Escola Politécnica da USP
No dia 23 de junho de 2020, o Conselho Universitário da USP aprovou a criação da habilitação em Engenharia Nuclear na Escola Politécnica da USP. A nova habilitação, aprovada em junho de 2020, e que já será oferecida em 2021, tem custo zero para universidade, ou seja, a infraestrutura de laboratórios e os especialistas que darão as aulas já fazem parte da Poli e do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), uma entidade que está ligada à USP. “Esse curso vai ter um custo zero para sociedade porque vamos utilizar uma estrutura que já temos”, relata o docente da Poli e coordenador da Comissão que estruturou o curso, Cláudio Geraldo Schön.
A Poli já havia proposto a criação deste curso em 2013, mas ao contrário da primeira iniciativa, a proposta aprovada em 2020 pelo Conselho Universitário da USP está aproveitando somente os recursos que já estavam à disposição. A diretora da Poli, professora Liedi Bernucci, explica que a elaboração do curso foi uma articulação entre a Poli e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), pertencente à Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). “A parceria com Ipen viabilizou que experientes profissionais do IPEN/CNEN deem aulas de algumas disciplinas, além do acesso a laboratórios, que estarão à disposição dos alunos da Poli para este curso”.
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A proposta de criação do curso – que já havia sido apresentada em 2013 – foi retomada em 2019 por iniciativa da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), por meio do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), órgão ligado ao ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) do Governo Federal. A nova Comissão foi coordenada pelo professor da Escola Politécnica, Cláudio Geraldo Schön, em um grupo que teve a participação de docentes da Poli de diversas áreas.
O curso contou com um processo rápido de aprovação, com o apoio de todos os órgãos envolvidos no processo dentro da USP: da diretoria e de professores da Escola Politécnica à Reitoria e Pró-Reitorias da Universidade de São Paulo. A justificativa para criação do curso e o que propiciou esta mobilização entre os órgãos da USP, foi a importância do setor nuclear, considerado estratégico para o País, como ressaltam os especialistas da Poli.
Segundo os criadores do curso, a indústria nuclear alavanca a inovação tecnológica em todas a áreas do conhecimento, uma vez que há uma grande oferta de energia e necessidade de desenvolvimento de outras técnicas para garantirem a segurança das operações com materiais nucleares, além dos desenvolvimentos que ocorrem para o desenvolvimento de equipamentos e sistemas.
Foto: Reunião que tratou do planejamento do novo curso de graduação na área nuclear.
A área nuclear pode ser vista como negativa devido a grandes tragédias, porém a relevância da utilização de materiais nucleares vai desde a produção de energia até a fabricação de fármacos para tratamentos e equipamentos médicos. Como o Brasil dispõe desses recursos, é necessário formar profissionais para atuarem nessa indústria, e continuar a aprimorar as tecnologias e desenvolver inovações. Historicamente o Brasil teve diversos projetos na área nuclear e até hoje é um dos poucos países que dominam todo o ciclo do combustível nuclear – da extração ao gerenciamento de rejeitos.
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Foto: Paulo Santos, funcionário do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Foto Cecília Bastos.
O curso de Engenharia Nuclear da Poli, é uma habilitação do curso de engenharia, já que o aluno de graduação cursará diversas disciplinas comuns entre as 17 habilitações oferecidas pela Escola.
No vestibular, o futuro engenheiro poderá escolher a habilitação do curso de Engenharia de Materiais, Metalúrgica e Nuclear, que oferece um total de 55 vagas, das quais 10 serão destinadas à engenharia nuclear. Os estudantes farão as opções pelas habilitações ao final do 3º ano, com base nas notas obtidas nas disciplinas obrigatórias.
O coordenador do grupo que criou o curso, professor Cláudio Geraldo Schön, explica que a engenharia nuclear, assim como diversas áreas, tem muitas linhas de frentes. O enfoque oferecido pelo curso da Poli será no Ciclo do Combustível Nuclear, que consiste em todas as etapas, desde a extração do minério de urânio, a fabricação de reatores nucleares, montagem, operação, até o gerenciamento de rejeitos radioativos. “O curso daqui da Poli será voltado para responder demandas do estado de São Paulo. A nossa preocupação é a produção, exploração e comercialização de materiais que serão usados nas usinas. O foco é no combustível nuclear. Isso não significa que não teremos disciplinas voltadas para reatores nucleares”, detalha Schön.
Texto: Amanda Rabelo, com a colaboração das estagiárias de jornalismo Beatriz Carneiro e Letícia Cangane.
Revisão: Rosana Simone.