FORMANDO ENGENHEIROS E LÍDERES

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Carina Ulsen: “Este não é um perfil esperado de 1 cientista”

Conheça a trajetória da professora do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo 

“Talvez eu não seja um perfil “esperado” para cientista. Mas, qual seria o perfil esperado? Não é pouco resumir um cientista em um único estereótipo?”. Natural de São Paulo, “cria de Cotia”, Carina Ulsen, professora do Departamento de Engenharia de Minas e de Petróleo (PMI), tem uma relação forte com a Poli. 

“Acho que nasci com esse DNA. Do desespero de ingressante, passei a sentir uma vontade de superação e de não deixar a Poli me vencer. Depois se transformou em uma linda história de amor”.

Aluna, atleta e pesquisadora

Sua história começa em 2000, quando o vestibular da USP tinha como única forma de ingresso o curso “engenharia”, e apenas no segundo ano da graduação os alunos escolhiam a especialização. “Foi aí que eu tive “sorte” pois me encantei pela engenharia de Minas, algo que eu não tinha ideia que existia. Lembra: anos 2000, não existia smartphone, nem Google (pasmem os jovens!), ou seja, a informação era mais restrita e eu não tinha ideia que esse curso existia. Mas…foi amor à primeira vista”.

Para além do encantamento que sentiu pela infraestrutura do Departamento, Carina se achou em casa, tinha um sentimento de pertencimento, e de lá nunca mais saiu. Da colação de grau, em 2004, prosseguiu para um mestrado e doutorado, pois acreditava em sua pesquisa e seguir na academia foi um processo natural.

É docente do PMI desde 2012. “O que me mantém aqui é a liberdade para criar, pensar, conduzir os projetos que eu seleciono, buscar parcerias com a indústria ou outros acadêmicos, e concretizar uma ideia. Isso me mantém viva e ativa”.

Sua linha de pesquisa é permeada por temáticas ambientais, uma constante preocupação na sua trajetória: “Muitas vezes sinto que não sou desse planeta. Ainda não entendi o ser humano, e para onde estamos conduzindo o meio ambiente”. 

Desde 2002, trabalha junto ao grupo de pesquisa de Caracterização Tecnológica de Matérias-Primas Minerais, e tem tido êxito nas pesquisas com produção de areia reciclada de baixa porosidade a partir do processamento de resíduos da construção civil. 

“Meu objetivo é simples: maximizar a vida útil dos recursos não-renováveis. Como fazer: maximizar a eficiência dos processos, reduzir os impactos ambientais associados, e reciclar resíduos”, é como se apresenta a professora na plataforma Lattes. 

E sua trajetória na Poli não se resume à pesquisa e à sala de aula. Outra grande paixão de Carina é o vôlei. Com a equipe da Poli, ganhou 8 InterUSP (“quem é aluno sabe o que isso significa!”), muitas Copa USP e vários outros campeonatos, além de alguns pela equipe da USP. 

“Competi 17 anos da minha vida, nunca tive reprovação na Poli, o que indica que o esporte não compete com os estudos, mas o complementa se você tira as lições mais importantes. Foco, dedicação, lidar com situações sob pressão, trabalho em equipe…”.

Qual o perfil de um cientista?

“Uma das primeiras figuras que se pensa ao falar em carreira científica é o Einstein, que é aquele cientista maluco, desorganizado,  descabelado, com ideias muito mirabolantes. Esse é o estereótipo que vem na nossa cabeça, você não pensa em uma mulher, atleta, mãe”.  

Na foto acima, Carina está em uma usina de cana, grávida de 8 meses. Ela queria fazer uma amostragem para um trabalho sobre recuperação de palha de cana-de-açúcar e, diante de uma oportunidade de visitação, aceitou. “Se for uma gestação saudável, sem riscos, a gente pode trabalhar quase que normalmente. Claro que às vezes tem um pouco mais de cansaço e devemos tomar alguns cuidados, mas a gestação não é um impeditivo”. 

“Não tem um padrão para traçar a carreira de cientista, você não precisa ser uma pessoa ‘fora do normal’, porque o conhecimento é algo que é construído e tem vários níveis de ciência. Tem a ciência que o Einstein fez que foi totalmente disruptiva e tem a ciência que vamos fazendo com conhecimento incremental. O que devemos ter como denominador comum em ser cientista é a vontade de fazer algo diferente, de aprimorar o conhecimento, de buscar novas fronteiras”.  

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