FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

Resultados também confirmam que as atividades de pesquisa foram prejudicadas. Focada em professores e pesquisadores que atuam na área de alimentos, a pesquisa é uma pequena amostra do que pode estar ocorrendo, no geral, com o ensino e a pesquisa em meio à pandemia da COVID-19.

O Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC), que conta com pesquisadores da Escola Politécnica (Poli) da USP, em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade Estadual do Ceará (UECE), acaba de divulgar uma pesquisa realizada seis meses após o início da pandemia – em setembro e outubro de 2020 – cujos resultados mostram como pesquisadores e docentes do ensino superior, médio e técnico/profissionalizante, que atuam na área de alimentos, lidaram com suas atividades de trabalho no distanciamento físico. Para a maioria dos entrevistados, as atividades a distância resultaram em um aumento do volume e sobrecarga de trabalho (60,4%), e boa parte relatou falta de tempo para se dedicar ao aprendizado e aplicação de novos métodos de ensino e/ou pesquisa (41,0%), além de falta de estrutura adequada (31,9%).

A pesquisa foi feita com 402 participantes de todos os estados brasileiros, por meio de um questionário online. A maioria dos entrevistados era de instituições públicas, da região Sudeste, do sexo feminino, entre 26 e 40 anos, com formação acadêmica em Engenharia de Alimentos, Nutrição, Ciência e Tecnologia de Alimentos, Medicina Veterinária, Biologia entre outras. Doutorado, mestrado ou pós-doutorado predominaram na formação acadêmica.

Dos entrevistados, 87,6% coordenavam ou participavam de projetos de pesquisa e 44,6% também se dedicavam ao ensino, sendo que uma parte expressiva (40,8%) lecionava de 6 a 10 horas semanais, além de despender o mesmo tempo planejando atividades de docência. Isso sem contar as demais atividades de pesquisa, extensão e/ou administração. Embora a maioria dos docentes tenha participado de cursos e atividades para lidar com essa nova forma de ensino (61,7%), o treinamento para domínio das plataformas online deixou a desejar: 34,3% disseram que receberam, mas não em tempo hábil; e 27,9% disseram não ter tido qualquer treinamento.

Qualidade satisfatória – Quando perguntados como avaliavam a qualidade do ensino a distância, 49,0% consideraram satisfatório e 32,7% muito satisfatório. Patamar similar foi registrado nas respostas da questão sobre a qualidade do aprendizado dos alunos: satisfatório (44,9%) e muito satisfatório (24,1%). “Esses resultados refletem os esforços que os docentes vêm fazendo para manter a qualidade do ensino na forma remota, mesmo diante das dificuldades”, avalia a nutricionista Jéssica de Aragão Freire Ferreira Finger. “Apesar de a maioria considerar satisfatório, tanto o ensino e como a aprendizagem, foi apontada a necessidade de melhoria no trabalho a distância”, acrescenta a cientista de alimentos Emília Maria França Lima, chamando a atenção para as estratégias de ensino e avaliação que continuam similares às do ensino presencial: aulas ao vivo e transmitidas online (79,2%) e questionários, exercícios e trabalhos online (68,6%).

Ambas, Finger e Lima, são doutorandas na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e realizaram essa pesquisa sob a orientação do professor Uelinton Manoel Pinto (FCF-USP/FoRC), com a colaboração da professora Mariza Landgraf (FCF-USP/FoRC) e dos professores Jorge Herman Behrens (Unicamp) e Jones Baroni Ferreira de Menezes (UECE).

Prejuízo na pesquisa – À época da pesquisa, dos 87,6% que coordenavam ou participavam de projetos de pesquisa, 50,6% relataram que tiveram suas atividades paralisadas de 4 a mais de 6 meses. Os demais (49,4%) afirmaram que ficaram parados por um, dois ou três meses – entre esses, uma minoria disse que a pergunta não se aplicava ao caso.

Sobre a situação da pesquisa na pandemia, uma parcela conseguiu adaptar suas atividades para o home office (34,1%). Outros estavam com as atividades paradas e aguardando retorno (21,6%) ou desenvolvendo projetos paralelos (17,9%). Em menor porcentagem: paralisaram, mas estava retomando (13,1%), mantiveram a pesquisa presencial (6,8%), já pesquisavam a distância antes da pandemia (3,4%), e outros (3,1%).

“No geral, tanto para o ensino quanto para a pesquisa, a maioria – 60% – teme ser prejudicada pela queda da produtividade por causa da sobrecarga de trabalho, falta de tempo para o aprimoramento e de estrutura inadequada. Isso mostra a necessidade de as instituições darem mais atenção ao problema, visto que o trabalho a distância deverá se manter por muito tempo ainda”, conclui Finger.

As pesquisadoras reconhecem a participação e empenho dos docentes e pesquisadores na adaptação do ensino e pesquisa durante a pandemia, primando pela qualidade educacional.

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