesp. O projeto “Córrego Limpo” consiste na tentativa de revitalizar os rios da cidade que abrange atualmente 150 córregos do município. Para trazer os mesmo de volta à paisagem urbana, a prefeitura cuida da recomposição das margens e dos serviços de zeladoria, enquanto a Sabesp garante que nenhum tipo de esgoto não tratado chegue até esses locais.

Destaques do evento – O Simpósio foi pensado para a comunidade acadêmica em geral, instituições nacionais e estrangeiras e representantes de diversas áreas relacionadas ao planejamento e gestão de recursos hídricos. Os três primeiros dias serão de oficinas de projetos, enquanto os dois últimos contarão com palestras e apresentação de trabalhos acadêmicos, inscritos no mês de setembro. Haverá também uma visita técnica a uma bacia hidrográfica a ser definida. Nas oficinas, serão selecionados 15 participantes com formações diversas a fim de promover um debate interdisciplinar sobre as alternativas para a revitalização de uma bacia hidrográfica.

Os participantes poderão ainda entender mais sobre os resultados do projeto piloto capitaneado pela entidade “Águas Claras de Pinheiros”, e feito em uma parceria com a Poli, que atuaram na requalificação do Rio Jaguaré, próximo da Escola. A partir dos resultados obtidos com o projeto, os presentes poderão identificar quais as ações foram mais eficazes para o Jaguaré. “Será uma discussão, com base naquilo que foi experiência do projeto Jaguaré, sobre quais são as soluções que melhor se encaixam para as cidades brasileiras”, conta Porto.

 

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