FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

Conheça os projetos e a visão da Comissão que a coordena a graduação de uma das maiores unidades da USP, a Escola Politécnica

Ao final de abril, a Congregação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) escolheu os representantes das áreas de Graduação, Pós-Graduação, Pesquisa e Cultura e Extensão, as Comissões Permanentes que compõem os órgãos administrativos da universidade, segundo o Artigo 44 do Estatuto da USP. O mandato começa no dia 30 de abril de 2018, e vai até 29 de abril de 2020. A chapa eleita para presidir a Comissão de Graduação (CG) é composta pelos professores Fábio Gagliardi Cozman, para presidente, e Antonio Carlos Seabra, para vice-presidente.

Em entrevista, os docentes contam os planos para os próximos dois anos da Comissão responsável por traçar diretrizes e zelar pela execução dos programas dos 17 cursos de graduação da Escola, que somam mais de 5 mil alunos. Os docentes relataram sua experiência na comissão que coordena o Ciclo Básico da Poli, conhecido como o Biênio, período inicial do curso em que os alunos têm predominantemente disciplinas de ciências exatas, consideradas a base para a engenharia. Para eles, a complexa gestão do Ciclo Básico deu a eles o conhecimento sobre os desafios para o ensino na Escola. Os docentes também falaram sobre as tendências pedagógicas mais modernas, baseadas em evidências científicas, para aprimorar o ensino, alcançando melhores resultados. Eles destacaram que o momento, com a estrutura curricular implantada, será de avaliação e melhorias. Os projetos da Comissão para a graduação da Escola são apresentados pelos docentes na entrevista abaixo.

Vocês podem contar sobre a trajetória de vocês, e o que levou a se candidatar a este cargo?

Fábio Cozman – Nós dois somos muito interessados na graduação e no ensino; eu posso falar por mim: gosto de dar aulas, sempre estive envolvido com a graduação e comecei a trabalhar com a CG em 2002. Ao longo desse tempo fui vice-presidente do Ciclo Básico, depois fui vice-presidente da CG;  foi um caminho natural para ajudar a graduação da Escola.

Antonio Seabra – Eu acho que o que move realmente as pessoas que estão envolvidas com a graduação é o desejo de aprimorar os processos da graduação. Comigo isso aconteceu no começo da carreira, lá nos anos 1980, porque eu participei muito ativamente da reestruturação de laboratórios. O prazer sempre existiu, a motivação sempre existiu e, ao longo do tempo, fui vendo que para poder contribuir de uma forma mais incisiva, precisava participar dos organismos de gestão. Em 2010, o professor José Roberto Cardoso, naquela época diretor da escola, me convidou pra coordenar o Biênio. Foi bastante desafiador e eu aprendi muito lá. Aprendi a ver a Escola com olhos diferentes, e acho que o Fábio também passou por um processo muito parecido. O que nos motiva muito foi ter visto como é a realidade da Escola do ponto de vista da graduação no Biênio. Conversamos e vimos que os membros da CG, de uma forma geral, são todos muito motivados a transformar. Acho que a Comissão se destaca pelo desejo dos membros de ajudar a Escola, vejo bastante interesse lá, sempre pensando nos alunos, algo que é gratificante.

Cozman – Nós estamos há muito tempo envolvidos com a graduação, e eu acho que agora é um momento interessante de participar da CG, porque é o momento de reavaliar a EC3. Participamos juntos da concepção do Ciclo Básico atual, o Seabra liderou aquela discussão. Eu acho que os últimos anos foram anos de muito trabalho para colocar a EC3 em pé, e agora é um momento interessante de reavaliar a EC3 em todos os aspectos, do Ciclo Básico ao quinto ano. Acho que é um momento oportuno para contribuir.

Vocês propuseram acelerar os processos decisórios. Como vocês pretendem realizar isso?

Cozman – Acho que a chave é dividir os trabalhos em subcomissões com mais poder e mais responsabilidade. Nós gostaríamos de tentar um diálogo com outros membros da CG, dentro do possível, já que os processos são complexos, para dividir um pouco o trabalho.

