FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Os estudantes de graduação participaram do simulador The Fresh Connection, em que tiveram que tomar decisões relativas ao funcionamento logístico de uma produtora de suco

Os estudantes da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) Rodrigo Sampaio, Guilherme Dualib e Alexandre Niyama, e o aluno da Faculdade de Economia e Administração (FEA-USP) Gabriel Gorgati, garantiram o quarto lugar na “The Fresh Connection APICS Global Student Challenge”, competição internacional de Supply Chain promovida anualmente pela associação norte americana de profissionais de Supply Chain APICS, especializada em pesquisa, certificação e cursos profissionalizantes na gestão de cadeias de suprimentos. A equipe formada por eles, a HandPoli, recebeu a orientação de Cláudio Barbieri da Cunha, professor do Departamento de Engenharia de Transportes (PTR) da Escola.

Os estudantes tiveram que simular a operação logística de uma empresa fictícia que produz e distribui sucos durante seis meses, tirá-la do vermelho, e ainda aumentar seus lucros por meio do simulador chamado “The Fresh Connection” (TFC). A última etapa da simulação reuniu a melhor equipe de cada continente – América do Sul, Europa, Ásia, África, além de nove equipes da América do Norte – e ocorreu em San Antonio, nos Estados Unidos, na qual o time da USP garantiu o terceiro lugar no resultado do simulador (inclusive à frente da equipe que venceu a competição), porém ficando em quarto na colocação geral da competição, em parte por causa da maior dificuldade com o idioma estrangeiro na apresentação oral final que fazia parte da final.

Os participantes contam que, a cada rodada, o nível de dificuldade do jogo aumentava, o que tornava a competição cada vez mais disputada, com os times competidores separados por décimos na pontuação. “Nos dois primeiros rounds não fomos muito bem. Chegamos até a piorar a situação da empresa”, diz Alexandre Niyama. “Fomos a melhor e a pior equipe da competição em rodadas diferentes”, acrescenta Rodrigo Sampaio.

Sampaio conta ainda que conheceu a disputa quando fazia intercâmbio na Suécia. Na época, ele chegou a usar o simulador em aula, e foi o professor do curso que indicou a competição. Ao voltar para o Brasil, já se mobilizou para criar o time e entrar em contato com o professor Barbieri, cujas pesquisas também focam a área de supply chain e logística.

Tentando sobreviver – A “The Fresh Connection APICS Global Student Challenge” foi dividida em três fases. A primeira delas era exclusivamente online, e os membros de cada equipe deveriam trabalhar em conjunto para tentar tirar a empresa do simulador do “vermelho”, indicativo medido por meio da porcentagem gerada pelo cálculo dos lucros sobre os investimentos da empresa, o chamado ROI. Foram quatro rodadas, com duração de uma semana cada, nas quais os integrantes se dividiram nas funções de vice-presidentes de Supply Chain, Vendas, Produção e Compras, cada um com um amplo rol de decisões a serem tomadas.

“O VP de Supply Chain deveria cuidar da gestão de todos os estoques da empresa, desde a matéria-prima até o produto”, afirma Sampaio. “O integrante com esse cargo cuidava da infraestrutura logística da empresa, por exemplo, quanto de área a empresa teria para armazenar as diferentes matérias primas que compra e produtos acabados que distribui”, acrescenta Barbieri da Cunha.

Já o setor de Vendas fechava os contratos com os clientes, prometendo quanto de cada produto iria entregar e em qual prazo período de tempo. A Produção deveria saber controlar o ritmo de fabricação do suco de acordo com os estoques, enquanto a parte de Compras contratava os fornecedores da empresa e decidia as condições de fornecimento. “Ele decidia o fornecedor, prazo, preço e tamanho de lote, mas não quanto comprar”, especifica o professor. 

A cada rodada, os alunos programavam o que consideravam ser as melhores decisões para a indústria, e o jogo então simulava como seria a operação da mesma por períodos que correspondem a um semestre. Por isso, as discussões em grupo e a ajuda do mentor eram tão necessárias. “A decisão de um setor da empresa impactava na produtividade do outro”, explica Sampaio.

Já na segunda fase, o cenário era mais complexo, com mais decisões e opções de produtos, clientes e fornecedores, e manter a empresa apenas fora do “vermelho” não era suficiente. Nela, eles foram ranqueados de acordo com os melhores desempenhos (medido com o ROI), e somente o primeiro colocado em cada continente foi chamado para a final. Mesmo assim, havia um ranking único global. Nessa etapa, a HandPoli chegou a ficar no primeiro lugar mundial.

A final ocorreu nos EUA, e contou com diversas atividades. Além da programação online, os integrantes tiveram também etapas presenciais, como a simulação de reuniões com fornecedores e uma apresentação da estratégia da empresa ao final da competição. Essa etapa durou quatro dias, e a HandPoli garantiu o quarto lugar, sendo a única equipe dentre as finalistas formada exclusivamente por alunos de graduação, que competiram com alunos de pós-graduação e MBA, muitos deles com experiência prévia no mercado profissional.

Com o apoio dos Fundo Patrimonial Amigos da Poli, essa experiência do uso do simulador “The Fresh Connection” (TFC) vai ser introduzida em sala de aula já em 2018, para os alunos de graduação de Engenharia Civil que cursarem a disciplina de Logística e Cadeia de Suprimentos oferecida por Barbieri da Cunha. 

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