Escola Politécnica

Formando engenheiros e líderes

O Laboratório de Soluções Baseadas na Natureza (LSBN) é um dos mais novos laboratórios de pesquisa da Escola Politécnica (Poli) da USP, criado em novembro de 2020, e seus pesquisadores estudam soluções e tendências mais ecológicas e mais sustentáveis em construções e ambientes, avaliando seu impacto. As Soluções Baseadas na Natureza (SBN) no ramo da Engenharia são tecnologias ou intervenções que buscam verificar na natureza inspiração e validação para criar maneiras de dar suporte aos processos naturais urbanos, sendo indicadas pela ONU como essenciais para atingir os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030.

As SBN têm como objetivo encontrar soluções para problemas ambientais e melhorar a relação entre a sociedade e o meio ambiente. Algumas das soluções buscadas são a diminuição do consumo de energia para climatização artificial de ambientes construídos, diminuição de alagamentos urbanos e melhoria da qualidade do ar exterior e do gerenciamento de águas urbanas. Além de trabalhar para a mitigação do impacto de alterações climáticas, para a criação de habitat para espécies e a produção de alimentos na cidade.

As pesquisas atualmente realizadas pelos cientistas do LSBN da Poli abordam os chamados tetos vegetados e os jardins verticais. “Esse tipo de estudo desenvolvido no laboratório é muito interessante porque pode auxiliar na hora de projetar, especificar materiais para construção e principalmente para especificar superfícies verdes, sabendo como se comporta o fluxo de calor nas superfícies”, explicou a professora Brenda Chaves Coelho Leite, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Poli e coordenadora do Laboratório. 

O laboratório nasceu a partir de dois protótipos, construídos com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (FAPESP), para uma pesquisa de mestrado desenvolvida na Poli, que estudava o desempenho térmico dos tetos verdes e qual o impacto destes tetos nas condições térmicas internas da edificação. Depois, vieram outras pesquisas, como o estudo do impacto de jardins verticais, que necessitavam de modelos similares aos aplicados nos protótipos iniciais. 

“Lá no laboratório, nós estudamos atualmente o impacto da vegetação no meio interno”, contou a professora Brenda. Existe, por exemplo, a possibilidade de fazer uma pesquisa interdisciplinar em conjunto com pesquisadores de Botânica, no Instituto de Biociências (IB) da USP: a engenharia estuda os impactos no ambiente interno, enquanto em conjunto com a botânica é possível avaliar os impactos no ambiente externo. 

Outro assunto importante que compõe o escopo do laboratório começou com uma iniciação científica, que foi temporariamente paralisada pela pandemia, em razão de ser uma pesquisa experimental, a qual necessita da presença dos cientistas no laboratório. O projeto busca avaliar quanto um teto verde contribui para diminuir alagamentos, já que grande parcela da água da chuva é retida na cobertura. Agora, um mestrado sobre o tema está sendo desenvolvido no laboratório, englobando diferentes tecnologias para a análise da relação entre a água e os tetos verdes e a montagem experimental está prestes a ser instalada Muito se sabe sobre os impactos das SBN qualitativamente, mas pouco se tem quantificado a real importância destas tecnologias. Sabe-se que tetos verdes contribuem para mitigar ilhas de calor, por exemplo, mas não se sabe o quanto. Quantificar estes impactos é um dos principais objetivos do LSBN.

No LSBN, os pesquisadores também estão desenvolvendo pesquisas sobre os jardins de chuva, que são depressões dos terrenos. Podem ser tanto artificiais quanto naturais, e contribuem  com a retenção e infiltração do escoamento superficial das águas da chuva. O pesquisador e membro do laboratório, Lucas Gobatti, criou um jardim de chuva na Zona Leste da cidade de São Paulo e agora está desenvolvendo uma documentação científica pelo LSBN   com o intuito de demonstrar aos técnicos e interessados na tecnologia como é construído este tipo de jardim.Os próximos passos do LSBN são montar guias técnicos com passo a passos bem ilustrados e mostrando impactos quantificados de SBN para São Paulo: começando por guias de tetos verdes, paredes verdes e jardins de chuva.

Atualmente, o LSBN está em busca de cientistas para ampliar suas pesquisas no ramo da biomimética. Essa é uma ciência nova que estuda a adaptação dos seres vivos, com o objetivo de transformar os métodos da natureza em soluções para sociedade. O objetivo principal do LSBN é pesquisar metodologias de abordagem e observação da natureza para criar inovação na Engenharia Civil, visualizando, por exemplo, como os cupins constroem suas casas e sintetizando sua tecnologia para melhorar as obras humanas.

“As soluções são o presente e o futuro. Não adianta pensar em tecnologia que prejudica o meio ambiente, isso não cabe mais”, comenta a professora Brenda. O LSBN busca expandir, cada dia mais, tanto espacialmente, como seu contingente humano. Como a professora Brenda acrescentou, a Engenharia precisa de pessoas com olhar diferente para pensar as soluções tecnológicas.