FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Workshop de Pós-graduação de Engenharia da Computação da Poli-USP contou com palestras e apresentações de trabalhos científicos

O principal objetivo do Programa de Pós Graduação em Engenharia Elétrica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo(Poli-USP) é formar profissionais altamente qualificados para atuar em pesquisa e desenvolvimento, ou seja, contribuir com a sociedade entregando a ela especialistas capazes de criar novas tecnologias para resolver desafios. Neste sentido, todos os anos o Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais (PCS) promove o Workshop de Pós-Graduação em Engenharia da Computação, para criar um espaço de interação entre os pesquisadores do programa, especificamente nesta área.

A sétima edição do evento foi realizada no dia 22 de novembro, com duas palestras de destaque. O professor Eduardo Hruschka, do Departamento de Engenharia de Computação e Sistemas Digitais, discorreu sobre os desafios da pesquisa em Engenharia da Computação, abordando a interdisciplinaridade, essencial para enfrentar os desafios em diversas áreas do conhecimento, bem como os desafios no ensino e formação de pesquisadores que efetivamente ajudem nos processos de inovação das empresas, com ciência aplicada, e também capacitados a atuar nas ciências básicas.

No período da tarde, a professora Fátima Nunes, da Escola de Ciências, Artes e Humanidades da USP (EACH-USP) abordou o tema a partir dos desafios na área da saúde para o Brasil. Ela iniciou sua palestra afirmando que não queria falar de “desafios”, mas sim das “oportunidades” neste nicho.

Quando se fala de tratamento médico, o paciente espera que o profissional que o atende tenha conhecimento prévio sobre o assunto. Neste sentido, a computação pode contribuir na capacitação de profissionais de saúde ao proporcionar, por meio de simulações, experiências mais abrangentes do que aquelas apresentadas nos estágios e atendimentos práticos, recebidas recorrentemente em postos de saúde. O treinamento para a área pode ser feito em ambientes de realidade virtual, como por exemplo na realização de exames, procedimentos que exigem precisão e diagnósticos.

Um dos maiores obstáculos para a utilização desses recursos tecnológicos na área da saúde é a falta de relacionamento entre as áreas de pesquisa, ou seja, a ausência de uma linguagem comum que facilite o diálogo entre engenheiros da computação e profissionais da saúde. Neste sentido, o principal desafio a ser superado é aproximar os pesquisadores das diferentes áreas para que as trocas necessárias aconteçam.

A professora ressaltou também quais são os núcleos de trabalho ainda pouco explorados e que podem ser oportunidades para engenheiros da computação, como o desenvolvimento de objetos realistas, a imersão em realidade virtual sem precisar de equipamentos, como óculos, precisão na colisão (por exemplo, injeções e anestesias em regiões específicas), deformação realista (quantos centímetros um órgão ou um tecido podem ser deformados) e a avaliação das tecnologias utilizadas, uma espécie de balanço geral, com o objetivo de gerar um aprimoramento constante, e criar modelos a serem reproduzidos em maior escala.

Na parte final do evento, ocorreu a premiação daquela que foi considerada a melhor publicação de pesquisa em Engenharia da Computação no Departamento. O estudo escolhido pela banca foi o da mestranda colombiana Lesly Alejandra González Camacho, orientada pela profa. Solange N. Alves de Souza, com o tema “Sistema de Recomendação baseado na relação de amizade entre usuários de redes sociais num cenário de cold-start”. A publicação merecedora do prêmio foi “Social network data to alleviate cold-start in recommender system: A systematic review” (DOI: 10.1016/j.ipm.2018.03.004).

Sua pesquisa se distingue ao tentar sugerir conteúdo para pessoas em novas plataformas por meio dos dados coletados nas redes sociais, a fim de coletar dados úteis para o próprio usuário, facilitando seu acesso às informações que lhe são pertinentes. A aluna ressaltou que o objetivo é organizar e otimizar as informações de acordo com as preferências de cada pessoa. “As pessoas são bombardeadas por muita informação, e talvez com esse excesso não consigam encontrar algo realmente relevante para elas”, afirma Alejandra.

Ela pontua também que a questão dos algoritmos vai além do viés mercadológico. “Ele [o sistema] pode ser usado para muitas coisas além da área comercial, por exemplo, fizemos um trabalho em que se fazia recomendação de perfis de pessoas para trabalhar em uma ONG, ou seja, pode ser usado em muitas áreas e causas, não necessariamente na parte comercial”, conclui.

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