Seabra –  E também com os funcionários que atuam diretamente, tanto na seção de alunos como nos departamentos, porque eles também têm uma vivência muito grande, o que às vezes nos escapa. Esse trabalho conjunto CG e funcionários envolvidos com a graduação tem um potencial muito importante em identificar processos que estão muito complexos sem a devida necessidade, ou coisas que estão faltando.

Cozman – E talvez ao mesmo tempo trazer professores e funcionários que não estão agora engajados com a CG, mas que querem ajudar na graduação. Isso acontece em muitos departamentos. Há professores que querem ajudar na graduação, mas a coordenação do curso já está completa. É preciso trazer mais gente para o trabalho.

Seabra – Quando você identifica algumas ações específicas que são importantes, traz professores motivados para dentro do ambiente, porque eles podem colaborar em algo que, para eles, é muito relevante e que dará resultados tangíveis.

Cozman – Na verdade, a Escola tem muitos projetos que têm impacto na graduação, mas nem sempre chegam na CG, nem sempre são organizados dentro da instituição.

Qual a avaliação de vocês da implementação da EC3? Quais desafios vocês vão ter que enfrentar e como vocês pretendem fazer isso?

Seabra – Ambas EC2 e EC1 tiveram pontos muito positivos, sempre tiveram uma bagagem de inovação, mas o que a gente observa é que se não fizermos um acompanhamento, uma avaliação, uma modificação em função das demandas que vão surgindo, e dos problemas também, o processo tende a morrer. Então, quando falamos de EC3, temos que pensar que existe um processo contínuo, e é necessário que a gente não descanse, que continue buscando onde estão os problemas, o que pode ser melhorado. Vamos repensar, abandonar ideias que não deram certo. É muito importante ter essa abertura, isso é um desafio enorme.

Cozman – Eu dividiria os ganhos da EC3 em três partes. Houve uma reformulação no Ciclo Básico, que eu acho que foi positiva. Os alunos têm contato com as habilitações mais cedo, e as várias disciplinas de introdução à engenharia têm sido positivas. Outro aspecto foi a reformulação de todos os cursos, que aconteceu mais nos 2º, 3º e 4º anos. Todos os cursos tiveram oportunidade de fazer uma reflexão. Outra grande inovação da EC3 foi a flexibilidade maior em disciplinas optativas e nos módulos vermelhos do 5º ano.  No geral foram muitas mudanças e muitos ganhos. O curso se modernizou, mas todas essas vantagens trouxeram também certos problemas que são inevitáveis em uma estrutura deste tamanho. É hora de repensar o Ciclo Básico, que hoje recebe os alunos, e eles têm que ter motivação, ser bem atendidos. Além disso, CG tem que discutir um pouco a implantação e o seguimento do que que vai acontecer com os módulos, já que a Escola hoje oferece 40 módulos, o que não tem uma gestão fácil.

Como é feita a avaliação do curso? Como é esse feedback?

Cozman – A Escola tem um processo orgânico de decisão que é democrático, a instituição não é centralizadora neste ponto. Eu acho que sempre há uma reavaliação, sempre há um processo de melhorias em todos os níveis. Só que agora, como a EC3 está implantada, é um momento em que podemos fazer um esforço organizado entre a CG, a Comissão do Ciclo Básico e as Coordenações de Cursos (COCs). Há um grande número de órgãos da Escola que podem discutir em harmonia.

Seabra – É importante também deixar claro que a CG teve e tem um papel fundamental no processo de avaliação de disciplinas, porque ela manteve uma comissão de avaliação de ensino, um trabalho muito grande e significativo, principalmente nos anos iniciais. E esse processo também se difundiu para dentro da Escola, para os cursos e habilitações, e isso tem que ser fortalecido, revitalizado. O processo é muito interessante, porque tem a participação efetiva de alunos, de representantes de classe. Eles participam tanto da tomada de informações entre os próprios alunos, como da análise e apresentação dessas informações aos professores, e depois os docentes discutem isso com os estudantes. Isso sempre pode ser melhorado. Por exemplo, na Engenharia Elétrica, buscamos ter uma resposta no mesmo semestre, não só para os anos seguintes. O processo de avaliação da Poli é um processo muito rico, que inclusive foi empregado em outras unidades. É muito importante ouvir tanto alunos como professores, e chegar a uma conclusão mais geral sobre o que está acontecendo, o que está errado, o que precisa melhorar. E isso acontece todo ano desde 2006. Tem um lastro nisso, um conhecimento enorme. E acho que podemos aproveitar essas informações para aprimorar nossas atividades.

