Professora da Escola Politécnica da USP é a primeira mulher a ganhar a medalha de ouro Pierre Gy
Ana Chieregati é professora doutora do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Escola Politécnica há 22 anos
03/07/2024

A professora Ana Carolina Chieregati, do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Escola Politécnica (Poli) da USP, foi premiada com a medalha de ouro Pierre Gy ao lado da italiana Claudia Paoletti, pesquisadora da área da indústria de alimentos. O prêmio foi entregue às pesquisadoras na World Conference on Sampling and Blending (WCSB), que aconteceu em Johanesburgo, na África do Sul. Juntas, Chieregati e Paoletti foram as primeiras mulheres a conquistar a honraria.
A medalha de ouro Pierre Gy recebe o nome do cientista Pierre Maurice Gy, engenheiro químico responsável pelo desenvolvimento da Teoria de Amostragem. O termo “amostragem” se refere a uma sequência de operações que tem por objetivo retirar uma parte representativa, ou amostra, de um dado universo, ou lote, visando à estimativa de uma ou mais características do mesmo, como, por exemplo, o teor de ouro de um bloco de lavra. A técnica pode ser aplicada a diversas áreas, incluindo as indústrias de mineração, de alimentos e farmacêutica.
Durante sua trajetória acadêmica e profissional, a professora Ana Chieregati desenvolveu suas pesquisas baseando-se nos estudos de Pierre Gy. Graduada em Engenharia de Minas pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (1998), Chieregati tem mestrado (2001) e doutorado (2007) em Engenharia Mineral pela mesma instituição,e pós-doutorado em Geociências pela Universidade de Aalborg (Dinamarca). Desde 2002, é professora do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo da Poli. Executa atividades de ensino, pesquisa e extensão nas áreas de amostragem, pesquisa mineral, controle de qualidade e reconciliação na indústria mineral.

A professora da USP participa da WCSB desde sua terceira edição, que aconteceu em 2007. Com mais de 20 anos de tradição, a medalha de ouro Pierre Gy é uma homenagem às trajetórias de vida e carreira de profissionais na área de amostragem. A medalha é concedida a pessoas que tenham feito “contribuições significativas para o ensino e a divulgação da teoria e da prática de amostragem”.
Criadora da primeira disciplina de graduação na área de amostragem de minérios do Brasil, a professora Ana Chieregati pontua que sua colaboração na área de divulgação da amostragem vai além de pesquisas e seminários, mas se materializa na atuação de seus alunos na indústria mineral do Brasil e do mundo.
“Quando eu estava na graduação, mulher não era bem vinda em minas subterrâneas. Na minha primeira visita a uma mina, eles me falaram que mulher em mina subterrânea era sinal de má sorte. Então eu me sinto feliz em ter conquistado esse prêmio em uma área historicamente masculina (a engenharia de minas)”, relata a professora.
A professora comenta que foi uma honra ganhar a medalha ao lado de Paoletti, já que as indústrias de mineração e de alimentos foram representadas, pela primeira vez, por duas mulheres. “É bom ver, finalmente, alguma diversidade entrando para o time”, escreveu o último medalhista do prêmio, Dr. Simon Dominy, para ambas as vencedoras.
Durante 20 anos de existência e aproximadamente 10 medalhistas ao redor do mundo, foi somente em 2024 que o comitê premiou as primeiras mulheres e, dentre elas, a brasileira Ana Chieregati. “Sempre foi mais difícil ser mulher nesta área específica da engenharia, mas acho que a paixão pela profissão não me deixou desistir. Vejo essa medalha como fruto do esforço e da dedicação de uma vida, e sou muito grata aos cientistas que reconheceram isto em mim”, conclui a professora.