FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira, 2 de agosto, a Medida Provisória 1.112/2022, mais conhecida no meio científico como “MP da Sucata”, que redireciona recursos legalmente destinados à ciência para o financiamento do desmanche de caminhões velhos. O propósito da Medida Provisória, em suma, é promover a renovação da frota de veículos pesados do Brasil, substituindo caminhões velhos por veículos mais novos, mais eficientes, mais seguros e menos poluentes. Para isso, cria o Programa Renovar, que propõe usar o mercado de sucata como um mecanismo de incentivo econômico à renovação. 

A ideia de renovação da frota é boa e pode trazer benefícios significativos, tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico e de segurança nas estradas — se for bem planejada e bem executada —, diz o professor Edmilson Moutinho dos Santos, do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP. O problema maior da MP, diz ele, está na forma de financiamento: “Um programa como esse jamais deveria ser financiado com recursos que, originalmente, se destinam à pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação. Essa solução é totalmente contraditória”, pontua Santos, que é coordenador do Programa de Formação de Recursos Humanos em Petróleo e Gás Natural do IEE-USP e do programa de Advocacy do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI), sediado na Escola Politécnica (Poli) da USP.

“O problema de cortar verbas de ciência e tecnologia em um momento é que o impacto negativo perdura por muitos anos. A curva de retomada é sempre longa, uma vez que se desmobilizam equipes e se quebra a continuidade dos laboratórios”, avalia o professor da Poli e 

diretor de Inovação do RCGI, Gustavo Assi. “A produção de conhecimento científico não é como uma lâmpada que se liga e desliga para ter iluminação instantânea. Quando se apagam as luzes de uma linha de pesquisa, anos se passarão no escuro até que ela se estruture novamente. Neste momento perdemos protagonismo e ficamos para trás. Como consequência, passamos a importar tecnologia que poderíamos ter produzido nacionalmente.”

Leia a matéria do Jornal da USP na íntegra.

 

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