FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Tal como ocorre nos esportes, em geral, os países também competem no comércio internacional por meio da seleção de suas melhores empresas – não por acaso chamadas global players. Nessa disputa, o Brasil apresenta algumas vantagens, mas se não continuar produzindo novos craques para exportação, a exemplo do que faz no futebol, pode assistir de camarote à ocupação do mercado global por outros países que formam o BRIC, alerta o professor do Departamento de Engenharia de Produção (PRO) da Poli, Afonso Fleury.

“A ideia da China de tornar suas empresas campeãs mundiais foi decidida em 1979 com o início das mudanças no regime político do país, e não agora, como parece”, diz. “Nessa época, o país planejou que, em 2010, teria 40 empresas na lista das 500 maiores do mundo. Em 2008 já tinha 26. E se ele, junto com a Índia e a Rússia, conseguir essa façanha, o Brasil terá cada vez menos espaço no mercado internacional”, analisa. O especialista pondera que a participação no mercado internacional não está relacionada apenas aos fluxos de investimento e volumes de exportação. “Também é uma questão de comando. Diz respeito sobre quem, o que, onde, como e quanto produzir”.

Segundo ele, existem atualmente cerca de 80 mil empresas multinacionais, com um milhão de subsidiárias espalhadas pelo mundo. Não há uma estimativa oficial do número de empresas brasileiras internacionalizadas. No estudo da Poli foram rastreadas até agora 81. Elas estão localizadas principalmente em países da América Latina, Europa e América do Norte. Apesar da crise mundial, os investimentos das tupiniquins em território estrangeiro continuam crescendo. Entretanto, o processo de internacionalização delas é mais moroso do que a de outros países do BRIC devido, principalmente, às complexas relações e à falta de incentivos governamentais.

“O problema do apoio financeiro para as empresas brasileiras se internacionalizarem até hoje não foi solucionado”, aponta. “Só ter agências como a Apex – Associação Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos – não impulsionará a criação de empresas brasileiras campeãs globais”, avalia.  Fleury espera que esse cenário mude com a Política de Desenvolvimento Produtivo (PDP), lançada pelo governo no início de 2009, que fixou a internacionalização das empresas brasileiras como uma de suas principais metas.
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