Como promover boas práticas aprendidas com a internacionalização nos cursos de graduação da Poli?

Cozman – A internacionalização é muito importante porque os alunos conhecem novos lugares, muitas vezes trazem boas ideias, e trazem seu depoimento. Receber alunos de fora também é interessante, nos obriga a conhecer um pouco mais a realidade de outros lugares. Algumas aulas estão começando a ser ministradas em inglês,  e isso cria um ambiente um pouco mais diverso.

Seabra – Acho que o processo está, no momento, muito calcado na mobilidade estudantil. Temos muitos estudantes indo para fora e alguns poucos vindo para a Poli. Queremos colaborar com essa possibilidade de aumentar o número de estudantes estrangeiros dentro de nossos cursos, e com isso olhar para as práticas em termos de ensino e aprendizagem, de uma maneira mais global. Precisamos olhar com cuidado como podemos modificar algumas coisas, com vistas a tornar a Escola mais internacional. Muitas vezes isso implica em mudar hábitos que temos arraigados e que precisamos, talvez, reconsiderar. Por exemplo, na maioria dos lugares, hoje o ensino é baseado em competências, e a Escola teve uma preocupação nesse sentido na gestão da CG anterior mas ainda não se mobilizou de fato. Primeiro porque ela é precavida, mas também porque estava com uma carga de trabalho muito grande [devido à EC3]. Com a estrutura implantada, este é o momento em que podemos pensar com mais tranquilidade sobre isso, de uma forma mais madura, de como transformar essa ideia de grade curricular, e pensar no ensino e na aprendizagem por competências. Definir o que a gente deseja que um aluno tenha de qualidades, competências, habilidades e atitudes. Seja para trabalhar no mercado de trabalho, seja em pesquisa, na carreira acadêmica.

A internacionalização, e o consequente contato com essa diversidade, ajuda a Poli a repensar o ensino com mais rapidez e facilidade?

Cozman – Acho que isso força a gente a pensar, porque, por exemplo, na Europa, só para dar um outro exemplo, os cursos valorizam as atividades extracurriculares. Isso faz com que tenhamos que refletir sobre o assunto, porque os alunos vão para lá, voltam, e precisam receber créditos para contar em sua carga horária. A realidade de intercâmbio nos força a aprender com os nossos pares de outros países.

Haverá algum programa para auxiliar os alunos cotistas?

Cozman – A Escola já tem uma sub-comissão que cuida de acompanhamento do desempenho dos alunos via SISU e por cotas, formada há mais de um ano. Nas últimas poucas semanas ficou clara a necessidade da Escola agir em conjunto para obter dados de forma mais sistemática. Certamente a Escola terá um acompanhamento mais fino desses alunos, que ingressam de várias formas, já que agora temos vários tipos de ingresso. Vamos acompanhar para ver quais problemas eles estão enfrentando, e ver o que podemos fazer ao longo do curso.

Seabra – O que sempre tentamos é oferecer melhores condições para que os alunos possam se desenvolver, esse é o objetivo. Mas também sabemos que essa é uma ação que não depende só da Escola, mas da universidade. Por exemplo, quando falamos de permanência estudantil, isso não é uma coisa que a Poli consegue tratar, isso depende também da universidade, depende às vezes de outros organismos, políticas públicas. Temos que entender claramente que existem limites para a nossa atuação.

É importante ver que essas ações [de acompanhamento de desempenho] são para todos os alunos que ingressam na Poli. Elas beneficiam a todos, e não apenas a alguns. É claro que com o ingresso de alunos com um perfil diferenciado, certas situações se tornam mais evidentes e exigem um olhar mais apurado, e eu acho que é isso que acaba acontecendo, mas o benefício e as ações são para todos.

Essa diversidade é uma oportunidade de crescimento?

Seabra – A diversidade, no fundo, é a parcela mais importante desse processo. Porque uma universidade se cria na diversidade, então se de alguma forma bloquearmos isso, estamos bloqueando uma das essências da universidade.  Estamos procurando ampliar essa diversidade.

