As pesquisas e tecnologias relacionadas ao tema da mudança climática deverão ganhar ainda mais espaço dentro dos próximos cinco anos no Fapesp Shell Research Centre for Gas Innovation (RCGI), o centro de pesquisa com sede na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) que desenvolve estudos avançados no uso sustentável do gás natural, biogás, hidrogénio, gestão, transporte, armazenamento e uso de CO2 e é financiado pela Shell e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). O assunto foi um dos destaques no segundo dia do workshop online “RCGI in Review – 5 years of gas innovation”, transmitido ao vivo pelo Youtube no dia 1º de outubro, que fez um balanço das principais conquistas alcançadas durante os cinco primeiros anos de atuação do centro.
Em 2021 serão iniciados cinco novos programas de pesquisa e todos estão relacionados à temática, de acordo com o diretor científico do RCGI, o professor Julio Meneghini, que apresentou os resultados do programa de Abatimento de CO2. “Concordamos com a importância de fazer não apenas boa pesquisa, mas de promover um impacto na sociedade e de transformá-la, pressionando as fronteiras do conhecimento”, disse o engenheiro e professor Gustavo Assi, diretor de Inovação e Difusão do Conhecimento do RCGI. “Todos sabemos que a mudança climática é um tópico que já está aí, mas ele vai ganhar importância. Inclusive ele pode ser pensado como a nova pandemia ou a próxima tragédia que teremos de enfrentar.”
O coordenador técnico científico da Shell Brasil, Alexandre Breda, afirmou que a mudança climática representa um desafio enorme para a sociedade, mas acredita que o RCGI tem um papel importante a desempenhar, assim como outros centros do mundo que lidam com a questão nas áreas tecnológicas e de políticas públicas. “Não há uma bala de prata para isso, mas acho que podemos colocar vários tijolos nessa parede”, citando como exemplo a pesquisa do RCGI que otimizou juntas para vedação capazes de evitar o vazamento de gás metano em máquinas pneumáticas. O gás metano é um dos principais gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global.
Os participantes do workshop também se mostraram preocupados em como o RCGI pode fazer a diferença para que sejam cumpridos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) – são 17 objetivos e 169 metas, que pedem ação para a erradicação da pobreza, segurança alimentar e agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero, água e saneamento, energia, crescimento econômico sustentável, entre outros. Para o engenheiro mecatrônico Bruno Carmo, coordenador do Programa de Geofísica, pelo fato de o RCGI ser um centro grande, ligado a mais de 400 pesquisadores, ele ocupa uma posição de destaque para tornar as questões do ODS relevantes para o ambiente acadêmico como um todo no país.
Assi ressaltou a importância da comunicação para transformar a percepção pública em relação às mudanças climáticas e a quem desenvolve a tecnologia para combater a mudança climática. “Estamos em uma época em que a ciência tem sido muitas vezes negada, inclusive em relação ao clima. Nós, como um centro, entre a indústria e a academia, podemos aumentar a percepção pública dos tópicos dos objetivos de desenvolvimento sustentável. Somos uma voz na sociedade, com a capacidade não apenas de lançar novos conhecimentos, mas também de influenciar as mentes da próxima geração de profissionais. Estamos numa posição de privilégio e de responsabilidade.”
Salientando o peso da difusão do conhecimento entre os pilares principais do RCGI, Assi expôs as principais conquistas do centro nessa área, entre elas a organização de workshops e eventos científicos e o estabelecimento de uma identidade própria do RCGI. Também enfatizou a necessidade de comunicar os resultados das pesquisas de forma apropriada nas diferentes esferas, para atingir desde o público interno da instituição até o público geral. “É preciso dar informações para que boas mudanças sejam naturalmente desenvolvidas na sociedade; assim se cultiva o conhecimento.”
Em sua exposição, a diretora de Recursos Humanos e Liderança do RCGI, Karen Mascarenhas, contou a história do início do RCGI, cuja ideia surgiu a partir de uma chamada de propostas da Fapesp de 2013, e explicou como funciona o modelo de inovação aberta, de hélice tripla, com apoio da USP, da agência de fomento e da Shell. Criado em dezembro de 2015 reunindo uma equipe multidisciplinar de excelência, cinco anos depois, o RCGI já publicou 283 papers em revistas científicas, 19 livros, 71 capítulos de livros, tem 18 laboratórios, recebeu quatro prêmios e registrou três patentes. Foram estabelecidas 57 parcerias internacionais e 37 nacionais. “Temos as pessoas certas, os recursos e, agora, um terreno apropriado”, disse Breda, da Shell. “Esse foi só o começo.”
O vídeo da segunda parte do workshop com o balanço dos cinco primeiros anos do RCGI pode ser visto aqui.
Sobre o RCGI: O FAPESP SHELL Research Centre for Gas Innovation (RCGI) é um centro de pesquisa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pela Shell. Conta com cerca de 400 pesquisadores que atuam em 46 projetos de pesquisa, divididos em cinco programas: Engenharia; Físico/Química; Políticas de Energia e Economia; Abatimento de CO2; e Geofísica. O Centro desenvolve estudos avançados no uso sustentável do gás natural, biogás, hidrogénio, gestão, transporte, armazenamento e uso de CO2. Saiba mais aqui.
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