FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

Objetivo é eliminar os atravessadores, que hoje ficam com a maior
parte da renda do comércio das comunidades ribeirinhas.

Um portal na internet para compra e venda de produtos florestais comunitários, que beneficiará comunidades extrativistas da Amazônia, está sendo desenvolvido em conjunto pelos departamentos de Engenharia da Computação e Sistemas Digitais (PCS) da Escola Politécnica (Poli) e de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), ambas da Universidade de São Paulo (USP). O projeto piloto deve começar a ser testado a partir do mês de junho, em dois municípios do estado do Amazonas, Manacapur e São Sebastião Uatumã, localizados às margens do Rio Negro.

O portal funcionará como uma espécie de bolsa de mercadorias online, na qual produtores e compradores poderão verificar o preço médio dos produtos florestais e realizar negócios. O objetivo é eliminar os atravessadores, que hoje ficam com a maior parte da renda do comércio de pequenos objetos, móveis e utensílios de madeira, óleo de copaíba, castanha do Brasil (antes conhecida como castanha do Pará), açaí, cipó (usado no artesanato) e outros produtos oriundos da atividade extrativista realizada por comunidades ribeirinhas da Amazônia.

De acordo com o coordenador do projeto, professor Pedro Luiz Pizzigatti Corrêa, do PCS da Poli, a iniciativa também visa à inclusão das comunidades extrativistas num mercado mais amplo, a autonomia delas na gestão dos negócios, o aumento na geração de renda e postos de trabalho e a melhoria na qualidade de vida de seus integrantes. “A ideia é proporcionar alternativas de mercado e facilitar o acesso de empresas, instituições e consumidores aos produtos florestais comunitários”, explica. “O portal de negócios poderá colocar em contato direto produtores e compradores de mercadorias provenientes do manejo florestal comunitário e familiar. Além disso, oferecerá acesso a serviços bancários e de pagamentos, a informações sobre variação de preços dos produtos, home page das comunidades, entre outros.”

Demandas da comunidade – O projeto, financiado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da USP, começou no ano passado com uma pesquisa realizada em cerca de 50 comunidades extrativista da Amazônia. O objetivo do levantamento foi verificar as demandas e necessidades e os principais problemas delas, bem como o volume de produção e se a posse da terra é legal, entre outras questões. Esse trabalho faz parte da primeira fase do projeto, que termina com os testes que serão feito na implantação piloto em Manacapuru e São Sebastião Uatumã. Depois, será feita uma avaliação do funcionamento do portal. Se necessário, serão realizadas reformulações e adaptações antes que o sistema seja aberto na internet.

Segundo Pizzigatti, parte das comunidades pesquisadas é organizada e tem acesso a internet, sendo portanto o principal desafio do projeto  agregar valor aos produtos florestais comunitários comercializados. “Essa infraestrutura de comunicação vem sendo disponibilizada por meio de programas governamentais e não governamentais de inclusão digital, como o Programa Nacional de Apoio à Inclusão Digital nas Comunidades – Rede Nacional de Formação para Inclusão Digital, Telecentros, e o Projeto Territórios Digitais, concebido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e implementado na forma de Casas Digitais”, explica Pizzigatti. “O mais importante é que o portal não cobrará pela intermediação e permitirá que os pagamentos sejam feitos diretamente aos fornecedores. Esse mesmo modelo já funciona na Índia e em países da África, com apoio das Nações Unidas.”

 

 

 

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