Qual a influência das novas tecnologias no aprendizado dos alunos? Os estudantes trazem demandas por alteração de métodos pedagógicos?

Seabra – Existe uma visão muito clara hoje, e não estou falando de achismos, estou falando de muitas evidências científicas, de que o aprendizado da maneira com que a gente faz hoje, baseado no que era feito no início do século passado, já não é tão eficiente, do ponto de vista científico, quanto outras formas de aprendizado. A evolução da neurociência, da psicologia cognitiva nos últimos 15, 20 anos, depois que muitos de nós professores se formaram, é fantástica. É fantástico o que se descobriu a respeito dos mecanismos de aprendizagem no ser humano. Hoje o que está muito claro é que o que se chama de aprendizagem ativa é muito mais eficiente, cientificamente falando. Uma publicação da Science de 2011, tendo como um dos autores um prêmio Nobel de Física, mostrou naquele experimento que o uso de aprendizagem ativa possibilitou que 90% dos alunos tivessem nota superior à média dos alunos que passaram pelo método tradicional. Isso é uma evidência. Não quer dizer que vale para todas as disciplinas, mas é uma evidência, e temos que trabalhar com ela da mesma forma que trabalhamos com as nossas atividades científicas. É o mesmo caso, não devemos desconsiderar as evidências científicas no ensino.

Mas tem que tomar muito cuidado, aprendizagem ativa e novas tecnologias não tem nada a ver. Nova tecnologia é apenas um facilitador de algumas técnicas de aprendizagem ativa, uma ferramenta. Não devemos confundir as duas coisas. A aprendizagem ativa está presente em qualquer método de aprendizagem em que os estudantes estão envolvidos ativamente em sala de aula, de maneira não repetitiva. Ela está sendo aplicada quando, em sala de aula, se escreve ou se faz uma leitura de forma reflexiva com o grupo, quando os estudantes discutem um conceito, resolvem um problema ou quando experimentam em um laboratório, preferencialmente em um diálogo com o professor. Aprendizagem ativa é, principalmente, fazer o aluno participar ativamente de uma disciplina, seja teórica ou prática, não como um robô. Porque podemos ter uma disciplina prática onde em princípio há uma atividade dos alunos, só que a aprendizagem não é ativa, porque os estudantes estão seguindo uma receita de bolo. O que estão aprendendo? Então temos que pensar, nos questionarmos a respeito disso. Mas é claro que as novas tecnologias podem facilitar muito o processo. Vou dar um exemplo bem típico: hoje, como é que você faz para saber a opinião ou resposta dos alunos em uma sala de aula? Se você passar uma folha de papel leva muito tempo. Mas você pode fazer isso com o celular, em um minuto você sabe a resposta. E os alunos se motivam muito a participar, a discutir. E o professor pode usar técnicas muito interessantes, como: se uma grande parcela dos alunos errou, vamos rediscutir. Ou então vamos pensar em outras maneiras de colocar o assunto. Isso é aprendizagem ativa. Você não faz a mesma coisa sempre para públicos que são totalmente diferentes, para alunos que, dentro de uma diversidade maior, tenham formas de compreensão completamente diferentes daquela que você está habituado a encontrar. Então isso é muito enriquecedor, temos que olhar por este lado. Tecnologia ajuda, vídeo ajuda muito, mas são apenas ferramentas.

Cozman – O que a CG pode ajudar é receber bem as boas ideias; eu creio que a Comissão não vai impor nenhuma forma de trabalho. E eu acho que é da diversidade de técnicas que virão as boas ideias. O que eu tenho aprendido é que para cada maneira de ensinar tem um jeito de você usar uma técnica ou não, então não é fácil. Eu acho que cabe aos professores, com calma, se adequarem, tentarem, e cabe à CG receber bem as ideias. Não ser contra, mas também não impor nada, e sim ter um processo orgânico.

Tem alguma coisa estruturada na Poli sobre novas técnicas?

Cozman – Há grupos de pesquisa, estúdios, há pessoas fazendo diferentes testes, diferentes experimentos, bastante gente discutindo o assunto. Não existe um projeto único, unificador, mas eu creio que é das boas iniciativas que virão as boas ideias. Acho que não cabe à CG impor um projeto único, uma fórmula única. Creio que temos que deixar as flores florescerem, vamos dizer assim.

