FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Poli-USP comemora 50 anos do primeiro computador brasileiro

Desenvolvido com recursos próprios da Escola Politécnica, o “Patinho Feio” serviu de base para o nascimento e o crescimento da indústria de informática no Brasil

Em julho de 1972, estudantes e professores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) concluíam um projeto tão inédito quanto ousado: a construção do primeiro computador idealizado, projetado e construído no Brasil.

Para comemorar o 50º aniversário do “Patinho Feio”, como foi batizado o computador, a Poli-USP e a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) farão uma homenagem a seus construtores em evento nesta quinta-feira, 22. Ocorrerá das 9h às 11h30, no auditório do prédio da Administração da Poli, na Cidade Universitária (Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa do Politécnico nº 380), com entrada gratuita. Inscreva-se no link.

Na oportunidade, professores da Poli e engenheiros que atuaram na construção do Patinho Feio contarão como o computador pioneiro serviu para incrementar o ensino, a pesquisa e o nascimento da indústria de informática no Brasil. Eles serão também homenageados pelo reitor da USP, professor Carlos Carlotti Júnior, e por diretores da Poli e da FDTE.

O evento na Poli será o primeiro dentre outros que virão para comemorar os 50 anos do Patinho. Por iniciativa da FDTE, haverá exposições públicas até julho de 2023. Entre 8 de outubro e 6 de novembro o computador estará na unidade do Sesc da Vila Mariana, na capital paulista. Em novembro, será levado para o Espaço USP Integração & Memória, localizado no prédio da Reitoria da Universidade. No primeiro semestre do ano que vem o Patinho poderá receber visitas programadas de estudantes do ensino fundamental e médio.

“Temos dois grandes objetivos ao mostrarmos o Patinho Feio publicamente”, informa o diretor de Operações da FDTE, José Roberto Castilho Piqueira. “Um, é mostrar principalmente a crianças e adolescentes que o computador não nasceu laptop, tablet ou no celular, mas sim que houve um avanço tecnológico enorme nos últimos sessenta, cinquenta anos”.

O segundo, ele explica, “é mostrar para a sociedade e para os poderes públicos que os investimentos feitos na universidade pública dão retorno para o país”. Piqueira ressalta que “o Patinho Feio foi feito com verbas orçamentárias da Escola Politécnica e ajudou a formar e desenvolver a indústria de computadores no Brasil, com a criação de centenas de empresas e milhares de empregos qualificados, além de gerar bilhões de dólares para nossa economia”.

Pioneirismo – O Patinho foi feito do zero. Ele é composto por uma caixa de cerca de um metro de comprimento, com placas de circuitos feitas de plástico e papelão. Era capaz de imprimir comandos e registrar códigos com uma memória de 4kb, capacidade quase um milhão de vezes menor que a de um celular atual. 

“Na época só era possível produzir um computador de pequeno porte. Mesmo assim, o Patinho era maior do que os computadores utilizados a bordo pela NASA nas expedições da Apollo 11 à Lua”, destaca Lucas Moscato, desenvolvedor do projeto e docente aposentado da POLI-USP.

Não havia telas. Os códigos eram digitados em um teletipo e emitidos em fitas de papel perfuradas com marcações na linguagem binária (0 e 1).  Registrado no papel após ser processado pelo computador, o código poderia ser lido diversas vezes pelo teletipo para imprimir o desenho ou o texto que o usuário desejasse. 

A inauguração da máquina, no dia 24 de julho de 1972, teve presenças de peso: o governador de São Paulo à época, Laudo Natel, o ex-reitor da USP, Miguel Reale, e o Bispo Dom Ernesto de Paula. 

Liderado pelo professor Antônio Hélio Guerra Vieira, o Patinho serviu de base para a produção do G-10, o primeiro computador comercial do país, desenvolvido em parceria pela Poli-USP, Marinha do Brasil e PUC-RJ (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro). 

Sobre a FDTE – A Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia busca facilitar o desenvolvimento de projetos que unem a academia a órgãos públicos e empresas públicas e privadas. 

Criada por docentes e pesquisadores da Poli-USP com o objetivo de administrar a construção do G-10, foi a primeira fundação instituída pela Universidade de São Paulo, em dezembro de 1972.

Desde então, já desenvolveu mais de mil projetos de ciência e engenharia com órgãos públicos, institutos e faculdades da própria USP, Marinha do Brasil e empresas de grande porte, a exemplo da Vale, Petrobrás, Furnas, AES Eletropaulo, Grupo CCR. Entre as inovações tecnológicas produzidas nessas parcerias encontram-se, por exemplo, os sistemas de controle e segurança de linhas de metrô e trem de São Paulo e de metrô do Rio de Janeiro.

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