FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Docente da Poli explica que, devido à atenção aos critérios de segurança, há muito tempo o País não via uma tragédia como esta

O incêndio e desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, localizado na região do Largo do Paissandu, centro de São Paulo, ocorrido da madrugada de ontem, dia 1º de maio, causou grande repercussão na imprensa local e nacional. A construção possuía 24 andares, e abrigava mais de 200 pessoas, que ali viviam de maneira irregular, sem o aval da prefeitura.

O professor Ruy Marcelo de Oliveira Pauletti, do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica da Escola Politécnica da USP, foi convidado pela Prefeitura de São Paulo, por meio do também docente do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli-USP e secretário municipal de serviços e obras, Vitor Aly, a acompanhar a visita técnica feita nos edifícios vizinhos para uma primeira avaliação técnica do perigo iminente de colapso de outras estruturas. O docente, que atua na área de estruturas há mais quase 30 anos, relata que a experiência foi muito marcante. Ele visitou, junto a outros engenheiros, membros da defesa civil e do Departamento de Edificações da Prefeitura, um edifício à frente e outro ao lado do local do desabamento.

O grupo concluiu que não haveria risco iminente de colapso dos edifícios afetados pelo incêndio e desabamento da construção vizinha, entretanto há um risco da queda do material do revestimento. “Por esta razão, o entorno deveria permanecer interditado neste momento”, explica o Pauletti. “As vistas externas de um dos prédios, feitas após a vistoria interna, indicam comprometimento do reboco na fachada posterior do prédio e fissuração destas  paredes. Esse padrão levanta a preocupação com um possível colapso, que deve ser eliminado com urgência, o que pode ser feito rapidamente por meio de escoramento interno. Outra medida preventiva, se não foi feita, seria esvaziar as caixas d água superiores desse prédio”.

O professor Ruy Pauletti explica que a área de engenharia de estruturas tem papel fundamental para garantir a segurança dos habitantes de um prédio. “Seguindo as normas técnicas vigentes, as estruturas são projetadas para permitir que, em caso de incêndio, haja tempo hábil para que todos as pessoas deixem o local. Há muito tempo não ocorrem tragédias deste tipo uma vez que as construções regulares seguem estes critérios estipulados pelas normas brasileiras. A ocupação irregular é um risco para a sociedade por não estarem dentro destes parâmetros”.

Para definir os critérios utilizados nos projetos de construção civil, as normas são baseadas em resultados de estudos de pesquisadores da área, como os docentes Poli-USP e de outras universidades. “O nosso papel na crise é tentar explicar e propor medidas para garantir a segurança e mitigar as consequências”, conclui o docente.

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