Vocês citam um movimento internacional no sentido de especificar disciplinas e conteúdos em função das competências de interesse. Podem explicar do que se trata?

Cozman – Isso é uma tendência universal que pode ser entendida olhando mesmo o ENEM, que é uma prova que procura medir competências, mais do que medir conteúdos. O mesmo raciocínio tem sido utilizado para montar cursos, no Brasil e no exterior, a partir de quais competências são desejáveis. A competência de trabalho em grupo, a competência de poder entender símbolos matemáticos até o ponto de você provar um teorema ou não. As competências são organizadas em níveis do que você quer atingir em várias atividades. A partir dessa organização é que você define quais são os conteúdos e os métodos de aprendizagem que serão utilizados. Isso é um esforço não só nacional, mas internacional, de mudar a maneira como o ensino é planejado. As próprias discussões que estão acontecendo agora no Ministério da Educação e outros órgãos sobre reforma no ensino de engenharia tem olhado para as competências, mais do que propriamente para conteúdos específicos.

Seabra – Quando a gente fala em competência, a palavra é exata, não é conteúdo: “Aprender cálculo”. Cálculo em si é conteúdo, mas saber utilizar os recursos oferecidos nas disciplinas de matemática, isso é uma competência. Competências podem ser representadas por verbos de ação. Você vai provar, realizar alguma coisa. Em engenharia, por exemplo, ser capaz de analisar algo, um sistema, e criar um modelo para o sistema é uma competência. Isso significa mudar um pouco o foco do ensino, não é aprender a calcular derivadas, não é esse o objetivo. O objetivo é entender e saber usar essa “derivada” para provar ou desenvolver alguma coisa, por exemplo, mostrar como é a trajetória de um carro.

Cozman – E é na escolha do nível de competência que vai a discussão. Por exemplo, você quer aprender determinado assunto em matemática. Mas você quer ser capaz de compreender um livro, compreender um artigo, ou você quer ser capaz de efetivamente desenvolver um novo resultado? Há níveis de competência e saber que nível se quer atingir é importante.

E como se dá esse processo de mudança nas disciplinas?

Cozman – Isso já tem sido discutido na CG há alguns anos, inclusive já fizemos o experimento de pegar as disciplinas e tentar dizer quais competências elas atingem. Isso foi feito no Ciclo Básico alguns anos atrás e alguns cursos já fizeram tentativas de analisar pequenos conjuntos de disciplinas e verificar quais competências são atingidas. Mas são ainda experimentos, a CG não fez uma tentativa global de mudar tudo.

É uma mudança difícil?

Seabra – Tem métodos pedagógicos. Um método muito comum é você estabelecer por aula três ou quatro tópicos que o aluno vai estar apto a fazer. Por exemplo, ele vai estar apto a empregar modelos para resolver uma classe de problemas. Então você pode fazer isso aula a aula. Ao final do curso, você tem uma lista. Dessa lista, você fala: Quais são os tópicos que eu posso juntar e criar competências mais amplas? Agora, muitas vezes é importante fazer o contrário: o que eu preciso como engenheiro? Trabalhar em equipe? Pode ser uma competência. Então como é que minha disciplina vai lidar com isso? Ela vai abranger isso ou não vai? Tudo bem se ela não abranger, mas se seu curso tem isso como objetivo, e de repente nenhuma disciplina está abrangendo isso, tem alguma coisa errada.

 

Serviço

Como contribuir com a melhoria da Graduação da Poli-USP

Tem um problema com uma disciplina? Alguma dúvida ou sugestão? Como o professor Fábio Cozman comentou na entrevista, a Escola tem um processo orgânico de decisão que é democrático, e funciona da seguinte maneira:

  • Um aluno com problemas no Ciclo Básico deve tentar primeiro conversar com a Comissão do Ciclo Básico;

  • Se o problema for em uma habilitação, e não envolve o Ciclo Básico, o aluno deve procurar a sua Coordenação do Curso (CoC);

  • Há um conjunto de representantes discentes que participam da Comissão de Graduação. Para levar a questão à Comissão, fale com o representante do seu curso;

  • A presidência da Comissão de Graduação destaca que está aberta para conversar sobre problemas gerais.

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