FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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IPT mostra plano de centro com foco na cadeia do superímã de terras raras em evento na Embaixada brasileira em Berlim
 
Ganha massa a parceria entre Brasil e Alemanha em torno da utilização industrial de elementos de terras raras. “As pesquisas brasileiras sobre as cadeias produtivas de terras raras encontram-se em estágio avançado no País, o que acabou estimulando o envolvimento de instituições alemãs em busca do desenvolvimento tecnológico conjunto. A ideia é que o Brasil possa elaborar um produto – no caso, o superímã de terras raras – com valor agregado e não simplesmente a matéria-prima mineral”, afirma Fernando Landgraf, diretor presidente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) e professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica da USP. “Temos possibilidade de articular nossa cadeia produtiva para ir da mina ao superímã”, completa. IPT e Poli atuam de forma conjunta em busca do desenvolvimento de superimãs e realizaram recentemente um workshop sobre o tema. 
 
Nos dias 14 e 15 de dezembro Landgraf participou em Berlim do ‘Workshop – Strategic Minerals and Innovation in Brazil’, organizado conjuntamente pela Embaixada Brasileira e Câmara de Comércio Brasil-Alemanha. A cerimônia de abertura do evento foi presidida pelo embaixador Mauro Vilalva. Reuniu cerca de 70 pessoas ligadas a empresas alemãs da área de tecnologias de mineração (como a Fichtner Water & Transportation), interessadas no uso de terras raras (casos da Siemens e BMW, entre outras) e academia (universidades de Duisburg e Técnica de Clausthal, THGA e institutos de pesquisas).
 
Foram apresentados diversos trabalhos técnicos brasileiros sobre o momento das terras raras no país. Fernando Landgraf apresentou o trabalho conjunto entre IPT e USP intitulado “A implementação e a estruturação do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) para produção de superímãs de terras raras”. Marcos Flavio Campos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou “As reservas e a pesquisa brasileira em terras raras”. Paulo Wendhausen, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), discorreu sobre “O projeto Brasil-Alemanha de Tecnologia de Terras Raras – projeto REGINA” (sigla em inglês). André Carlos Silva, da Universidade Federal de Goiás (UFG), apresentou “Projetos de terras raras no estado de Goiás”. Eduardo Soriano, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações falou sobre “A estratégia brasileira de ciência, tecnologia e inovação em terras raras”.
 
Oportunidade – Na avaliação de Landgraf, o crescimento da parceira entre os dois países prende-se ao fato das empresas alemãs serem grandes consumidoras de terras raras, muito utilizadas na fabricação de geradores eólicos e carros elétricos, por exemplo, e o Brasil como potencial fornecedor de superímãs. “Hoje o mercado mundial de terras raras é dominado pela China. Decorrente dessa dependência, ocorreu uma ‘bolha’ de preços em 2011 que gerou insegurança quanto à oferta do mineral no mercado internacional. O fenômeno repetiu-se em 2017. O preço do neodímio metálico, por exemplo, aumentou cinco vezes entre janeiro e setembro deste ano, retornando em novembro ao patamar de janeiro, quando o quilo custava cerca de 40 dólares.”
 
Para Landgraf, há duas causas possíveis para a ‘bolha’ especulativa de preços deste ano. A primeira, embutida no anúncio do governo chinês de que sua legislação ambiental reduziria o número de empresas fornecedoras de terras raras para o mercado internacional. A segunda pode ter sido reflexo do estabelecimento de data-limite para o fim da produção de motores a combustão interna na Europa, com o consequente aumento na demanda por superímãs de terras raras para motorização dos carros elétricos.
 
Neste contexto, o IPT e a Escola Politécnica da USP uniram esforços. “Trabalhamos conjuntamente no desenvolvimento tecnológico para elaboração e solidificação controlada da liga de ‘neodímio-ferro-boro’ usada na fabricação dos superímãs”, explica Landgraf. “O projeto, que deverá estar concluído até o final de 2018, tem financiamento das empresas CBMM e Weg, com apoio do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).” Landgraf vê crescer a possibilidade de sucesso desta iniciativa diante do avanço de outro projeto, iniciado em agosto deste ano e também com foco no desenvolvimento dos superímãs de terras raras, que envolve sete instituições de pesquisa brasileiras e outra sete alemãs. “No Brasil a coordenação é da UFSC e na Alemanha do Instituto Fraunhofer IWKS, neste esforço importante que coloca em foco a internacionalização da pesquisa tecnológica brasileira.”
 
(Assessoria de Imprensa do IPT) 
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