FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Cynthia Ditchfield – pesquisadora e docente

Ela teve contato com a engenharia de alimentos ainda na graduação. A paixão pelo assunto a levou para a pesquisa – duas das quais premiadas – e terminou em casamento com a docência.

Ao ingressar em 1991 no curso de graduação em engenharia química da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), a então estudante Cynthia Ditchfield teve, o que se chama, de amor à primeira vista pela ciência e tecnologia de alimentos. Mas foi na pós-graduação que a paixão acabou dando lugar a um amor duradouro. Suas pesquisas, realizadas durante o doutorado e o pós-doutorado na Poli, receberam algumas das maiores distinções acadêmicas na área no Brasil e na América do Sul.

Em 2004, Cynthia obteve o segundo lugar na categoria graduados da 20ª edição do “Prêmio Jovem Cientista”, concedido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com uma nova técnica para o aproveitamento de bananas maduras. Em 2006, outra pesquisa, sobre biofilmes à base de fécula de mandioca, arrematou o “Prêmio Pan-americano Bimbo em Nutrição, Ciência e Tecnologia de Alimentos”, na categoria jovem profissional da América do Sul, concedido pelo grupo alimentício mexicano Bimbo.

Ambos os prêmios, além do reconhecimento do mérito, revelam um pesquisadora nata, que busca soluções inovadoras para agregar mais valor aos produtos brasileiros. A nova técnica para o aproveitamento de bananas maduras, por exemplo, surgiu da constatação de que, apesar de o Brasil ser um dos um dos maiores produtores e consumidores de banana no mundo, o País registra o maior índice de desperdício da fruta.

“Desenvolvemos um processo para preservar as bananas mais maduras, que são rejeitadas para comercialização, e que poderiam ser utilizadas para fazer um produto final ou ser usado como ingrediente pelas indústrias alimentícias com maior validade”, explica Cynthia que foi orientada pela professora Carmem Tadini – coordenadora do Laboratório de Engenharia de Alimentos do Departamento de Engenharia Química (PQI) da Poli.

De acordo com a pesquisadora, a banana é uma fruta muito difícil de ser manipulada porque oxida e escurece rapidamente após ser descascada. Na tentativa de contornar esse problema, os fabricantes de produtos à base da fruta costumam submetê-la a um tratamento térmico por pasteurização, mas que confere a ela uma cor rósea.

A alternativa encontrada foi submeter a fruta a um processo de pasteurização mais brando que o convencional, com temperaturas de até 115º Celsius. Além disso, foram adicionados alguns aditivos, como ácido ascórbico e ácido cítrico, que ajudam a preservar a coloração natural da banana. O resultado foi um produto com a cor característica da fruta que, além do “Prêmio Jovem Cientista”, rendeu uma patente do processo de produção.

Embalagem funcional – Outro objeto de suas pesquisas, a fécula de mandioca, acabou sendo a base para o desenvolvimento de um filme biodegradável, criado para embalar alimentos. Além de ser uma alternativa para o filme plástico, o biofilme de Cynthia tem ação antimicrobiana; inibe e retarda o crescimento de microrganismos no produto embalado.

“Para ativar essa propriedade, adicionamos à estrutura do filme e testamos vários ingredientes que apresentavam ação antimicrobiana natural, a exemplo do cravo, canela, pimenta, mel e extrato de própolis”, conta ela, lembrando que a nova embalagem tem ainda mais uma vantagem: ela pode prolongar a vida de prateleira de determinados tipos de alimentos.

Depois de tanta dedicação, o sonho de Cynthia agora é ver essas pesquisas aplicadas em escala comercial. Enquanto isso não ocorre, ela continua estudando a área que a encantou desde a graduação. Só que desta vez não como aluna ou pesquisadora, mas sim como docente. Cynthia é professora do curso de engenharia de alimentos da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA) da USP do campus de Pirassununga, no interior de São Paulo.

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