Na noite do dia 20 de junho de 2024, a Congregação da Escola Politécnica (Poli) da USP concedeu o título de Professor Emérito a João Antonio Zuffo em uma sessão solene. Com uma plateia repleta de amigos, familiares, ex-alunos e colegas da Universidade que acompanharam a trajetória do homenageado, a cerimônia transpareceu como o professor marcou a história daqueles que dividiram com ele salas de aula e bancadas de laboratório. Além disso, ficou claro o papel de liderança do professor no avanço tecnológico, na difusão de conhecimento e na formação de acadêmicos.
Em entrevista, Zuffo relatou que receber o título de professor emérito “realmente é um orgulho, porque a Poli é minha segunda casa, a USP é a minha segunda casa. Eu me sinto muito alegre neste sentido, de ter recebido essa homenagem. Afinal de contas, vejo um reconhecimento dos alunos, e dos professores que foram meus alunos, e me deixa muito contente”.
Zuffo está presente na Universidade há 60 anos. Fez o vestibular para ingressar na Poli em 1959, formou-se em 1963. Após dois anos trabalhando em uma empresa de desenvolvimento de energia nuclear, retornou ao Departamento de Eletricidade e deu sequência à carreira acadêmica com seu doutorado, livre-docência, concurso para professor-adjunto e professor titular. “É uma sequência de uma vida. Desde sempre eu quis vir para a Poli e fazer a carreira universitária. Eu nasci para fazer pesquisa, desde que me entendo por gente e faço experiências, desde os meus 3, 4 anos”.
O ex-aluno do curso de Engenharia Elétrica e que teve Zuffo como seu docente e orientador, o hoje professor titular da Escola Politécnica, João Antônio Martino, conduziu a saudação da Congregação acompanhado, na mesa de honra, pelo diretor da Escola Politécnica da USP, professor Reinaldo Giudici, pelo vice-diretor, professor Silvio Ikuyo Nabeta, pela assistente acadêmica, Márcia Costa, e pelo homenageado da noite. A cerimônia completa pode ser assistida no canal da Poli no YouTube.
Martino iniciou sua fala apresentando um panorama da carreira do professor João Antonio Zuffo, algo que pode ser encontrado, inclusive, na Wikipédia, onde se destaca sua carreira como professor e pesquisador na Poli, e a criação do primeiro circuito integrado brasileiro, em 1971.
Passou então a aprofundar seu relato, iniciando com a infância do professor Zuffo, quando na década de 1940 e 1950, no bairro paulistano do Cambuci, os vizinhos estavam acostumados a ouvir alguns estouros. “Bombas que Joãozinho andava estourando em seu laboratório. Com 10 anos de idade, gostava de química e fazia suas bombas e foguetes para alegrar a si próprio e molecada da região”.
Uma explosão dentro de seu laboratório improvisado no fundo do quintal deixou ferimentos de cacos de vidros e uma proibição dessas brincadeiras. “O mundo estava perdendo um engenheiro químico e ganhando um engenheiro eletricista. Graças a isto, a mãe o matriculou em um curso de eletrônica. O professor viria a se tornar um dos mais respeitados pesquisadores da área de microeletrônica e de computação do País”.
A apresentação passa então a relatar os feitos de Zuffo no avanço tecnológico e científico, especialmente na difusão de conhecimento. “Ministrou 17 disciplinas de graduação e 41 disciplinas de pós-graduação; além de 6 disciplinas de pós-graduação na Escola de Engenharia de São Carlos. Orientou 49 pós-graduandos; publicou mais de 200 artigos científicos em periódicos internacionais e nacionais; Coordenou/participou de mais de 90 projetos de pesquisa na área de microeletrônica, Computação paralela (Itautec), etc; autor de mais 27 livros, tendo vendido mais de 200 mil exemplares.
A partir de 1997, passa a explorar o que será a sociedade do futuro, “considerando toda a evolução tecnológica, então uma parte de ficção, previsão e extrapolação com relação ao que ele imagina que irá acontecer no futuro”, relatou Martino, relatando, por fim, que seu último livro foi lançado este ano de 2024 (Lendas do Amanhã).
“Incansável, vem à Poli todas as semanas, e possui uma característica que nunca vi em ninguém. O professor Zuffo, desde sempre e agora, consegue falar com todo mundo em suas respectivas áreas. Não sei como ele consegue ter tanta amplitude para poder falar sobre tudo, com todos, e em todas as áreas”.
Sobre o desenvolvimento do primeiro circuito integrado no País e na América Latina, em 1971, o professor Martino destacou a inovação que isto que representou na evolução da microeletrônica. “Professor Zuffo construiu o primeiro circuito integrado brasileiro, e desde então tem sido um defensor entusiasmado e constante do desenvolvimento da tecnologia nacional na área de informática, e isso acabou transpondo os limites da USP. Foram além!”.
Quanto ao papel no novo professor emérito na formação de pesquisadores, Martino relata que o Laboratório de Sistemas Integrados, coordenado por Zuffo de 1975 a 2009, possui hoje 11 grupos de pesquisa que estão ligados ao seu fundador, pois seus líderes foram alunos de mestrado, doutorado ou membros do grupo de pesquisa.
A apresentação continua destacando as contribuições de Zuffo e seu grupo de pesquisa na área da computação, com supercomputadores e desenvolvimento de um sistema de computação paralela financiado pela Finep. “Além da atividade de pesquisa e formação de recursos humanos que é inerente à Universidade, o professor tinha um viés de inovação e aplicação chegando direto à Indústria. Tem vários exemplos de trabalhos desenvolvidos pelo professor Zuffo que acabaram surgindo”.
Por fim, Martino destacou a importância da família, composta por quatro filhos e onze netos, construída com sua esposa, Yone Maria Puchetti Knorich Zuffo.
O diretor da Poli encerrou a cerimônia agradecendo a presença de diversas autoridades, professores, funcionários e alunos da USP. “A presença de vocês mostra o quanto o professor João Antônio Zuffo é querido pelos colegas e pela comunidade”.
“O Professor Emérito é um título muito especial concedido a professores aposentados de grande destaque, que tiveram uma contribuição notável para o progresso da Universidade e da Escola, e este é o caso do professor João Antônio Zuffo”, destacou Giudici. Agradeceu então a indicação do Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos, e a aprovação da Congregação. “Com muito carinho e respeito, este título é a maior honraria acadêmica que um professor pode receber, e a Escola Politécnica, ao longo de seus 130 anos de história, só concedeu esta honraria a 26 docentes, sendo o professor Zuffo o número 27 desta seleta galeria de professores eméritos”.
Giudici afirmou que a indicação e a concessão deste título é uma belíssima e merecida homenagem à carreira e à obra do professor João Antônio Zuffo pelas suas contribuições tanto na área de pesquisa quanto na formação de pessoas, como professor, pesquisador e realizador, por tudo o que ele fez pela sua área, em especial da microeletrônica. “A Escola Politécnica se enriquece com a concessão deste título, e se orgulha em colocar o seu nome nesta nossa seleta galeria de professores eméritos. Parabéns e muito obrigada por tudo o que o senhor fez pela Escola”.
A Cerimônia completa pode ser conferida aqui.
Acesse aqui as fotos da Sessão Solene da Congregação para Outorga de Título de Professor Emérito ao Prof. João Antônio Zuffo.
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