Em votação realizada no dia 19 de março, os professores titulares Roseli de Deus Lopes, da Escola Politécnica (EP) e Marcos Buckeridge, do Instituto de Biociências (IB), foram eleitos para os cargos de diretora e vice-diretor do IEA, para mandato de quatro anos a partir de abril. Roseli é a primeira mulher a ocupar o cargo de diretora do IEA desde sua criação, em 1986.
A chapa constituída pelos dois obteve 96 votos dos participantes do Colégio Eleitoral, composto pelos membros atuais e anteriores do Conselho Deliberativo do Instituto, pela presidente de sua Comissão de Pesquisa, pelos seus ex-diretores e ex-vice-diretores e por todos os diretores de unidades de ensino e pesquisa e os representantes de suas congregações no Conselho Universitário.Gestão acadêmica
De acordo com a proposta de Programa de Gestão da chapa, apresentada ao público em evento no dia 11 de março, o objetivo principal da nova Diretoria será organizar e contextualizar o conhecimento de forma interdisciplinar, articulando e coordenando a interação de equipes e redes de investigação para a produção de novas ideias, estudos e pesquisa. A intenção é que o novo conhecimento gerado contribua para a “tomada de decisões e para o estabelecimento de políticas públicas que promovam o desenvolvimento social sustentável pacífico e assim melhorem a vida no planeta”.
Além de estimular essas interações entre equipes e redes, o Programa de Gestão estabelece 12 outras diretrizes para o mandato. Entre elas estão: manter o IEA alerta para as questões relevantes da atualidade e, ao mesmo tempo, antecipando tendências e abrindo fronteiras; contribuir para o fortalecimento da ciência básica produzida na USP, mapeando possíveis aplicações, de forma a identificar conectores que possam levar a futura inovação; e aprofundar estudos sobre o papel das universidades e sobre os grandes desafios das ciências e engenharia no Brasil e no mundo neste século.
No caso das reflexões sobre as universidades e os grandes desafios científicos e da engenharia, a ideia é acessar estudos e pesquisas e interagir com pesquisadores da Unesco e de academias de ciências e de engenharia nacionais e internacionais, com destaque para temas relacionados com a promoção da paz, inclusive via interação com entidades como o Peace Engineering Consortium.
As propostas incluem a implementação de três novos programas, com a incorporação do Programa Eixos Temáticos da USP (ProETUSP) como centro de síntese e a criação do Programa Excelência e Equidade na Educação e do Programa Embaixadores do IEA. Atualmente, o ProETUSP está sediado no Gabinete do Reitor e conta com colaboração substancial do IEA. Sua finalidade é colocar o conhecimento produzido na Universidade à disposição da sociedade para que as políticas públicas tenham maior embasamento.
O programa sobre educação deverá se beneficiar de várias iniciativas sobre o ensino básico já em desenvolvimento, que incluem três cátedras e projetos aprovados pela Fapesp e pelo Ministério da Educação. A intenção é que ele possa catalisar esforços e captar recursos, inlcusive para bolsas a alunos e professores, fortalecimento de licenciaturas, cursos de especialização e pós-graduação e para pesquisas de pós-doutorado voltadas a promover a excelência e a equidade na educação.
O programa de embaixadores atuará no fortalecimento dos vínculos do IEA com as unidades da USP que desejarem participar. Os docentes-embaixadores terão o papel de detectar estudos interdisciplinares que possam ser conectados com as discussões realizadas no IEA. Também serão responsáveis por realçar a importância da interdisciplinaridade a seus colegas de unidade, apresentando exemplos de resultados aplicados em políticas públicas e/ou inovações. Depois de validada, a mesma estratégia poderá ser aplicada fora da USP, com embaixadores sendo instituídos em casas legislativas e órgãos do Executivo e do Judiciário nos níveis federal, estadual e municipal.
Nessa ênfase na intensificação das colaborações com outras instituições de pesquisa, o IEA deverá dar continuidade e fortalecer as parcerias com outros institutos de estudos avançados do país e do exterior. Isso será feito por meio do Fórum Brasileiro de Estudos Avançados, que reúne 15 IEAs de universidade do país, e pela rede internacional Ubias (University-Based Institutes for Advanced Study), que congrega 48 IEAs de universidades dos cinco continentes.
Comunicação
Os mecanismos de comunicação e divulgação científica do Instituto deverão ser aprimorados para ampliar a difusão das atividades e do conhecimento produzido por pesquisadores e agrupamentos de pesquisa, bem como para ampliar a interação interna, com a comunidade uspiana e com outras instituições acadêmicas.
Também serão aprofundadas as ações de comunicação com públicos amplos, para incremento da interação do IEA com a sociedade. Isso deverá ser facilitado também através de enfoques temáticos direcionados. Uma das referências para essa concepção de trabalho é a ampliação da visibilidade do IEA como um todo proporcionada pela atuação das três cátedras com foco na educação básica, que possibilitou a professores e estudantes de todo o país tomar conhecimento do acervo de publicações, inclusive de livros digitais de livre acesso, e das centenas de vídeos da Midiateca.
