O projeto foi desenvolvido no Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), sediado na Escola Politécnica (Poli) da USP e patenteado pelos pesquisadores
Nascida em 2021, máscara para apneia do sono projetada por pesquisadores do RCGI tem o intuito de evitar que pacientes que usam esta alternativa de tratamento sofram com “engasgos de ar”, problema frequente no tratamento convencional da condição.
A apneia obstrutiva do sono (AOS) é um distúrbio caracterizado por obstruções repetitivas da garganta durante o sono, que geram pausas respiratórias. Essa condição, além de afetar negativamente a qualidade do sono, pode causar doenças no coração, com a alteração constante da oxigenação. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), aproximadamente 32% da população da cidade de São Paulo sofre com o distúrbio.
Atualmente, o recurso terapêutico utilizado para pessoas que sofrem com apneia do sono é o Continuous Positive Airway Pressure (CPAP), que se torna ineficiente caso o paciente, enquanto em repouso, abra a boca para respirar. Neste caso, o indivíduo sofre “engasgos com o ar”, que fazem o equipamento parar de funcionar. O formato da máscara criada pelos pesquisadores da USP é o principal diferencial do produto se comparado com similares.
O que torna o projeto inovador – Enquanto a maioria das máscaras comerciais apresenta duas câmaras individuais conectadas por pelo menos uma válvula com componentes móveis, o novo modelo projetado pelos pesquisadores do RCGI possui válvulas sem partes móveis, conhecidas como diodos fluídicos. A nova máscara se utiliza de uma técnica de engenharia que é aplicada em equipamentos da indústria de gases para fazer o ar circular entre as duas cavidades sem se misturarem, evitando o “engasgo de ar”.
“Diodos fluídicos são aplicados com frequência na indústria de petróleo e gás. Entretanto, é praticamente inexistente sua aplicação tecnológica na bioengenharia e na medicina”, aponta Rodrigo Amaral, um dos idealizadores do projeto.
Sem partes móveis, a nova máscara evita o mau funcionamento no controle de pressão entre as câmaras durante um tempo prolongado, facilita manter a umidade, evita a proliferação de microrganismos e diminui o ruído sonoro aumentando o conforto do paciente.
A nova máscara desenvolvida pode ser fabricada por impressão 3D ou através da otimização dos diodos fluídicos por meio de ferramentas numéricas computacionais que investigam e antecipam cenários do tratamento do paciente.
“A aplicação dos diodos fluídicos é a principal inovação do projeto , pois já existem modelos que utilizavam uma divisória ou duas câmaras na máscara”, afirma Rodrigo. Um pedido de patente da nova máscara com os diodos fluídicos já foi submetido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).
O projeto necessita de parceiros para simulação numérica do escoamento, e principalmente de parceiros da área de saúde para testes com pacientes para ser amplamente comercializado. A máscara desenvolvida pelos pesquisadores do RCGI e da Poli é uma iniciativa inovadora que une as áreas da engenharia e da saúde, e busca mostrar uma alternativa para uma questão de saúde pública que é pouco explorada.