FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Estudantes da Poli-USP desenvolvem estabilizador de celular a partir de canos PVC e buscam democratizar o acesso à produção audiovisual

O estabilizador de PVC desenvolvido pelos alunos chamou a atenção da secretária de cultura de São Paulo, Aline Torres, e futuramente poderá ser apresentado nos Centros Educativos Unificados 

Com o desafio de pensar instrumentos de engenharia que combinassem a eficácia em solucionar demandas reais da sociedade e a viabilidade financeira, estudantes do primeiro ano de engenharia mecatrônica da Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveram um estabilizador de celular utilizando canos de PVC. A ideia da ferramenta é oferecer uma opção de custo menor em relação aos equipamentos presentes no mercado para produção de material audiovisual. 

“Eu gosto muito da área de audiovisual e entendo que alguns equipamentos são realmente bastante caros, então para quem está começando é difícil realizar um trabalho com tanta qualidade só com o celular”, conta Paulo Henrique Araújo Diciunas, um dos idealizadores do projeto e estudante do primeiro ano de engenharia. Foi assim que o aluno percebeu a necessidade de desenvolver um produto acessível e, ao mesmo tempo, de boa qualidade. 

No dia 5 de julho, os alunos Anderson Azuma, Geovanna Almeida, Henrique Martins, Matheus Nakamura, Paulo Diciunas e Ud Pereira foram recepcionados pela secretária municipal de Cultura de São Paulo, para apresentar a tecnologia que pode substituir o gimbal em comunidades. O contato foi mediado pelo engenheiro Lucas Moreira, presidente do Instituto Minerva: “A Secretaria de Cultura gostou muito, fiquei bem feliz em fazer essa ponte”. O próximo passo, sugerido pela própria Aline Torres, é realizar workshops nos Centros Educacionais Unificados da cidade, de forma a explicar como a engenharia pode ser aplicada na resolução de problemas. 

 A proposta de desenvolver o estabilizador de PVC surgiu durante as aulas da disciplina de Introdução à Engenharia Mecatrônica, ministradas pelos professores Fabricio Junqueira, José Reinaldo Silva, Paulo Eigi Miyagi e Rafael Traldi Moura. O planejamento e execução de projetos em grupo é uma das propostas dos professores para incentivar a integração entre os alunos, e prepará-los para lidar com os desafios impostos pelo mercado. “Em engenharia é preciso saber trabalhar em grupo, durante as aulas o aluno percebe a importância da pluralidade de conhecimentos”, destaca Paulo Miyagi.

Anderson Akyo Nakau Azuma, também integrante da equipe, conta que o projeto não era algo que esperava desenvolver logo no primeiro ano, mas que foi uma oportunidade de trazer a engenharia para o mundo real. O professor Miyagi entende que esse contato prático pode motivar os alunos a se dedicarem mais em disciplinas como física e matemática, tendo percebido sua importância em aplicações fora do papel.  

Outro objetivo da disciplina, além da parte acadêmica, é desenvolver autonomia, independência e formação cidadã dos estudantes. Geovanna Bispo Almeida relata que, durante a semana de recepção dos alunos, muitos professores incentivaram os ingressantes a produzirem coisas que beneficiem a sociedade e retornem a ela os investimentos feitos na universidade pública. “Desenvolver esse tipo de coisa me motiva a criar mais produtos e projetos que façam a diferença e agreguem para outras pessoas”, finaliza Matheus Daigo Izo Nakamura.

Geovanna ainda destaca que a iniciativa também contribui para uma engenharia mais acessível, além de reforçar que a área também tem espaço para a atuação feminina. “É muito legal poder apresentar a engenharia como algo acessível, e como é um lugar majoritariamente composto por homens, se a gente realmente for nos CEUs,  seria importante também mostrar para as meninas que se interessam pela área, que existe lugar para elas.”

Confira a repercussão: 

Jornal da USP

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