O Programa de Gestão enfatiza que temas como o papel das novas tecnologias, inteligência artificial, vida artificial, engenharia ambiental e reformas que aprimorem o sistema democrático poderão ser discutidos no âmbito da ética e dos impactos sociais dessas questões na sociedade, contribuindo para que o conhecimento produzido na USP seja aplicado de forma fluida e eficiente por indivíduos, organizações e sociedade como um todo.
Infraestrutura
Entre as iniciativas voltadas ao aprimoramento dos recursos disponíveis a pesquisadores e agrupamentos de pesquisa está a criação de um Escritório de Apoio a Programas e Projetos. Isso permitirá ampliar a estrutura atual nessa área, que atualmente conta com apenas dois funcionários dedicados ao suporte na elaboração e acompanhamento de projetos financiados pela Fapesp.
O escritório deverá ter um papel mais proativo, capaz de mapear oportunidades nacionais e internacionais e apoiar a Direção na articulação de pesquisadores e entidades para a elaboração de propostas exitosas e propiciadoras de resultados tangíveis pela sociedade. Outra função do escritório será identificar oportunidades e gerar subsídios para que o IEA contribua com o fomento da cultura de filantropia científica no Brasil.
Outra mudança prevista será a modernização de procedimentos e processos, para que a ampliação do número de pesquisadores colaboradores e pós-doutorados não demande a ampliação do staff do Instituto. Um exemplo para isso é a adoção pelo Centro de Síntese USP Cidades Globais de um sistema próprio para a definição de coordenadores e aceitação de pós-doutorados.
A nova Diretoria também planeja requalificar os espaços do Instituto, tanto na sede em São Paulo quanto nos Polos Ribeirão Preto e São Carlos e no futuro Polo Piracicaba. Em São Paulo, as adequações nos espaços internos visarão melhorar as condições para atividades individuais e em grupo, bem como propiciar instalações que promovam interações casuais. Outra obra a ser iniciada em 2024 e já com anteprojeto definido será a construção de uma área de convivência com um café na entrada do hall do Instituto, voltada para a Praça do Relógio, com o objetivo de atrair novos públicos, fazendo com que se sintam convidados a participar das atividades do IEA.
A nova DireçãoRoseli de Deus Lopes, diretora Professora titular da EP-USP, onde graduou-se e tornou-se mestre, doutora e livre-docente em engenharia elétrica, Roseli foi vice-diretora do IEA (2020 a 2024), onde responde pela coordenação geral da Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica. Ela lidera pesquisas nas áreas de educação para/em engenharia, educação Steam (science, technology, engineering, arts and mathematics), interação humano-computador, tecnologia assistiva, tecnologias para educação e sistemas ciberfísicos baseados em tecnologias abertas. Roseli é colaboradora da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação, onde coordena os Programas PIBIC, PIBITI e PIBIC-EM, vice-coordenadora do Núcleo de Apoio à Pesquisa Centro Interdisciplinar em Tecnologias Interativas e coordenadora do InovaLab@Poli. Coordena também projetos em parceria com as Universidade Stanford e Columbia, nos EUA, e Chian Mai, na Tailândia. Ela publicou centenas de artigos em periódicos e congressos nacionais e internacionais, quatro livros e 15 capítulos de livro. Orientou 18 teses de doutorado e 22 dissertações de mestrado. Depositou seis patentes, duas delas concedidas recentemente. É membra do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável da Presidência da República e da Diretoria da Associação Brasileira de Educação em Engenharia (Abenge). Integrou a Diretoria da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e foi vice-diretora e diretora da Estação Ciência da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária. Roseli coordena ainda diversos projetos e ações de divulgação científica, bem como projetos voltados à identificação e desenvolvimento de talentos em ciências e engenharia. Foi responsável pela concepção e é a coordenadora geral, desde 2003, da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace). Marcos Buckeridge, vice-diretor Professor titular do IB-USP, Buckeridge graduou-se em biologia na Universidade de Guarulhos e obteve os títulos de mestre em biologia molecular pela Unifesp e de doutor em bioquímica botânica pela Universidade Stirling, do Reino Unido. Cumpriu programa de pós-doutorado na Universidade Pardue, nos EUA. No IEA, criou o Centro de Síntese USP Cidades Globais Ele é assessor sênior do Gabinete do Reitor, onde coordena o Programa Eixos Temáticos da USP. Coordena também o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) do Bioetanol e dirige o Programa Bioenergia com Sistemas de Captura de Carbono do Centro de Pesquisa de Gases Efeito Estufa da USP. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências e da SBPC. Buckeridge desenvolve pesquisas em: mudanças climáticas; bioenergia; uso sustentável da biodiversidade; e ciências urbanas e políticas públicas. Já publicou mais de 250 trabalhos científicos e capítulos de livros. Também editou quatro livros no Brasil e no exterior e possui oito patentes. Foi colaborador da revista Pesquisa Fapesp e é colunista do Jornal da USP. Buckeridge foi diretor do IB-USP e diretor científico do Laboratório Nacional de Bioenergia, presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo por dois mandatos e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês). |