FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Professor da Poli é condecorado pelo governo japonês por estreitar relações entre Japão e Brasil

Conheça a trajetória de professor da Poli que foi pioneiro no estabelecimento de convênios acadêmicos entre universidades dos dois países, formando professores e alunos, além de promover o intercâmbio de tecnologias de ponta do país oriental

O professor sênior da Escola Politécnica (Poli) da USP, Toshi-ichi Tachibana, recebeu o Grau de Condecoração da Ordem do Sol Nascente, Raios de Ouro com Roseta, no dia 25 de abril de 2023. A Ordem do Sol Nascente é uma condecoração japonesa estabelecida em 1875 pelo Imperador Meiji. É entregue em nome do Imperador a civis e militares, japoneses e estrangeiros, que prestaram “longos e meritórios serviços ao país”, explica o professor da Poli e ex-aluno e orientando de Tachibana, Alexandre Kawano. Tachibana, docente aposentado do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Poli, liderou parcerias com universidades japonesas que viabilizaram o intercâmbio de pós-graduação de diversos pesquisadores brasileiros, muitos deles que atuam hoje como docentes. Além disso, impulsionou a relação entre os países, o que trouxe desenvolvimento social e econômico para o Brasil. 

“Parti com a cara e a coragem, enfrentando todos os tipos de problemas, em um país de costumes e tradições bastantes diversos do Brasil’’

– Tachibana, Toshi-ichi

Tendo se formado em Engenharia Naval e Oceânica pela Poli e já trabalhando no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) da USP, Tachibana decidiu fazer seu mestrado, em 1974, na Yokohama National University (YNU). Sem bolsa acadêmica, investiu seus recursos em uma pós-graduação no país do outro lado do mundo, com o objetivo de promover o intercâmbio de conhecimentos entre a engenharia naval brasileira e a japonesa. Com isso, ele fomentou também o intercâmbio de outros pesquisadores, em seguida. “Parti com a cara e a coragem, enfrentando todos os tipos de problemas, em um país de costumes e tradições bastantes diversos do Brasil’’

Como pesquisador, percebeu que a engenharia naval brasileira se baseava, principalmente, no conhecimento desenvolvido nos Estados Unidos, e entendeu que o Japão poderia ser uma nova e importante opção, com avançadas tecnologias, que trariam importantes  contribuições. ‘’Precisava ter influência de outros países, para ter o melhor de cada cultura”. 

Quando retornou ao Brasil após seu mestrado, iniciou as tramitações em conjunto com a diretoria da Poli e da reitoria da Universidade para o estabelecimento de uma parceria bem sucedida que perdura até hoje. “Uma das grandes contribuições deixadas à sociedade acadêmica brasileira pelo Governo japonês é o fato de termos cerca de 10 a 15 alunos que se doutoraram em universidades japonesas’’, conta. 

No mesmo ano de seu retorno, prestou concurso para docente na Escola Politécnica, onde atuou até sua aposentadoria, instituição em que dois de seus três filhos também se formaram.  

Durante seu tempo de contribuição no IPT, atuou no desenvolvimento da navegação na Amazônia – como na concepção de lanchas escolares para aumentar a segurança de crianças que eram transportadas em canoas – e no sistema de Rio Tietê-Paraná. Tachibana relata que, no início da navegação do Rio Araguaia-Tocantins, chegou a ser preso com membros de sua equipe, “porque  os moradores diziam que as barcaças e outras embarcações atropelavam e matavam os peixes. Este é um fato curioso e engraçado”, relembra.

No Instituto, atuou no desenvolvimento do Laboratório de Hidrodinâmica. “Tendo como equipamento principal o tanque  de provas, foi desenvolvida a instrumentação para que pudéssemos analisar os dados dos ensaios  diretamente pelo computador, assim facilitando-se o manejo dos dados, mais preciso e rápido. Esta foi uma das principais influências da academia japonesa”, destaca o docente.

Além disso, junto à Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), o professor participou de diversos projetos para que o Brasil se consolidasse ainda mais como um dos parceiros globais estratégicos do Japão. Tachibana foi um dos fundadores da Associação dos Ex-Bolsistas da JICA (ABJICA) de São Paulo, sociedade civil, sem fins lucrativos, políticos ou religiosos, e foi também presidente da Organização por mais de 10 anos. 

 

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