Débora Pretti Ronconi formou-se em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Espírito Santo em 1990. Obteve os graus de mestre e doutora em Engenharia Elétrica pela Universidade Estadual de Campinas em 1992 e 1997, respectivamente. Realizou estágio de pós-doutoramento no Operations Research & Financial Engineering Department da Princeton University em 2006.
É professora titular do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica na Universidade de São Paulo desde 2019, onde atua desde 1999. Foi membro do Comitê de Assessoramento do CNPq na área de Engenharia de Produção e Transportes de 2012 a 2015, presidindo o Comitê entre 2014 e
2015.
É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq, atualmente no nível 1B. Desenvolve pesquisa na área de otimização discreta com ênfase no desenvolvimento de métodos heurísticos e exatos para a resolução de problemas de Engenharia de Produção relacionados à área de Gestão de Operações e Logística. Participa como pesquisadora principal do Projeto Temático da FAPESP intitulado “Problemas de corte, empacotamento, dimensionamento de lotes, programação da produção, roteamento e localização e suas integrações em contextos industriais e logístico” e do Projeto CEPID da FAPESP intitulado
“CEPID-CeMEAI – Centro de Matemática e Estatística Aplicadas à Indústria”.
Publica com regularidade artigos em periódicos internacionais e nacionais e em conferências. Nos seus trabalhos, conta com a colaboração de pesquisadores de renomadas instituições como Princeton University, Université Pierre et Marie Curie, Nagoya University, University of Luxembourg e Universidade Estadual de Campinas, dentre outras.
Entrevistador: Qual a sua visão sobre o ensino em engenharia? Como utiliza sua
experiência, tanto na área de pesquisa como no contato com instituições
internacionais, para enriquecer a forma de ensino da Poli e contribuir para a
formação dos politécnicos?
Professora: Os alunos da Poli são muito bem capacitados e dispostos a encarar desafios. Com esta base, o ensino pode ser motivado através de projetos aplicados, o que acelera o aprendizado e a fixação de conhecimentos. Contudo, a fundamentação teórica e os desenvolvimentos clássicos devem ser dominados para que sejam geradas aplicações de qualidade. A minha experiência na área de pesquisa é repassada para os alunos naturalmente pois, conforme eles consideram problemas aplicados, as dúvidas levam a estratégias de resolução clássicas e a estratégias mais avançadas que conheço devido à pesquisa que desenvolvo. Quanto à minha experiência internacional, ela está intrinsecamente relacionada ao trabalho de pesquisa na fronteira do conhecimento e é transmitida aos alunos quando estes são colocados em contato com temas de pesquisa atuais.
Entrevistado: A senhora possui uma longa carreira e contribuições na pesquisa científica, quais considera suas principais contribuições para a sociedade brasileira e para comunidade científica? Como professora titular da Poli, qual sua visão e planos para as atividades de pesquisa?
Professora: A relevância das minhas contribuições científicas na linha de desenvolvimento de métodos de otimização exatos e heurísticos para a resolução de problemas de programação de atividades (scheduling) pode ser aferida pelas citações que os trabalhos publicados recebem (veja por exemplo
https://scholar.google.com.br/citations?user=PYRW_-4AAAAJ&hl=en). Quanto à
contribuição para a sociedade, embora tenha tido diversas oportunidades de aplicar as técnicas estudadas e desenvolvidas por nosso grupo em empresas relevantes, acredito que minha maior contribuição seja participar de forma continuada na formação e capacitação de centenas de jovens engenheiros e engenheiras.
Entrevistador: A Poli possui várias atividades e grupos de extensão, como atua neste pilar da USP? Como você vê a contribuição direta da Poli com a sociedade?
Professora: Atualmente participo da coordenação de cursos de especialização com ênfase em Qualidade e Produtividade. Estes cursos oferecem uma ligação direta entre os conhecimentos trabalhados na Escola Politécnica e os profissionais que atuam no mercado. A capacitação destes profissionais é relevante para a sociedade como um todo. E é uma via de mão dupla; casos muito interessantes provenientes das empresas onde estes estudantes atuam surgem durante o curso. Além disso, desempenho atividades relacionadas com as minhas atividades de pesquisa, como assessoria para agências de fomento brasileiras e estrangeiras, emissão de pareceres para periódicos de circulação internacional, assim como participação na organização de conferências. Estas atividades aumentam a visibilidade da Universidade e contribuem para sua internacionalização. Uma atividade significativa na qual participo regularmente, no âmbito do projeto CEPID/CeMEAI – Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, é o “Workshop de Soluções Matemáticas para Problemas Industriais”. Durante uma semana, alunos de graduação e pós-graduação, com a supervisão de professores, resolvem ou começam a resolver problemas apresentados por diferentes empresas. O objetivo do Workshop é fomentar a interação universidade-indústria.
Entrevistador: Como a senhora enxerga a “Universidade do Fulturo”? E como pretende contribuir para a Poli se tornar a Universidade que descreveu?
Professora: Creio que a universidade do presente e do futuro deve ensinar aos estudantes a aprender e a adaptar-se a novas situações, ambientes e recursos. Não acredito que
os temas teóricos clássicos percam a sua relevância, mas que a forma de assimilá-los evolua. A utilização da tecnologia deve se intensificar e trazer ganhos para a formação dos alunos(as). O emprego de recursos/métodos avançados para a resolução de problemas também deve ser reforçada. Os professores deverão continuar fornecendo os conhecimentos básicos e fundamentais para a compreensão destes recursos. Espero contribuir para a construção desta Universidade do Futuro trazendo problemas desafiantes que motivem o estudo e a aplicação de métodos avançados de otimização, que é a minha área de especialização.
Entrevistador: Gostaria de acrescentar algo que não pontuamos na entrevista?
Professora: Gostaria de destacar a satisfação (e honra) de integrar o grupo de titulares do Departamento de Engenharia de Produção, em especial junto com duas outras professoras. É interessante que os nossos futuros engenheiros e engenheiras convivam com a diversidade de gênero em todos os estágios da carreira docente. Na mesma linha, fico feliz ao ver os esforços que têm sido feitos na Universidade para promover um ambiente inclusivo e diverso no alunato. Acredito que estas iniciativas devam ser incentivadas para que em breve possamos, na Universidade e na sociedade, começar a colher os frutos.
Localização
Acesso Rápido
Formando Engenheiros e Líderes
© 2024 Escola Politécnica da USP